Desde que assumi a minha condição de geek - daqueles de cave escura, óculos com lentes de vidro de garrafa, caneta no bolso da camisa e terror absoluto de contacto com o sexo oposto - e passei a registar religiosamente os jogos que vou fazendo no boardgamegeek, utilizando o mecanismo disponibilizado para o efeito por outros geeks da minha igualha, que sonho com o dia em que vou colocar aqui um post a falar dos jogos que joguei no último mês, ou na última semana. Ultimamente, fruto de alguns acasos do destino que puseram alguns gamers mais entusiastas no meu caminho e da paciência quase infinita da minha cara-metade que não se importa de aturar 4 ou 5 macacos lá em casa a fazer barulho, uma vez por semana pelo menos, tenho tido oportunidade de jogar mais do que o habitual. Estou assim em condições de aqui colocar o tão ambicionado post "Últimos 30 dias". E aqui vai ele!
6x
Houve 2 jogos que foram jogados seis vezes, nos últimos 30 dias: StreetSoccer e Phoenicia. O StreetSoccer é um jogo brilhante para 2 jogadores de Corné Von Moorsel, o génio do mal por trás do nome Cwali! Cada jogador controla uma equipa de futebol de rua e cada jogo corresponde a uma partida. As regras são muito simples, mas o jogo é interessantíssimo! O posicionamento é extremamente importante e há momentos mágicos em que parece mesmo que se está a jogar futebol a sério, com uma equipa a perder e a encostar a outra à área, a tentar o empate, enquanto o relógio se esgota! Muito bom e um dos melhores jogos para 2 jogadores que para aí anda.
O Phoenicia foi outra surpresa e é um dos melhores jogos de 2007, na minha opinião. É um remake do lendário Outpost, em que o autor procurou retirar tudo o que não é essencial e, nas palavras dele, "todas as falsas decisões"! O resultado é um jogo económico complexo, com recursos extremamente limitados! No Phoenicia todos os tostões são importantes, todas as decisões têm muita implicações e, em consequência, todos os erros são punidos. Para além do mais, joga-se em menos de 1h! Altamente recomendado!
3x
Comprei o StreetSoccer por impulso. Gosto de futebol, gosto de jogos, gosto do Benfica e, por isso, não fui tão exaustivo na análise pré-aquisição, como de costume. A coisa correu tão bem e fiquei tão impressionado, que resolvi avançar para outro jogo do mesmo autor. Underrated? Brainburner? Um dos jogos mais injustiçados do ranking do BGG? De logística? Contem comigo! E foi assim que Logistico chegou às minhas mãos! E a única coisa que posso dizer é que é tudo verdade! Mais uma vez, regras muito simples (1 página e meia, já com exemplos) e um jogo com uma complexidade notável! Se um neurónio puder queimar por excesso de carga, como se fosse um fusível, este é um dos jogos que provocaria um apagão no cérebro! Na primeira vez que se joga, é complicado fazer mais do que tocar de ouvido. Mas, à medida que se vai ganhando experiência, as estratégias vão ficando mais evidentes, o jogo ganha outra dimensão. Este holandês é tramado!
O Mr. Jack é outro excelente jogo para 2 jogadores. Não é um jogo de dedução, como se escreveu para aí. É um jogo de posicionamento, de bluff e de planeamento a 2/3 jogadas. É muito mais fácil jogar com o polícia do que com o Jack, não por o jogo ser desequilibrado, mas porque um erro enquanto Jack pode deitar tudo a perder, enquanto com o polícia há mais margem para errar. Os jogos são muito rápidos (entre 10 e 30 minutos) e recomendo que se joguem sempre 2 jogos de seguida, para que os jogadores alternem como Jack. Também é um jogo que tem uma curva de aprendizagem interessante. No início parece tudo óbvio, mas ao fim de alguns jogos já se percebe que há muita coisa menos óbvia.
2x
Comprei o Alhambra porque a minha mais que tudo gosta mesmo do jogo. É dos poucos que ela pede para jogar. E sabem como é, se ela gosta mesmo do jogo eu gosto ainda mais! Até agora, ela tinha ganho TODOS os jogos de Alhambra que tinha jogado, o que me tinha dado algumas luzes sobre as verdadeiras razões que a levam a apreciar o Alhambra e, ao mesmo tempo, me tinha deixado com a ligeira desconfiança de que, se calhar, havia espaço para melhorias na minha estratégia infalível. Nesta última vez, jogámos em casa de uns amigos e no primeiro jogo ela voltou a ganhar. No segundo concentrei-me, calculei, planeei, adivinhei, chorei, rezei e... ganhei! A minha primeira vitória de sempre e logo frente à campeã mundial! O Alhambra é, de facto, um jogo fora de série! :)
O Elasund teve azar. Jogámos há muito tempo e um dos participantes, que por sinal é uma das presenças mais regulares do nosso grupo e não é lá muito brilhante (sim, Francisco, estou a falar de ti), ficou confundido com o jogo e, como sempre faz quando um jogo o confunde, declarou solenemente que não gostava deste magnífico exemplar da fábrica do Dr. Teuber. Infelizmente o referido senhor agora tem andado com menos disponibilidade para a amizade e tem comparecido menos nos nossos encontros. Foi prontamente substituído por outro gamer, mais sagaz e arguto e, principalmente, menos confundível, que depois de jogar Elasund declarou solenemente que este era um dos seus jogos favoritos. Eu, pessoalmente, gosto muito!
O Glory to Rome foi, para mim, uma das grandes surpresas dos últimos tempos. É um jogo complexo e interessantíssimo, onde é fácil aprender as regras, mas muito difícil jogar bem. É da mesma equipa que jogos como o Puerto Rico, mas a sua maior abertura torna-o mais difícil de dominar. É preciso paciência e dedicação, para aprender a jogar bem Glory to Rome. Ainda bem que sou um gajo paciente e dedicado! A caixa é atroz, numa espécie de acrílico transparente, e vai-se partir mais cedo ou mais tarde. Recomendo vivamente que seja substituída por outra comprada na loja dos chineses, até porque é muito difícil conseguir que o jogo caiba todo dentro da caixa original.
