04 outubro 2007

Essen 2007: as minhas apostas!

O post do Hugo directamente abaixo encheu-me de preocupação!

É assustador ver um tipo como o Hugo, praticamente casado e ainda por cima com uma mulher, deixar-se iludir pela promessa de um grande jogo e entregar o seu coração a um homem! Porque a verdade é esta: nesta fase do campeonato, o dono do coração do Hugo é Martin Wallace e isso salta à vista na falta de discernimento com que analisa os jogos desse autêntico D. Juan britânico que, aparentemente, não sente qualquer remorso em destruir lares e arruinar relações estáveis! Quem duvida disto, olhe para as patetices que o Hugo, normalmente um analista de jogos astuto e fiável, escreve sobre o Brass, no post abaixo. Deprimente, é o que vos digo! Deprimente!

Mas se o post abaixo teve outro efeito, foi o de espoletar ( e não "despoletar", cambada de ignorantes) em mim a vontade de escrever a minha própria análise sobre o que podemos esperar de Essen este ano. Naturalmente que sendo, eu o grande guru internacional dos jogos de tabuleiro e este blog a referência absoluta em toda a internet, o surgimento desta análise é, só por si, um acontecimento tão ou mais relevante que a própria feira. Mas vamos a isto!

Há coisas com muito potencial este ano. Para além de Brass, Hamburgum e In the year of the dragon, que o Hugo menciona abaixo, mais alguns jogos merecem alguma atenção.

Tribune: primus inter pares

O regresso do Sr. Die Macher, o lendário Karl Heinz Schmiel, promete ser um verdadeiro euro-game: complexo, equilibrado e interessante. A acção desenrola-se em Roma e parece utilizar vários mecanismos clássicos, tais como area control, selecção de acções e hand management. Ainda não há muita informação disponível, mas o autor é razão suficente para lhe dispensarmos muita atenção.

Race for the galaxy

O, há muito prometido, jogo de Tom Lehmann, o tal que toda gente que vai a convenções diz que é melhor do que menage a trois, parece que vai ser finalmente editado pela Rio Grande. É uma espécie de San Juan, em cujo desenvolvimento o próprio Lehmann participou, muito mais complexo e com um tema espacial. Há mecanismos que parecem muito originais e interessantes - como o da selecção dos roles - e tendo em conta o que se diz deste jogo e o enorme sucesso que tem sido o outro "San Juan Adrenalizado" que temos vindo a jogar ultimamente, o excepcional Glory to Rome, este promete muito!

Agricola

Uwe Rosenberg, o homem dos feijões, surge com um jogo sobre a vida no campo. Faz todo o sentido! A premissa é muito engraçada: cada jogador controla uma família de agricultores, inicialmente constituída por marido e mulher, e vai tentando desenvolver a economia familiar. O número de acções que pode executar na sua vez depende do número de membros da família, por isso procriar é uma opção não só viável, como, muitas vezes, aconselhável. Mas mais gente para trabalhar, também significa mais bocas para alimentar, pelo que uma aproximação à coelho, também pode não ser ideal. Parece um jogo económico complexo e interessante, um build your engine game, bem na linha de outros grandes clássicos. Para além disso desmonta a ideia de que o trabalho infantil é uma coisa má. Há um senão: o jogo é dependente da linguagem, porque tem muitas cartas com texto importante, e ainda não está prevista uma edição internacional, ou em inglês. Seja como for, há muito buzz à volta deste título e, se for o sucesso que se prevê, alguém pegará nisto com certeza.

Conquest of Paradise

Mais um jogo na categoria dos civ-lite, esta proposta de Kevin McPartland tem sido precedida também de muito boa fama. O tema invulgar - os jogadores comandam tribos na polinésia, que tentam desenvolver - e a diversidade de opções disponíveis, fazem deste um dos jogos que aguardo com mais expectativa. É possível explorar, conquistar, colonizar e desenvolver economicamente a tribo e tudo isto num jogo que, dizem, se joga em 2/3 horas... o que é que se pode pedir mais? Há mecanismos que parecem muito interessantes e polidos e justificam, parece-me, um olhar atento.


