Nota muito prévia: Esta session report foi escrita, para além do amor normal destas ocasiões, com uma grande dose de ironia. Apesar da utilização desse estilo ser, por si só, motivo de grande orgulho para o seu autor, ele refere-se especialmente e exclusivamente a 3 visados que, por várias razões, podem ser bastante queridos para muitos dos que têm o prazer de ler este blogue. Assim, se ama incondicionalmente os jogos Race for the Galaxy, Reef Encounter e tem uma admiração pelo Sporting Clube de Portugal e é facilmente susceptível, aconselho vivamente a que não passe os seus olhos e a sua atenção para nada do que vier a seguir.
O que eu quero evitar, a todo o custo, são mais chatices. Em todo o caso, se vinha com boas intenções e devido a este aviso ficou de pé atrás, clique num dos links do lado onde, certamente, se sentirá compensado pelo incómodo causado.
A todos os outros, depois não digam que não os avisei.
Mais um dia, mais um jogo.
Desta vez o entusiasmo dos meus comparsas era sentido duma forma muito peculiar. Tinham experimentado recentemente o Reef Encounter que se revelou uma bela surpresa sobre vários aspectos e andavam doidos por o jogar uma segunda vez:
- É muito bom – diziam enquanto comiam mais um naco da entremeada de leitão servida em doses bastante generosas no Benfiquista, restaurante de tradição mediana e que deve o nome à feliz filiação clubística do dono.
Não contentes com a confiança e ainda imbuídos dum espírito de alegria em sequência dos golos do Fátima que iam entrando na baliza do grande rival do clube dos seus corações, avançaram mesmo para planificação daquela que seria considerada, por muitos, como a noite mais que perfeita no que toca a jogos. Uma sessão de Race for the Galaxy para aquecer os motores e logo de seguida uma de Reef Encounter.
A convicção do sucesso da noite foi tanta que até houve lugar a brinde, coisa rara nos momentos de repasto, mas que, devido à imperial oferecida pelo dono do Restaurante, pouco mais havia a fazer.
- Ao Fátima e aos jogos!
- Ao Fátima e aos jogos!
A explicação do Race for the Galaxy foi complicada de perceber. Mas a coisa começou logo mal. Afinal a primeira frase da explicação foi uma já bastante conhecida e que me começa a enervar bastante a alma de jogador:
- Existem vários roles. Cada vez que um jogador joga uma carta de role, todos podem e devem fazer a correspondente acção.
Mas, se as regras, que tirando a 1ª frase, foram difíceis de perceber, pô-las em prática foi ainda pior. Qualquer carta que eu punha na mesa, com aquele tão característico entusiasmo dum novato num misto de infantilidade e descoberta, era logo abafada pelas vozes mais experientes a transbordar austeridade e punição:
- Não podes!
E se, após alguns momentos de profunda reflexão, colocasse outra:
- Não podes!
Por isso, o desespero foi grande mas, com algum esforço, lá consegui jogar uma carta válida, embora não estivesse certo para o que servia. Os meus adversários, como seria de esperar, tratavam já o jogo por tu e as cartas saiam-lhes das mãos com bastante ligeireza, fazendo-me lembrar a agilidade dos croupiers dum qualquer casino do mundo.
Mediante a desvantagem no marcador, que com o passar das rondas era mais vincada e humilhante para a minha pessoa, lembrei-me de fazer uma pergunta bastante pertinente e reveladora daquilo que espero quando me sento à mesa. Quais eram, afinal de contas, as formas de poder atacar directamente um adversário. Tinha lido que há uma estratégia militar que pode ser usada…
- Não podes!
Bem, revelado todo o entusiasmo que uma partida de Race for the Galaxy pode ter, pelo menos no que concerne à parte militar, concentrei-me numa forma de ganhar alguns pontos. Fiz a acção correspondente e a coisa não correu como eu esperava:
- Ora bem deixa lá ver, esta parte é um bocado difícil de perceber numa primeira fase, por isso toma atenção para perceberes todo o processo. Tens aqui esta carta amarelinha que te dá um ponto e esta azulinha que te dá outro. Eu tenho esta vermelhinha que em conjugação com esta amarelinha me dá 3 pontos. Tas a ver? Agora pego nesta verdinha e ganho mais 1 ponto e nesta azulinha e ganho mais 3 pontos. Percebeste?