1x
Joguei, finalmente, o Age of Empires e achei engraçado. Não é o grande jogo de 2007, nem é um clássico daqueles mesmo, mesmo clássicos. Mas é interessante e engraçado. Há ideias engraçadas e integra bem vários géneros. Parece-me que há ali alguma talha dourada a mais... se calhar o Tom Lehmann, o gajo que eliminou tudo o que é superfluo e reduziu o Phoenicia àquela deliciosa aridez em que tudo o que lá está é essencial, teria um desafio bastante interessante a limpar este jogo...
O Indonesia jogámos ontem e foi, mais uma vez, uma bomba! É um jogo complexissímo, embora em termos de regras seja mais simples do que o Caylus, ou o Puerto Rico, por exemplo. É daqueles jogos em que se fazem planos perfeitos, que depois são demolidos, sem apelo nem agravo, pelo jogador que joga a seguir. Há imensa interacção entre os jogadores, há leilões tensos, há uma malha complexa de consequências pendurada em cada decisão... é, provavelmente, o melhor jogo económico que já joguei.
O fim dos triunviratos é um valor seguro. Relativamente rápido, com vários caminhos para a vitória e altamente confrontacional é uma escolha de eleição para quando há 3 jogadores que têm a mania que são maus. Tenho de jogar mais vezes!
O Twilight Struggle é um dos meus jogos favoritos e está tudo dito. Há uma review deste jogo neste blog, da autoria de um dos gajos mais bonitos e inteligentes de que há memória. Recomendo vivamente a sua leitura.
O Perikles deixou-me um sabor amargo na boca. Gosto bastante da parte política, gosto da forma como se integra com a parte militar, mas não gosto da forma como são resolvidas as batalhas. Acho que resolver todas as batalhas em série e estar 20 minutos a lançar dados foi das ideias mais estúpidas que qualquer designer já teve. Infelizmente faltou alguém, leia-se, o developer do jogo, um amigo, ou a própria mãe do Wallace, que, logo a seguir a ele explicar a ideia para a resolução das batalhas lhe desse um estalo no meio da tromba e berrasse "20 minutos a lançar dados? Estás parvou ou quê? Isso é das ideias mais estúpidas que qualquer designer já teve!". Ainda lhe vou dar mais uma hipótese, porque a parte política é, de facto, muito interessante, mas este é daqueles jogos que podia ter sido um clássico... e não é!
O Reef Encounter era um desejo antigo. Andei a namorá-lo á distância durante muito tempo, como um adolescente apaixonado, mas demasiado envergonhado para dar o passo decisivo. É que o jogo era caro como o caraças! Felizmente Deus Nosso Senhor criou os saldos ainda antes de ter criado o homem e, numa dessas sagradas ocasiões, lá me declarei. E não me arrependi: este sim, é um clássico! Interessante, complexo, único, temático, mas de uma forma estranha... é um jogo para degustar! Não me vou alongar mais, porque estou a pensar colocar aqui uma review mais detalhada em breve. Mas recomendo vivamente! Nunca os recifes de coral foram tão interessantes!
6x
Houve 2 jogos que foram jogados seis vezes, nos últimos 30 dias: StreetSoccer e Phoenicia. O StreetSoccer é um jogo brilhante para 2 jogadores de Corné Von Moorsel, o génio do mal por trás do nome Cwali! Cada jogador controla uma equipa de futebol de rua e cada jogo corresponde a uma partida. As regras são muito simples, mas o jogo é interessantíssimo! O posicionamento é extremamente importante e há momentos mágicos em que parece mesmo que se está a jogar futebol a sério, com uma equipa a perder e a encostar a outra à área, a tentar o empate, enquanto o relógio se esgota! Muito bom e um dos melhores jogos para 2 jogadores que para aí anda.
O Phoenicia foi outra surpresa e é um dos melhores jogos de 2007, na minha opinião. É um remake do lendário Outpost, em que o autor procurou retirar tudo o que não é essencial e, nas palavras dele, "todas as falsas decisões"! O resultado é um jogo económico complexo, com recursos extremamente limitados! No Phoenicia todos os tostões são importantes, todas as decisões têm muita implicações e, em consequência, todos os erros são punidos. Para além do mais, joga-se em menos de 1h! Altamente recomendado!
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Comprei o StreetSoccer por impulso. Gosto de futebol, gosto de jogos, gosto do Benfica e, por isso, não fui tão exaustivo na análise pré-aquisição, como de costume. A coisa correu tão bem e fiquei tão impressionado, que resolvi avançar para outro jogo do mesmo autor. Underrated? Brainburner? Um dos jogos mais injustiçados do ranking do BGG? De logística? Contem comigo! E foi assim que Logistico chegou às minhas mãos! E a única coisa que posso dizer é que é tudo verdade! Mais uma vez, regras muito simples (1 página e meia, já com exemplos) e um jogo com uma complexidade notável! Se um neurónio puder queimar por excesso de carga, como se fosse um fusível, este é um dos jogos que provocaria um apagão no cérebro! Na primeira vez que se joga, é complicado fazer mais do que tocar de ouvido. Mas, à medida que se vai ganhando experiência, as estratégias vão ficando mais evidentes, o jogo ganha outra dimensão. Este holandês é tramado!
O Mr. Jack é outro excelente jogo para 2 jogadores. Não é um jogo de dedução, como se escreveu para aí. É um jogo de posicionamento, de bluff e de planeamento a 2/3 jogadas. É muito mais fácil jogar com o polícia do que com o Jack, não por o jogo ser desequilibrado, mas porque um erro enquanto Jack pode deitar tudo a perder, enquanto com o polícia há mais margem para errar. Os jogos são muito rápidos (entre 10 e 30 minutos) e recomendo que se joguem sempre 2 jogos de seguida, para que os jogadores alternem como Jack. Também é um jogo que tem uma curva de aprendizagem interessante. No início parece tudo óbvio, mas ao fim de alguns jogos já se percebe que há muita coisa menos óbvia.