1960: the making of a president

Um must, para quem, como eu, está obcecado com o Twilight Struggle. Partilha um dos autores com o épico da guerra fria e, rezam as crónicas, também partilha muito mais do que isso. O tema pode ser um pouco seco - disputar eleições nos estados unidos, nos anos 60 - mas o jogo tem vindo a ser "vendido" como um Twilight Struggle simplificado, jogável em 1.30h, e com algumas inovações engraçadas no que diz respeito ao sistema de cartas. Isso é argumento suficiente para mim! Para além disso vai ser publicado por uma editora como deve ser, a Z-Man, e por isso não vai ter o malfadado mapa de papel! Não acredito que vá substituir o Twilight Struggle no meu panteão das obras-primas absolutas, que vale a pena arriscar a vida para jogar, mas tenho muita fé que seja uma oferta interessante para 2 jogadores, quando há menos do que 3h disponíveis.

Antler island

Depois de ovelhinhas bonitas e de ratinhos adoráveis, a Fragor trás agora os veadinhos fofinhos. Por falar em veadinhos fofinhos, se calhar este é um bom jogo para oferecer ao Hugo e ao Martin, no aniversário de namoro deles. Seja como for e independentemente das conotações homo-eróticas que a expressão "veadinhos fofinhos" possa ter, já há algum tempo que tenho curiosidade em jogar algo feito por estes simpáticos escoceses. O Shear Panic parecia-me demasiado abstracto e o Hameln pouco polido. Pode ser que à terceira seja mesmo de vez e este Antler Island esteja à altura daquilo que promete.

3 comentários:

Bruno Valério disse...

Pois é este ano Essen tem muitos motivos de interesse, e não, não estou a falar dos Pints de cerveja alemã.

Temos uma mão cheia de jogos que andam a titilar com o nosso subconsciente e isso só pode ser um bom sinal.

O Brass parece efectivamente ser mais um winner do Wallace mas será tão bom ou melhor do que o AoS? A vêr vamos.

O Container idem bem como o Hamburgum. No entanto e por mais parvo que possa parecer estou muito interessado no reprint do Through the Ages.

Anyway... vai ser bom prá cáramba!

soledade disse...

O Through the Ages todos querem :P

O tribune acho que é language dependent e a FFG não o deve editar para Essen. talvez só para o fim do ano. A ver vamos. Mas está nas minhas listas porque um Schmiel é um Schmiel.

Race for the Galaxy ainda não sei muito dele. Já conheço O Space Dealer, dizem que é mais "profundo" que este, mas ainda não sei bem. Vou ler as regras para esclarecer isso. É que não sou grande aficionado de jogos espaciais. Mas é também da Ystari e isso joga a favor dele.

Agricola não. O Sr. dos feijões não me convence.

Copnquest of Paradise está para sair do P500 há muito tempo e nunca mais é sabado. O nosso grupo vai tê-lo e, diz o Carlos que o comprou, é um belíssimo jogo. Não conheço estou à espera que ele me fale disso.

O 1960 parece-me muito interessante. A ZMan a editar um jogo tipo GMT. Está em pre order a $US50 e estamos numa altura de aproveitar o câmbio. Eleições americanas que o Sr. Gupta (o parceiro de criação do TS) acha como um dos melhores jogos de eleições de sempre. Ou mesmo o melhor!

Antler Island nunca ouvi falar mas parece demasiado infantil para o meu gosto.

Referência também para o Origins How we became Human, o El Capitan também pela produção e Cuba também da Eggert.

zorg disse...

>Race for the Galaxy ainda não sei muito dele. Já conheço O Space Dealer, dizem que é mais "profundo" que este, mas ainda não sei bem.
-
Acho que o Race for the Galaxy não tem nada a ver com o Space Dealer. É uma espécie de San Juan mais complicado, com mais opções, mais cartas e uma diferença interessante no mecanismo de selecção de roles, que é feito simultaneamente, em vez de ser sequencialmente.

Ah, e como diz o Paulo, toda a gente está interessadíssima no through the ages!