O mistério adensava-se e comecei a desejar o fim daquele suplício. Entretanto fui olhando com muito agradado para a arte das cartas que estava verdadeiramente brilhante. Bem bonitas as cartas. No meio daquilo tudo alguém escolheu a produção. Tal como previa a coisa não foi favorável para o meu lado:
- Ora bem, tu tens um planeta amarelo, ganhas uma cartinha amarela. Recebes mais uma azul por causa desta cartinha aqui. Tas a ver? Eu recebo duas amarelas, três azuis, uma verde…
Terminado o jogo e feitas as contas, o resultado não foi coisa que me pudesse orgulhar. No entanto, na conversa pós sessão, não pude evitar de ouvir alguns comentários bem interessantes e, porque não dizê-lo com toda a sinceridade, estranhos:
- É espectacular o jogo. Cada vez que jogo gosto mais dele. É mesmo brilhante!
Próximo jogo, Reef Encounter.
Devo confessar que tinha tido uma jornada de trabalho um pouco cansativa. Muita coisa a fazer, e parecendo que não, nos dias de maior movimento, uma pessoa acaba por ficar mais fatigada do que em dias de menor exercício laboral. A verdade é que o jogo Race for the Galaxy não ajudou a arrebitar e portanto estava numa posição debilitada. A explicação das regras correu bem, mas percebi logo o que me esperava.
O jogo começou e desde logo instalou-se um silêncio desconfortável. Ninguém falava e estavam todos absortos nas tiles que lhe caíram em sorte. Comecei a ouvir o tic tac do relógio de parede e aquele som deu-me para adormecer. Comecei a sonhar com mulheres nuas a snifar coca e a beber champagne. Despi-me também de preconceitos e snifei com elas. Tinha acabado de vender 3 quadros num leilão de arte moderna e o tempo era de comemoração. Agarrei-me a uma delas e senti-lhe os seios ainda a desabrochar, mas rijos…
- Joga pá!
Despertei do idílio e pensei no jogo. Joguei quatro tiles amarelinhas e depois coloquei o camarão em cima delas. Saquei 3 tiles vermelhinhas e uma azulinha.
Quando passei, o jogador seguinte demorou algum tempo a fazer a sua jogada. Tudo em silêncio, nem um pio se ouvia a não ser a o som da urina da vizinha de cima que tinha ido à casa de banho. Esse som fez-me adormecer novamente e vi-me na pele dum príncipe renascentista a percorrer a cavalo as bonitas cidades italianas, comprando influência aqui e ali. À minha frente todos os homens abriam, com respeito, passagem e todas as mulheres olhavam-me encantadas e com desejo. Não havia na renascença homem mais corajoso que eu e de família mais prestigiada…
- Joga pá!
Ainda atordoado fiz a minha jogada. Mudei uma tile amarelinha para uma verdinha, depois comi uma tile azulinha com as minhas tiles amarelinhas. Joguei 4 tiles laranjinhas e saquei do meio 2 azulinhas e outras duas vermelhinhas.
Fechei novamente os olhos á procura de melhores momentos. Estava frio e senti os dentes a bater. Estava no Lancashire com a minha amada Camila e planeávamos, juntos, construir a maior rede de linhas-férreas de Inglaterra. Chegaríamos a todas as cidades e poderíamos contribuir para o desenvolvimento do país, ganhar muito dinheiro…
-Joga pá!
Lá joguei umas cores quaisquer, tanto fazia, e coloquei um camarão em cima. Afinal, e segundo o que me foi explicado desde o início, o camarão e a sua colocação era de especial importância para a estratégia. Com tudo isto já se tinha passado uma hora e a namorada do dono da casa apareceu vinda das brumas:
- Vocês estão todos bem? Não os oiço há que tempos. Estão tão sossegados…
Mas o sono voltou e sonhei com Lisboa a ser atacada por criaturas mitológicas e que eu fugia delas a todo o custo. Safava-me à morte de forma ágil e ao meu redor sentia a morte dos lisboetas e o cheiro a sangue. Centauros, Fénix, Titans, Krakens atacavam sem piedade, mas eu conseguia-me safar energeticamente de todos os perigos que encontrava pela frente…
-Joga pá! Estás para aí a dormir e depois dizes que os jogos não prestam.