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Comprei o Alhambra porque a minha mais que tudo gosta mesmo do jogo. É dos poucos que ela pede para jogar. E sabem como é, se ela gosta mesmo do jogo eu gosto ainda mais! Até agora, ela tinha ganho TODOS os jogos de Alhambra que tinha jogado, o que me tinha dado algumas luzes sobre as verdadeiras razões que a levam a apreciar o Alhambra e, ao mesmo tempo, me tinha deixado com a ligeira desconfiança de que, se calhar, havia espaço para melhorias na minha estratégia infalível. Nesta última vez, jogámos em casa de uns amigos e no primeiro jogo ela voltou a ganhar. No segundo concentrei-me, calculei, planeei, adivinhei, chorei, rezei e... ganhei! A minha primeira vitória de sempre e logo frente à campeã mundial! O Alhambra é, de facto, um jogo fora de série! :)
O Elasund teve azar. Jogámos há muito tempo e um dos participantes, que por sinal é uma das presenças mais regulares do nosso grupo e não é lá muito brilhante (sim, Francisco, estou a falar de ti), ficou confundido com o jogo e, como sempre faz quando um jogo o confunde, declarou solenemente que não gostava deste magnífico exemplar da fábrica do Dr. Teuber. Infelizmente o referido senhor agora tem andado com menos disponibilidade para a amizade e tem comparecido menos nos nossos encontros. Foi prontamente substituído por outro gamer, mais sagaz e arguto e, principalmente, menos confundível, que depois de jogar Elasund declarou solenemente que este era um dos seus jogos favoritos. Eu, pessoalmente, gosto muito!
O Glory to Rome foi, para mim, uma das grandes surpresas dos últimos tempos. É um jogo complexo e interessantíssimo, onde é fácil aprender as regras, mas muito difícil jogar bem. É da mesma equipa que jogos como o Puerto Rico, mas a sua maior abertura torna-o mais difícil de dominar. É preciso paciência e dedicação, para aprender a jogar bem Glory to Rome. Ainda bem que sou um gajo paciente e dedicado! A caixa é atroz, numa espécie de acrílico transparente, e vai-se partir mais cedo ou mais tarde. Recomendo vivamente que seja substituída por outra comprada na loja dos chineses, até porque é muito difícil conseguir que o jogo caiba todo dentro da caixa original.
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Joguei, finalmente, o Age of Empires e achei engraçado. Não é o grande jogo de 2007, nem é um clássico daqueles mesmo, mesmo clássicos. Mas é interessante e engraçado. Há ideias engraçadas e integra bem vários géneros. Parece-me que há ali alguma talha dourada a mais... se calhar o Tom Lehmann, o gajo que eliminou tudo o que é superfluo e reduziu o Phoenicia àquela deliciosa aridez em que tudo o que lá está é essencial, teria um desafio bastante interessante a limpar este jogo...
O Indonesia jogámos ontem e foi, mais uma vez, uma bomba! É um jogo complexissímo, embora em termos de regras seja mais simples do que o Caylus, ou o Puerto Rico, por exemplo. É daqueles jogos em que se fazem planos perfeitos, que depois são demolidos, sem apelo nem agravo, pelo jogador que joga a seguir. Há imensa interacção entre os jogadores, há leilões tensos, há uma malha complexa de consequências pendurada em cada decisão... é, provavelmente, o melhor jogo económico que já joguei.
O fim dos triunviratos é um valor seguro. Relativamente rápido, com vários caminhos para a vitória e altamente confrontacional é uma escolha de eleição para quando há 3 jogadores que têm a mania que são maus. Tenho de jogar mais vezes!
O Twilight Struggle é um dos meus jogos favoritos e está tudo dito. Há uma review deste jogo neste blog, da autoria de um dos gajos mais bonitos e inteligentes de que há memória. Recomendo vivamente a sua leitura.
O Perikles deixou-me um sabor amargo na boca. Gosto bastante da parte política, gosto da forma como se integra com a parte militar, mas não gosto da forma como são resolvidas as batalhas. Acho que resolver todas as batalhas em série e estar 20 minutos a lançar dados foi das ideias mais estúpidas que qualquer designer já teve. Infelizmente faltou alguém, leia-se, o developer do jogo, um amigo, ou a própria mãe do Wallace, que, logo a seguir a ele explicar a ideia para a resolução das batalhas lhe desse um estalo no meio da tromba e berrasse "20 minutos a lançar dados? Estás parvou ou quê? Isso é das ideias mais estúpidas que qualquer designer já teve!". Ainda lhe vou dar mais uma hipótese, porque a parte política é, de facto, muito interessante, mas este é daqueles jogos que podia ter sido um clássico... e não é!
O Reef Encounter era um desejo antigo. Andei a namorá-lo á distância durante muito tempo, como um adolescente apaixonado, mas demasiado envergonhado para dar o passo decisivo. É que o jogo era caro como o caraças! Felizmente Deus Nosso Senhor criou os saldos ainda antes de ter criado o homem e, numa dessas sagradas ocasiões, lá me declarei. E não me arrependi: este sim, é um clássico! Interessante, complexo, único, temático, mas de uma forma estranha... é um jogo para degustar! Não me vou alongar mais, porque estou a pensar colocar aqui uma review mais detalhada em breve. Mas recomendo vivamente! Nunca os recifes de coral foram tão interessantes!
23 comentários:
Tens uma vida invejável.
Seja como for, deixa-me só repetir umas palavras quanto ao Indonésia. Que grande jogo. É daquelas experiências que faz que todos os outros jogos sejam banais. Vala cada cêntimo dos seus 80 euros de preço de venda ao público.
Não partilho é o entusiasmo pelo Phoenicia. Se um dia escreveres um critica ao jogo posso aprofundar a minha opinião pouco entusiasmante, mas não acho mesmo nada de especial. Em situações adversas pode-se tornar num longo bocejo.
Quanto ao street soccer, pá tou farto de jogar a isso na net e não consigo parar. É um festim de lançamento de dados e tem tanta sorte como, digamos, um Formula Dé. Mas aquilo é divertido como o catano e, um pormenor de importância relevante, tal como o Formula Dé, ganham sempre os mesmos.
Ora bem, vamos por partes...
Primeiro os insultos gratuitos:
"... não se importa de aturar 4 ou 5 macacos lá em casa a fazer barulho, uma vez por semana pelo menos..."
Começas bem acusando os teus párias de serem macacos barulhentos. Bonito. :-)
"O Elasund teve azar. Jogámos há muito tempo e um dos participantes, que por sinal é uma das presenças mais regulares do nosso grupo e não é lá muito brilhante (sim, Francisco, estou a falar de ti), ficou confundido com o jogo e, como sempre faz quando um jogo o confunde, declarou solenemente que não gostava deste magnífico exemplar da fábrica do Dr. Teuber."
