25 junho 2007

And the winner is...

Zooloretto, de Michael Schacht!
Agora, só por causa dessa, vou ter que colocar uma review sobre o Yspahan brevemente! Aguardem-me!

04 junho 2007

Session Report: Indonésia e a queda do homem macho

O dia estava soalheiro e quente, um calor agradável que convidava a um banho no Oceano ou a uma tarde numa esplanada.
Por entre as filas de trânsito junto às praias conseguia-se desfrutar, aqui e acolá, mini saias generosas que mostravam mais do que um homem poderia pedir quando acompanhado da família. Mediante tamanha oferta, o usufruto visual que, ao princípio, era tímido e simulado tornava-se, aos poucos, mais confiante e displicente. Mas a vida é feita, como todos sabemos, de acontecimentos estranhos e já é normal estar no sítio certo à hora certa e com as pessoas erradas.
- Tás a olhar para onde? Andas a olhar para as mulheres agora, é? Tem vergonha!

O telefone tocou. Mais um convite para uma jogatana. A tarde de Domingo trazia consigo tempo para desfrutar dum jogo mais pesado, mais à imagem de todos. Afinal quantas tardes se podem passar entre homens, a jogar Pro Evolution e a fazer um joguinho de tabuleiro de queimar os neurónios todos? Além disso encontrava-se a liberdade necessária para dizer asneiras a rodos e arrotar quando houvesse vontade para isso.
O Zorg anuncia:
- Jogamos Indonésia porque já li as regras. Não há problema!
Indonésia foi a escolha. Jogo caro e tido em consideração pelos geeks com opiniões mais acertadas no mundo da net. A caixa era bonita, o tabuleiro todo pimpão e o livro de regras a parecer um edição de luxo do mundo da Banda Desenhada.
O Shahim chega com 2 horas de atraso e a tarde esgotou-se na espera. Mas nem isso abalou a confiança de todos. Afinal de contas, o jogo tem fama e a caixa é bonita e convidativa à joga. Mas Deus lá tirou o dia para transformar a tarde de Domingo num inferno:
- Afinal não sei as regras, por isso temos de aprender enquanto jogamos. Duas horas devem chegar para ler isto e perceber a mecânica do jogo. Com sorte devemos começar pela hora do jantar.

Enquanto, desiludidos, mostrávamos sinais de cansaço e alguns elementos abriam mesmo a boca em sinal de impaciência, as regras lá foram aos poucos explicadas com uma voz monocórdica que evocava as belas imagens do Chico Escuro e João Pestana a deitarem-se na cama na hora da despedida.
Despertados pela hipótese de jogar 3 horas depois da hora combinada, já o sol se começava a esconder no horizonte, o jogo começou. Felizmente o jogo deu logo mostras de ser mais um colosso da Splotter Spellen. E foi o que salvou a tarde. Mas o sossego durou pouco, os telefones começaram desesperados a tocar.
- Oh querida, não sei quando vou acabar isto. Não sei se posso jantar contigo. Oh querida não fiques furiosa! Tens razão, mas não esperava este atraso... Não fiques assim... Depois falamos.

O jogo finalmente começara a ser percebido e todos os jogados já estavam embrulhados na compra e venda de companhias e na distribuição de arroz pelos mares da Indonésia. Dinheiro para a frente e para trás, a rodar de mãos e o tabuleiro a ficar composto.
- O que ia bem era uma cervejola. Tragam aí as cervejas.
Como se fosse pouco o que tivera acontecido até ao momento, Zorg, ainda combalido do incidente de ter entornado um copo de vinho para cima do tabuleiro do Twilight Struggle, impôs logo ordens de precaução.
- Aqui ninguém, bebe cerveja. Se quiserem bebem um copo de água façam-no na cozinha. Ao pé do tabuleiro ninguém bebe nada!
A revolta foi grande, o desânimo ainda maior. Ficaram-me no pensamento as últimas palavras que dissera à minha namorada antes de sair de casa:
- Vai ser uma tarde porreira. Somos só gajos e vai ser fixe. Já tinha saudades de ter uma tarde assim. Mas não te preocupes porque chego cedo!

Mesmo assim, Indonésia aguentou-se. Apesar de tudo conseguiu abstrair dos jogadores a dura realidade. Aos poucos já ninguém se importava com a lei seca nem com a tarde perdida a ler regras e a esperar pelos mais atrasados. A hipótese de ter problemas com a hora tardia a que se viria a chegar a casa também não causava grande transtorno. Afinal macho é macho e faz o que quer.
Compraram-se companhias daqui, companhias dali, fizeram-se fusões consoante os interesses económicos, plantou-se arroz numa ilha para se transportar para outra, abriram-se poços de petróleo e leiloou-se tudo ao melhor preço. Fizeram-se fortunas com um piscar de olhos. Indonésia é tudo o que um macho quer e muito mais.
O jogo lá acabou. Tarde, ou seja 7 horas depois da hora combinada para começar. A fome, claro, apertou mas a noite ainda era uma criança. A parte mais difícil ainda estava para vir:
- Isto é que são horas de chegar? Saíste daqui ás 3 horas da tarde e voltas às onze? Achas isso bem? Diz adeus aos jogos ao Domingo. Estive à tua espera para jantar desde as oito. Se quiseres agora comer faz tu o Jantar. Não tens vergonha nenhuma!
Mas nem tudo foi mau, afinal o Indonésia é um jogão e Deus, depois do dia todo a sofrer, lá me deu uma abébia:
- Vá lá, pelo menos não estás a cheirar a cerveja!