No caminho até casa o Rádio dava então a notícia que eu não esperava. O Sporting, por obra do destino, deu a volta ao marcador e ganhou o jogo ao Fátima. Paulo Bento falava da atitude e do espírito de sacrifício. Cheguei a casa ainda ensonado e quando me deitei a mulher perguntou interessada:
- Divertiste-te?
O que eu quero evitar, a todo o custo, são mais chatices. Em todo o caso, se vinha com boas intenções e devido a este aviso ficou de pé atrás, clique num dos links do lado onde, certamente, se sentirá compensado pelo incómodo causado.
A todos os outros, depois não digam que não os avisei.
Mais um dia, mais um jogo.
Desta vez o entusiasmo dos meus comparsas era sentido duma forma muito peculiar. Tinham experimentado recentemente o Reef Encounter que se revelou uma bela surpresa sobre vários aspectos e andavam doidos por o jogar uma segunda vez:
- É muito bom – diziam enquanto comiam mais um naco da entremeada de leitão servida em doses bastante generosas no Benfiquista, restaurante de tradição mediana e que deve o nome à feliz filiação clubística do dono.
Não contentes com a confiança e ainda imbuídos dum espírito de alegria em sequência dos golos do Fátima que iam entrando na baliza do grande rival do clube dos seus corações, avançaram mesmo para planificação daquela que seria considerada, por muitos, como a noite mais que perfeita no que toca a jogos. Uma sessão de Race for the Galaxy para aquecer os motores e logo de seguida uma de Reef Encounter.
A convicção do sucesso da noite foi tanta que até houve lugar a brinde, coisa rara nos momentos de repasto, mas que, devido à imperial oferecida pelo dono do Restaurante, pouco mais havia a fazer.
- Ao Fátima e aos jogos!
- Ao Fátima e aos jogos!
A explicação do Race for the Galaxy foi complicada de perceber. Mas a coisa começou logo mal. Afinal a primeira frase da explicação foi uma já bastante conhecida e que me começa a enervar bastante a alma de jogador:
- Existem vários roles. Cada vez que um jogador joga uma carta de role, todos podem e devem fazer a correspondente acção.
Mas, se as regras, que tirando a 1ª frase, foram difíceis de perceber, pô-las em prática foi ainda pior. Qualquer carta que eu punha na mesa, com aquele tão característico entusiasmo dum novato num misto de infantilidade e descoberta, era logo abafada pelas vozes mais experientes a transbordar austeridade e punição:
- Não podes!
E se, após alguns momentos de profunda reflexão, colocasse outra:
- Não podes!
Por isso, o desespero foi grande mas, com algum esforço, lá consegui jogar uma carta válida, embora não estivesse certo para o que servia. Os meus adversários, como seria de esperar, tratavam já o jogo por tu e as cartas saiam-lhes das mãos com bastante ligeireza, fazendo-me lembrar a agilidade dos croupiers dum qualquer casino do mundo.
Mediante a desvantagem no marcador, que com o passar das rondas era mais vincada e humilhante para a minha pessoa, lembrei-me de fazer uma pergunta bastante pertinente e reveladora daquilo que espero quando me sento à mesa. Quais eram, afinal de contas, as formas de poder atacar directamente um adversário. Tinha lido que há uma estratégia militar que pode ser usada…
- Não podes!
Bem, revelado todo o entusiasmo que uma partida de Race for the Galaxy pode ter, pelo menos no que concerne à parte militar, concentrei-me numa forma de ganhar alguns pontos. Fiz a acção correspondente e a coisa não correu como eu esperava:
- Ora bem deixa lá ver, esta parte é um bocado difícil de perceber numa primeira fase, por isso toma atenção para perceberes todo o processo. Tens aqui esta carta amarelinha que te dá um ponto e esta azulinha que te dá outro. Eu tenho esta vermelhinha que em conjugação com esta amarelinha me dá 3 pontos. Tas a ver? Agora pego nesta verdinha e ganho mais 1 ponto e nesta azulinha e ganho mais 3 pontos. Percebeste?