Resumindo, a questão é esta: o Elasund merece ser jogado outra vez - aliás já expressei esse desejo. Admito ter sido algo injusto na minha apreciação inicial, mas também não excomunguei o referido jogo. Na altura estava na minha infância como board gamer. Se o BGG estiver correcto, foi no dia 23 de Outubro de 2006, há mais de um ano!
E comparado com outros jogos que me abriam o apetite, este ficou aquém.
Passou mais de um ano, e agora que estou na minha adolescência como board gamer, estou mais experiente, profissionalizei-me e tenho outros apetites.
Mas um 6.5 no BGG também não é desastroso e é passível de uma recuperação.
Quanto a eu ser pouco brilhante, permite-me que discorde serenamente dessa tua análise precipitada e injuriosa. :-) Tínhamos jogado vários jogos pela primeira vez, essa noite, e o adiantado da hora também não deve ter contribuído muito em termos de concentração. Além disso, também és de dias no que diz respeito a explicar regras. (Hint, hint!)
"Infelizmente o referido senhor agora tem andado com menos disponibilidade para a amizade e tem comparecido menos nos nossos encontros."
Prometo destruir a minha vida afectiva, social e profissional de uma assentada e em breve. Vai ser um dos meus desejos para o ano de 2008. Board gaming acima de tudo. O resto são pormenores. :-)
"Foi prontamente substituído por outro gamer, mais sagaz e arguto e, principalmente, menos confundível..."
Algo me diz que se eu fizer uma colagem às tuas apreciações de jogos, em breve poderei destronar este bandido vilipendioso, que me roubou um lugar ao sol, certo?
Agora a minha apreciação dos jogos que referes:
StreetSoccer - uma agradável surpresa, concordo contigo (Vês? Já estou a trabalhar para correr com outro gamer "mais sagaz e arguto"). Dou-lhe um 8 no BGG.
Phoenicia - ui, este sim! Adorei. Quero jogá-lo de novo urgentemente. Comprei-o ao mesmo tempo do que tu e estou muito satisfeito por tê-lo feito. Mais uma vez, concordo contigo. Um 9.5 no BGG.
Mr. Jack - não me encheu as medidas. É porreiro, mas tenho muitas outras prioridades. Joguei-o várias vezes e não consigo dar muito mais do que um 6 no BGG.
Alhambra - é simpático, mas ainda não me convenceu totalmente. Lá está: tenho outros jogos que prefiro jogar antes deste. Mas é bom. Um 7 no BGG.
Elasund - já falei dele e está com um "tentative" 6.5 no BGG. Mas quero voltar a jogá-lo.
Glory to Rome - que grande jogo! Este subiu quase ao olimpo e levou com um 9 no BGG. Concordo plenamente contigo! Dizes que a caixa "vai-se partir mais cedo ou mais tarde", o que no meu caso foi mais cedo. Tão cedo que veio toda partida! :-( Mas as lojas do chineses foram a salvação. Aliás, a caixa é a única coisa que está "broken" neste jogo.
Age of Empires - não joguei ainda, mas também não faço questão.
Indonesia - joguei-o ontem pela primeira vez. É um jogo pesado e complexo. Acho que o mapa e os componentes são muito bonitos, mas em termos de design, são de difícil leitura, o que me chateia um bocadinho porque perco tempo a interpretar coisas que deviam ser imediatas. Quero jogá-lo outra vez para me sentir mais confortável. Mas gostei! Por enquanto tem um 8 no BGG.
The End of the Triumvirate - nunca joguei e tenho pena! Este fica prometido.
Twilight Struggle - gosto muito e concordo contigo. Daí fazer parte da minha próxima leva de jogos. Tem um "tentative" 8.5 no BGG, mas que suspeito irá subir.
Perikles - estava curioso, mas depois do vosso feedback, nem tanto. Acho que vou passar... Há muito Wallace, e melhor, para jogar.
Reef Encounter - paixão ao primeiro jogo! Como tu, estive de olho nele durante bastante tempo. Mas adiei o inadiável estupidamente. O jogo só pode ser a obra-prima do Breese.
Vem na próxima encomenda e está com uma classificação temporária de 9 no BGG. Mas cheira-me que temos candidato ao Olimpo! Divertidíssimo.
Termino dizendo que do meu lado temos por estrear um Maestro Leonardo, um Race for the Galaxy (que promete e muito!), o Antike, Alladin's Dragons, Shogun, Intrige, para não mencionar outros...
Mas como me deves uma "Power Gridada", acho que devemos começar por aí, antes que cheguem as próximas encomendas!
O Mr. Jack é outro excelente jogo para 2 jogadores. Não é um jogo de dedução, como se escreveu para aí.
Fico contente em saber que lês as minhas criticas.
"Joguei, finalmente, o Age of Empires e achei engraçado."
Não jogas-te antes porque não quiseste.
Tenho o Brass se quiseres experimentar mais um grande Wallace.
O convite está lançado, é só marcares o dia.
Meu Deus! Hugo, só agora tropecei numa frase do teu comentário que me deixou perplexo: "... mas não acho mesmo nada de especial. Em situações adversas pode-se tornar num longo bocejo."
What?! O Phoenicia um "longo bocejo"?! Um jogo que se joga, e muito bem, em uma hora? - à partida o bocejo não pode ser assim tão longo, mas de qualquer forma a afirmação é descabida. O jogo é um gozo do catorze e para mais é renhido!
Tu tiveste uma série de decisões difíceis de justificar durante o jogo que te terão levado a uma prestação mais fraca e a um baixar de braços relativamente ao mesmo. Logo, "as situações adversas" foram criadas por ti. Mas, se te recordas, o gajo que teve "azar" no jogo, fui eu, e mesmo assim consegui jogar taco a taco contigo e esticar-me na linha da meta.
Bem sei que existem muitos jogos que não agradam a gregos e a troianos, mas após 2 jogos apenas, acho que deves dar o benefício da dúvida e jogar mais um par de vezes para confirmares "o longo bocejo". Isto, em vez de seres tão taxativo, ainda para mais, quando eu e o zorg consideramos o jogo titilante e muito bom.
Deste um 7 no BGG ao "longo bocejo". Isto significa que apesar de tudo, aprecias uma boa sesta?;)
>Fico contente em saber que lês as minhas criticas.
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Por acaso não li, mas se tens uma crítica ao Mr. Jack online, vou já procurar e ler. :)
>Não jogaste antes porque não quiseste.Tenho o Brass se quiseres experimentar mais um grande Wallace.
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O meu problema com as vossas sessões de jogo é o facto de se realizarem à sexta-feira, quando eu normalmente tenho sempre outros planos. Mas fala-me do Brass... gostaste? Estou muito interessado nisso. :)
Em relação ao Brass, digamos que é um mix de age of steam com power grid. É o meu segundo wallace preferido e já joguei todos os que me interessavam menos o Princes of the Renaissance.
A descrição do Hugo aqui no blog é muito aproximada. E o jogo vale mesmo a pena experimentar.
Como todos os bons Wallace é pesado, desafiante e difícil. Um jogo económico com muitas decisões, o dinheiro é sempre apertado e penaliza a má gestão. Desenrola-se em duas épocas e a primeira é mais ou menos uma preparação para a segunda parte do jogo. Tem de ser construido e preparado a médio prazo, principalmente por causa das cartas que lhe dão um cheirinho de sorte. Mas é bastante controlável, muito estratégico e menos imperdoável do que o AoS.
A linha de aprendizagem é alta, exige alguma adaptação às regras, pois existem muitas restrições. Mas passando essa fase torna-se simples. O maior desafio é a leitura do tabuleiro em relação ao que vai ser necessário no futuro. Se mais industrias, se mais portos de entrega, se mais rotas de destribuição. Conseguir antecipar qual será a maior procura nos rounds seguintes e obrigar os outros jogadores a utilizarem o que tens para oferecer, julgo que é a melhor maneira de pensar este jogo.
Mas como te tenho dito, nada melhor do que jogares.
Marca para quando e onde quiseres. Pode ser durante a semana e dá-me um toque.
3 a 4 jogadores, numa sessão de 2 a 3 horas.
Até parece que estás com algum receio de jogar comigo, eheh.
Olha que eu não sou má pessoa e pelo que dizem até tenho jeito para ensinar os jogos.
Spirale:
Quanto ao Phoenicia e baseado apenas em 2 sessões, devo dizer que a experiência me deixou um amargo na alma que dificilmente pode ser adocicado.
Eu costumo defender sempre os jogos que envolvam uma constante interacção dos jogadores em todos os aspectos da partida. E que, condição importante, seja possível ao jogador que está em último lugar poder fazer coisas, intervir na partida, chatear os outros e, apesar da sua situação debilitada, contribuir para o desenlace da pontuação final. Este tipo de jogos para mim são os que me deixam em êxtase e maravilhado. Porque mesmo estando em último lugar consigo estar envolvido e posso fazer o que quiser sem estar dependente de ninguém.
O que se passa com o phoenica é muito simples. Existe uma luta constante por recursos, sendo o mais importante o dinheiro. Esse dinheiro serve para comprar pontos e mais dinheiro. O que sucede é muito simples. Se um jogador fizer uma má opção e perder o comboio pelo recurso dinheiro, perde logo o jogo e não consegue fazer mais nada. Isto porque os leilões das carta mais valiosas são sempre ganhas pelos jogadores com mais recursos. O que me irrita profundamente no jogo é que a diferença de pontuação vai aumentado ronda após ronda e não há nada que um jogador que esteja em último possa fazer para recuperar terreno. E essa diferença pode-se manifestar logo na 2ª ou 3ª ronda. A partir daí o gajo que fica para trás está uma hora sem poder fazer nada, porque os gajos q vão à frente ganham sempre mais recursos e compram sempre as melhores cartas, faça o desgraçado o que fizer.
Por outro lado, não acho muito inteligente que um jogo que vive de leilões, distribua o dinheiro de forma aleatória, podendo, na mesma circunstância, um jogador ganhar 4 moedas e outro ganhar 6. Isto num leilão onde o preço das tiles consomem o dinheiro quase todo dos jogadores, pode fazer toda a diferença.
Mas claro, que o jogo ganha se todos os jogadores estiverem no mesmo nível, o que por vezes é pouco provável que aconteça.
É um jogo que não me importo de jogar, mas que não peço para que seja jogado.
Aconteça o que acontecer, pode ser que a experiência me faça mudar de opinião, mas tenho cá as minha dúvidas.
>O que me irrita profundamente no jogo é que a diferença de pontuação vai aumentado ronda após ronda e não há nada que um jogador que esteja em último possa fazer para recuperar terreno.
-
E chegas a essa conclusão insofismável, baseado nos teus dois jogos INTEIROS de experiência? :)
Eu não tenho nada contra as pessoas gostarem de jogos diferentes. Eu não gosto do Power Grid e, aparentemente, todo o resto do mundo gosta... e isso não me chateia nada! Agora, acho que as opiniões sobre os jogos devem ser o mais fundamentadas possíveis, particularmente quando vêm de um opinion-maker com o peso que tu tens neste mundo. Tens de perceber que milhares e milhares de gamers neste planeta bebem as tuas palavaras com sofreguidão e, para eles, passam a ser verdades absolutas! E isso aumenta de forma brutal a tua responsabilidade, quando escreves sobre os jogos: é a felicidade dos outros que está em causa! :)
No caso do Phoenicia, vais-me desculpar mas o que dizes não é verdade. No jogo em que TU entraste e TU fizeste uma série de asneiras, é verdade que ficaste muito parar trás... mas foi por TUA culpa! E não foi só uma decisão errada que te lixou, mas sim uma série de decisões erradas consecutivas.
O Phoenicia é um jogo que premeia os jogadores que têm um plano coerente e consistente do princípio ao fim, precisamente porque os jogadores têm de preparar antecipadamente jogadas futuras. Isso chama-se, na nomenclatura mais técnica, um jogo ter componente estratégica. E para se ter um plano coerente e consistente do princípio ao fim, tem de se conhecer o jogo.
No jogo que fizémos (o tal que foi um longo bocejo para ti), não só não tinhas um plano (o que era compreensível, porque ainda não conhecias bem o jogo), como não tiveste coerência nas decisões que tomaste (o que é compreensível, já que és tu). Foi essa falta de coerência que te tramou, não foi nenhuma característica do jogo.