O mistério adensava-se e comecei a desejar o fim daquele suplício. Entretanto fui olhando com muito agradado para a arte das cartas que estava verdadeiramente brilhante. Bem bonitas as cartas. No meio daquilo tudo alguém escolheu a produção. Tal como previa a coisa não foi favorável para o meu lado:
- Ora bem, tu tens um planeta amarelo, ganhas uma cartinha amarela. Recebes mais uma azul por causa desta cartinha aqui. Tas a ver? Eu recebo duas amarelas, três azuis, uma verde…
Terminado o jogo e feitas as contas, o resultado não foi coisa que me pudesse orgulhar. No entanto, na conversa pós sessão, não pude evitar de ouvir alguns comentários bem interessantes e, porque não dizê-lo com toda a sinceridade, estranhos:
- É espectacular o jogo. Cada vez que jogo gosto mais dele. É mesmo brilhante!
Próximo jogo, Reef Encounter.
Devo confessar que tinha tido uma jornada de trabalho um pouco cansativa. Muita coisa a fazer, e parecendo que não, nos dias de maior movimento, uma pessoa acaba por ficar mais fatigada do que em dias de menor exercício laboral. A verdade é que o jogo Race for the Galaxy não ajudou a arrebitar e portanto estava numa posição debilitada. A explicação das regras correu bem, mas percebi logo o que me esperava.
O jogo começou e desde logo instalou-se um silêncio desconfortável. Ninguém falava e estavam todos absortos nas tiles que lhe caíram em sorte. Comecei a ouvir o tic tac do relógio de parede e aquele som deu-me para adormecer. Comecei a sonhar com mulheres nuas a snifar coca e a beber champagne. Despi-me também de preconceitos e snifei com elas. Tinha acabado de vender 3 quadros num leilão de arte moderna e o tempo era de comemoração. Agarrei-me a uma delas e senti-lhe os seios ainda a desabrochar, mas rijos…
- Joga pá!
Despertei do idílio e pensei no jogo. Joguei quatro tiles amarelinhas e depois coloquei o camarão em cima delas. Saquei 3 tiles vermelhinhas e uma azulinha.
Quando passei, o jogador seguinte demorou algum tempo a fazer a sua jogada. Tudo em silêncio, nem um pio se ouvia a não ser a o som da urina da vizinha de cima que tinha ido à casa de banho. Esse som fez-me adormecer novamente e vi-me na pele dum príncipe renascentista a percorrer a cavalo as bonitas cidades italianas, comprando influência aqui e ali. À minha frente todos os homens abriam, com respeito, passagem e todas as mulheres olhavam-me encantadas e com desejo. Não havia na renascença homem mais corajoso que eu e de família mais prestigiada…
- Joga pá!
Ainda atordoado fiz a minha jogada. Mudei uma tile amarelinha para uma verdinha, depois comi uma tile azulinha com as minhas tiles amarelinhas. Joguei 4 tiles laranjinhas e saquei do meio 2 azulinhas e outras duas vermelhinhas.
Fechei novamente os olhos á procura de melhores momentos. Estava frio e senti os dentes a bater. Estava no Lancashire com a minha amada Camila e planeávamos, juntos, construir a maior rede de linhas-férreas de Inglaterra. Chegaríamos a todas as cidades e poderíamos contribuir para o desenvolvimento do país, ganhar muito dinheiro…
-Joga pá!
Lá joguei umas cores quaisquer, tanto fazia, e coloquei um camarão em cima. Afinal, e segundo o que me foi explicado desde o início, o camarão e a sua colocação era de especial importância para a estratégia. Com tudo isto já se tinha passado uma hora e a namorada do dono da casa apareceu vinda das brumas:
- Vocês estão todos bem? Não os oiço há que tempos. Estão tão sossegados…
Mas o sono voltou e sonhei com Lisboa a ser atacada por criaturas mitológicas e que eu fugia delas a todo o custo. Safava-me à morte de forma ágil e ao meu redor sentia a morte dos lisboetas e o cheiro a sangue. Centauros, Fénix, Titans, Krakens atacavam sem piedade, mas eu conseguia-me safar energeticamente de todos os perigos que encontrava pela frente…
-Joga pá! Estás para aí a dormir e depois dizes que os jogos não prestam.
No caminho até casa o Rádio dava então a notícia que eu não esperava. O Sporting, por obra do destino, deu a volta ao marcador e ganhou o jogo ao Fátima. Paulo Bento falava da atitude e do espírito de sacrifício. Cheguei a casa ainda ensonado e quando me deitei a mulher perguntou interessada:
- Divertiste-te?