O Phoenicia é de facto impossível de ganhar, quando se gasta uma data de recursos a comprar uma tecnologia que dá trabalhadores e depois não se usam esses trabalhadores até ao fim do jogo. Ou quando se gastam recursos a comprar uma tecnologia que dá descontos em determinada tecnologia futura e depois não se compra essa tecnologia futura. Em suma, o Phoenicia é impossível de ganhar, quando se joga muito mal e tu - nesse jogo particular - jogaste muito mal.
Mau seria o jogo se, depois das asneiras todas que fizeste, ainda tivesses possibilidade de ganhar, ou lutar pela liderança. :)
É verdade que fiz duas ou três asneiras. Agora, a partir daí não tive mais hipóteses em relação a nada. Isso é que me aborreceu. Porque o jogo coloca de lado quem erra, tornando o jogador num peso morto que não vai conseguir intervir decididamente para nada. Isso é uma contestação que é feita no 2º jogo, é verdade, mas que acontece em qualquer partida caso alguém seja infeliz numa ou outra escolha. A partir desse momento é chato estar a jogar. Não é esse o sentimento que quero retirar dum jogo. Mesmo se estivesse na frente e dominasse a partida, sentiria-me profundamente aborrecido se tivesse recursos suficientes para comprar tudo o que viesse a leilão e deixar para os adversários as tiles menos valiosas. Phoenicia só é uma boa experiência se todos os jogadores tiverem o mesmo nível de experiência.
Já percebi que gostas muito do jogo, mas eu não o acho nada de especial.
Além do mais nem sequer tem sentido atribuir aos meus erros o facto de não ter gostado do jogo. Isso não tem nada a ver. Por exemplo no último jogo que fizemos de Indonésia (esse sim um jogo) eu fiz muitos erros, mas o jogo permitiu que eu continuasse a jogar e pudesse, de alguma forma, diminuir a minha desvantagem. Porque apesar de estar em último lugar podia adquirir companhias, podia subir os leilões, podia ampliar as minhas empresas e sei lá que mais. Ou seja o Hugo Carvalho existia
Falo do Indonésia como posso falar de milhares de jogos que não eliminam um jogador de todo o processo porque jogou mal. Acho isso terrível e se é verdade que milhares e milhares de gamers neste planeta bebem as minhas palavras com sofreguidão têm de saber isto!
E tu também me vais desculpar, mas dizeres que joguei muito mal é mentira. Não joguei bem, é verdade, mas a partir do momento em que fiz uma ou duas más opções, e admito que as fiz, Phoenicia tratou de me retirar todo o amor próprio e orgulho remetendo-me para o silêncio e oferecendo-me até a possibilidade de nem sequer entrar em leilão porque nem sequer tinha o dinheiro para a base de licitação. Phoenicia não oferece opções nenhumas.
>sso é uma contestação que é feita no 2º jogo, é verdade, mas que acontece em qualquer partida caso alguém seja infeliz numa ou outra escolha.
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Como é que sabes? Tu só jogaste 2 jogos!
>Phoenicia só é uma boa experiência se todos os jogadores tiverem o mesmo nível de experiência.
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Não. O Francisco, por exemplo, jogou uma vez e gostou imenso. O Luís também... o Nuno também. Até o Rui e o André gostaram! Aliás, agora que penso nisso, só mesmo tu é que não gostaste. :)
>Já percebi que gostas muito do jogo, mas eu não o acho nada de especial.
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Sim, mas não me incomoda minimamente que não gostes do jogo. Gostos são gostos e há para aí imensos outros jogos que posso jogar contigo, em vez do Phoenicia. ;)
Só me incomoda (e mesmo assim é um incómodo muito relativo :) ) que digas coisas que não são verdade. Tu ficaste fora do jogo porque jogaste mal. Foi um harakiri. :)
>E tu também me vais desculpar, mas dizeres que joguei muito mal é mentira. Não joguei bem, é verdade,
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Não, não me leves a mal, mas jogaste mesmo muito mal, não porque tivesses cometido uma grande quantidade de erros, mas mais pelo timing dos erros! No Phoenicia todos os tostões são importantes mas, por causa do tal efeito bola de neve, as compras iniciais são ainda mais importantes. O dinheiro é mesmo, mesmo, mesmo, mesmo muito escasso e desperdiçar muito no início do jogo, como tu fizeste, pode ser a morte do artista.
E tu gastaste uma grande quantidade de dinheiro para comprar um forte que depois não usaste até praticamente ao fim do jogo. Isso é um erro brutal e foi aí que perdeste o jogo. Também é um erro de principiante, ou seja, com experiência nunca mais voltas a fazer isso.
>mas a partir do momento em que fiz uma ou duas más opções, e admito que as fiz, Phoenicia tratou de me retirar todo o amor próprio e orgulho remetendo-me para o silêncio e oferecendo-me até a possibilidade de nem sequer entrar em leilão porque nem sequer tinha o dinheiro para a base de licitação.
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O teu erro inicial foi brutal. Tu podes não ter a noção disso ainda, mas se tiveres a felicidade de jogar este jogo mais algumas vezes, vais perceber. :)
Mas mesmo assim, se há coisa que no Phoenicia é importante é saber quando poupar e quando gastar o dinheiro. Tu podias ter poupado mais e seleccionado melhor as tuas aquisições depois do erro inicial, mas creio que no máximo conseguirias ter ficado em segundo.
Mas é como te digo, há por aí muitos outros jogos para jogar e apreciar. :)
Após tanta discordância, não tive outra hipótese senão ir ao geek para tentar perceber se eu era o único a ter tido uma má experiência com o jogo. Fiquei mais descansado. Aparentemente, mais gente se queixa do sindroma dos primeiros jogos. Mas verdade seja dita, depois dumas 4 sessões o jogo, pelo que dizem, ganha uma dimensão mais competitiva e mais interessante.
Tudo bem, eu é que não tenho paciência para esperar tanto para me poder divertir. Privilegio sempre o divertimento à complexidade e as minhas apreciações baseiam-se sempre nesse pressuposto. E basta-me uma ou duas sessões para perceber se o jogo me agrada ou não. Haver a necessidade de esperar umas 4 sessões para se apreciar um jogo é algo que me transcende. Compreendo que haja jogadores que não se importem de passar por esse processo, mas eu importo-me, e muito. O maior problema nem está na aprendizagem, isso não me chateia, até é interessante, mas sim no jogo não permitir uma participação activa do aprendiz.
Por outro lado, também não acho piada à mecânica. Não sinto nenhuma intimidade com ela. O leilão não tem pimenta nenhuma. O recurso dinheiro é escasso e normalmente os jogadores têm pouco. Na maioria, pouco mais do que o valor mínimo duma tile que vai a leilão. Nesse sentido o leilão é rápido e com vários jogadores a terem de desistir logo porque não têm recursos suficientes para acompanhar os jogadores que estão mais avançados. Gosto de leilões abertos, onde a capacidade financeira não esteja em causa. Gosto de leilões onde todos os jogadores tenham capacidade financeira para comprar qualquer tile, independentemente da posição que ocupam na pontuação. Isso não acontece em Phoenicia.
Para além disso a “piece de resistence”. Num jogo que vive de leilões e onde as margens são muito apertadas, como é possível que a distribuição do dinheiro seja feita aleatoriamente? Para o mesmo grau de desenvolvimento um jogador pode receber uma carta com 4 moedas e outro uma de 6. Isto é particularmente desmoralizador quando, no leilão seguinte, o jogador que recebeu a carta de 4 perder a tile por uma moeda.
Mas essencialmente também não gosto do sistema de pontuação e de avanço económico. Todo o progresso do jogador se baseia nos leilões que vença. As tiles têm inscrito o nº de pontos que o jogador avança e também as casas de desenvolvimento económico (que dão as tais cartas de dinheiro). Não é possível desenvolver a economia fora dos leilões. Nesse aspecto, quando comparado com o Goa (outro jogo do mesmo género) percebe-se o quanto Phoenicia é cinzento e desinteressante.
Quanto à questão do opinion maker. Bem, as opiniões não precisam de ser todas iguais. Mas essa tua ideia de que a minha opinião sobre o jogo não está devidamente fundamentada faz-me lembrar a piada dos gato fedorento em que um deles é interrogado sobre o número de telefone das informações e apesar de o dizer dezenas de vezes, os seus interrogadores continuam a fazer-lhe a mesma pergunta levando-o ao desespero :)
Além disso, os nossos leitores são pessoas inteligentes e informadas que, felizmente para eles, não ligam nenhuma ao que eu escrevo. Mas normalmente, o grau de vício é tão grande que a maior parte dos que por aqui andam compram tudo o que lhes aparece à frente, de maneira que lhes é indiferente o que achamos dos jogos :)
>mas sim no jogo não permitir uma participação activa do aprendiz.
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Isto não é verdade. O teu caso particular correu mal, porque cometeste um erro crasso muito cedo. Mas todos os outros aprendizes com que eu tive oportunidade de jogar - e ainda foram uns quantos - tiveram participações activas. Tu tiveste azar.
>Por outro lado, também não acho piada à mecânica.
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Aqui já não tenho contestação nenhuma. :) Não gostas, não gostas e tens todo o direito de nao gostar!
>como é possível que a distribuição do dinheiro seja feita aleatoriamente?
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A distribuição de dinheiro não é feita aleatoriamente. A forma como o dinheiro funciona é extremanente engenhosa e permite uma série de considerações tácticas extremamente interessantes. Há muito mais cartas de 5, do que de 6 e de 4. E, se te lembrares bem, no nosso jogo a pessoa que teve mais azar com o dinheiro foi o Francisco e isso não o impediu de ficar confortavelmente à tua frente. Há um facto de sorte, é verdade, mas serve para introduzir alguma variabilidade. Não decide o jogo.
>Não é possível desenvolver a economia fora dos leilões.
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Ai não? E eu que pensava que era precisamente para isso que havia trabalhadores, várias actividades diferentes, etc. :)
>Nesse aspecto, quando comparado com o Goa (outro jogo do mesmo género) percebe-se o quanto Phoenicia é cinzento e desinteressante.
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São gostos. Eu prefiro de caras o Phoenicia ao Goa, quando estou a jogar com mais do que 2 jogadores. Mas é giro que a sorte na distribuição do dinheiro te incomode tanto no phoenicia, onde normalmente não é decisiva, e não te incomode a sorte nas cartas de expedição do Goa, que é muito mais decisiva... :P
>Quanto à questão do opinion maker.
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Era uma piada. :P
>Bem, as opiniões não precisam de ser todas iguais.
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Naturalmente. Como já te disse, não me incomoda minimamente que não gostes do Phoenicia. Há muitos outros jogos que podemos jogar quando tivermos o prazer e a honra de contar com a tua companhia para jogar.
>Mas essa tua ideia de que a minha opinião sobre o jogo não está devidamente fundamentada
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É a minha opinião.
Eu não escrevi ainda uma crítica ao Indonésia, por exemplo, porque acho que ainda não joguei o suficiente para perceber realmente o que está em jogo. E quem diz o Indonésia, diz outro qualquer.
>Além disso, os nossos leitores são pessoas inteligentes e informadas que, felizmente para eles, não ligam nenhuma ao que eu escrevo.
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Temos mais do que 1 leitor? Uhuuuuuuuuuuuuuu! ;)
>Mas normalmente, o grau de vício é tão grande que a maior parte dos que por aqui andam compram tudo o que lhes aparece à frente, de maneira que lhes é indiferente o que achamos dos jogos :)
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Claro. Mas eu acho estas discussões interessantes... e são sempre uma boa oportunidade para te dar umas alfinetadas nos flancos, que bem precisas... ;)
Hugo:
Bom, agora sim, estou a ficar irritado e explico porquê: o jogo é muito bom e tu não só não vês isso, como te recusas a ver. Até podes não gostar, mas neste caso devias! :-) A máfia dos jogos de tabuleiro não está muito contente com a tua prestação, e não queríamos de todo que começasses a acordar com a cabeça de um cavalo na cama. :-)
Jogaste malzito no outro dia, mas quem estava em último e recuperou, fui eu. Logo a teoria de que quem está em último e tem azar nas cartas, está irremediavelmente atrasado e posto de parte, é treta.
Mais, por acaso recordo-me que o Zorg referiu várias vezes que os primeiros jogos iam ser menos conseguidos por quem não conhecia as cartas, os seus poderes e efeitos. Até porque não se tem tanta noção do seu real valor numa determinada situação. Mas mesmo assim achei que era um jogo "tight". Isto é: não me parece que seja um jogo cheio de pontas soltas, demasiadas manhas e colagens de regras em cima do joelho, etc. E está "tight" para permitir precisamente uma experiência de jogo muito boa para, por exemplo, 3 jogadores, em apenas uma horita. Prefiro também ter de jogar 4 jogos de uma hora para "aprender" a jogar melhor o jogo, do que investir 3 vezes, 4 ou mais horas, num jogo para obter o mesmo efeito. E se achas que o jogo é não perdoa asneiras de principiante, que dizer de um maravilhoso Age of Steam? Recordo-te que da primeira vez que joguei tive de ser "placado" pelo Zorg no meu primeiro leilão porque não tinha noção da real escassez do dinheiro e o que isso implicava. Ora aí está um jogo que não dá margem para o disparate e que no entanto é muito bom quando se aprende a jogar. Sei que adoras o Modern Art. O jogo de leilões por excelência... Aqui mais do que nunca, só se vai lá com uma série de jogos. Todos os principiantes passam pelo mesmmo tipo de dificuldades: a percepção do valor, do dinheiro a gastar, do timing para o fazer, etc. E o Modern Art, como todos os jogos muito asentes em leilões, tem um grande handicap: é que se tiveres a jogar o jogo com um grupo mais chocho ou menos entusiasmado, a experiência pode transformar-se, aí sim, num longo bocejo. Porquê? Porque todos os jogos que vivem muito de leilões, vivem do entusiasmo e experiência do grupo de jogadores. Um mau grupo implica um mau jogo - a dependência é imediata e directa. No Phoenicia, por acaso, não senti nada disto em demasia... Foi o meu primeiro jogo. Tive espaço para aprender, para fazer asneiras, para perceber que as fazia, para experimentar e arriscar coisas, ter muito azar (lembras-te da quantidade de 4 que recebi?), participar activamente em leilões e divertir-me, tudo em cerca de 1 hora! Além disso, fiquei por pouco à tua frente após recuperar de um último lugar, isto no meu primeiro jogo. Mas se não gostas não gostas... Não vou mais dar uma de "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". ;-)
(Melissa entra, olha para um lado, outra para o outro, vai-se embora.)
Cromos!
:P
Em relação à opinião do meu caríssimo colega devo dizer que concordo em quase tudo o que disseste, pelo menos nos jogos de que falaste que já joguei. Realmente o nosso patrão só contrata pessoas altamente inteligentes e com um sentido estético bastante apurado. Ah e bonitos claro…
O Twilight Struggle é de facto muito bom, apenas não sabia que a minha review estava no vosso blog… :D TAU!
O Elasund comprei depois de ter falado com o Zorg e é realmente um joguinho engraçado. Entretém bastante e dá para encavar o Vital à força que é sempre o primeiro requisito que procuro num jogo.
Já no AoE 3 confirmas aparentemente o que te disse, bom jogo, mecanismos nada originais mas muito bem usados, muito equilibrado… mas longe de ser um clássico.
O Perikles é outra desgraça… apenas não sei porquê algumas pessoas só se apercebem disso depois de muitos jogos. Os líderes e as eleições tudo muito bom e muito bem pensado… mas depois vem as guerras e é o descalabro.
O Reef é também um daqueles que ando para jogar à muito… ainda não o encomendei porque é realmente carote. Vou ter obviamente de te chular o teu emprestado.
Numa nota diferente, e esta é para o Pedro e para o Hugo, ontem joguei o Container na Rune e das duas uma ou jogámos aquilo muito mal (o que duvido já que as regras são bastante simples), ou o jogo não é nada do que andam a dizer pelo geek. É muito engraçado apesar de algo caótico já que não dá para planear muito à frente pq os valores dos contentores mudam de turno para turno, mas é muito divertido de se jogar, tem alguma estratégia e é daqueles jogos que convida à conversa durante o jogo todo.
Nossa...
Há uns 2 posts que os comentários são maiores que a matéria em si! :)
Fiquei muito curioso em relação ao StreetSoccer. Queria encontrar uma boa simulação de futebol.
abraços!!
Querias saber coisas sobre o Brass?
www.rededejogos.com
Desculpem o atraso... :)
O Phoenicia anda-me debaixo de olho há algum tempo, sobretudo depois de ler a tua review no BGG. Dá-me ideia que é um jogo do qual eu posso gostar. o problema da JKLM é a produção. Eles têm jogos artesanais que me irritam um bocado, eg. Kogge. Como é que é esse?
Só mais uma nota para o Reef Encounter que, provavelmente, foi o melhor jogo que jogaste este mês. E estou a deixar o Indonesia de parte! A questão é que só joguei o Reef uma única vez e ainda não sei se é mesmo muito brilhante ou se é só brilhante.
Abraços
PS
Mais Brass no spiel portugal.
Reef encounter está marcado para esta semana. A ver vamos.
#soledade
Os componentes do Phoenicia não são nada de extraordinário, mas comparados com os do Kogge são um luxo! E eu tenho a segunda edição do Kogge!
O Phoenicia tem uma boa caixa, um tabuleiro normal e cartas de boa qualidade. A bonecada nas cartas é bonita, embora o design gráfico (ícones explicativos e coisas assim) não seja nada do outro mundo. Mas são componentes perfeitamente razoáveis.
#soledade:
"... só joguei o Reef uma única vez e ainda não sei se é mesmo muito brilhante ou se é só brilhante."
Entre o "mesmo muito brilhante" e o "só brilhante", diria que o Reef Encounter é "brilhante". :-)
Finalmente joguei o Reef Enconter, é giro com um tema muito original, e algumas mecânicas engraçadas, mas daí até ser um clássico. Na minha opinião nunca estará ao lado dum Age of Steam, ou dum die macher, power grid, caylus, tigris, imperial e mesmo o Brass. É um jogo giro, divertido e complexo como se quer, mas não é brilhante. Tem lá o seu brilho. Não recusava jogar. Mas um clássico? :p
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