14 janeiro 2008

Session Report: Game of Thrones

Após 3 anos de espera, finalmente pude experimentar convenientemente um dos jogos que mais curiosidade me tem despertado ao longo deste tempo.
Quando comprei o primeiro jogo da minha vida, estava na dúvida entre Struggle of Empires e este Game of Thrones. Acabei por escolher o Struggle of Empires e não me arrependi, antes pelo contrário, mas este Sábado chegou a hora de finalmente me sentar para uma partida de Game Of Thrones. Aliás, a altura não podia ser melhor, uma vez que acaba de ser lançado em português a obra de George R. R. Martin que, por acaso, ando a ler neste momento com bastante agrado.

Game Of Thrones é um épico. É um jogo pesado, com muitas regras, tem de ser jogado a 5, demora tempo a perceber e a jogar e há porrada do princípio ao fim. Além de todas estas premissas, aconselha-se que, para ser apreciado convenientemente, não existam pressões de tempo e de fome.
A explicação das regras demorou. Não é coisa fácil. Tem muitas, muitas, muitas regras e é difícil entender tudo sem jogar primeiro. Pelo que, só depois de duas rondas é que finalmente percebi o que andava ali a fazer, embora tivesse uma pequena ideia antes.
Um dos jogadores, coitado, não tinha qualquer experiência de jogos e no fim das explicações, muito honestamente, avisou logo que não fazia a menor ideia do que haveria de fazer e que se calhar não era má ideia desistir já.
Passado o susto, começámos a jogar. O objectivo era conquistar 7 castelos. Acontecesse o que acontecesse, só com 7 é que se ganhava. E para se ter os 7 tinha de se andar à pancada com tudo e todos.
Qualquer jogador está rodeado de adversários por todas as fronteiras e o que se aconselha vivamente é arranjar uma aliança com algum dos vizinhos ou então arrisca-se a levar na tromba durante 3 horas e tal. Uma aliança com um vizinho permite que pelo menos algumas fronteiras estejam seguras. E isso é um descanso.
Sabido o conselho, o Rui quis logo fazer uma aliança comigo. A ideia era boa não fosse o pormenor de ele querer o sul todo para ele. A aliança não foi selada e para comemorar o feito houve logo uma guerra a larga escala por regiões sulistas. O Zorg acabou por se unir a mim com uma condição bem mais vantajosa. Dividir o sul pelos dois.
Diga-se a abono da verdade que o Rui conquistou logo o sul quase todo, muito embora não conseguisse avançar mais para Norte para conquistar mais Castelos. A Aliança entre mim e o Zorg não o deixou alargar os horizontes de conquista. As escaramuças eram muitas e não era fácil assumir uma posição de poder nas regiões.
A Norte não houve muita porrada devido à posição pacifista do Joaquim. Uma vez que era a primeira vez que jogava, e porque não percebeu inicialmente as regras, o melhor era ficar quieto e apenas dedicar-se à defesa dos territórios iniciais. Ora isso provocou um desequilíbrio porque enquanto os povos do Sul estavam asfixiados uns contra os outros, o André teve alguma liberdade para organizar os seus exércitos e atacar o sul quando estivesse numa posição vantajosa. Inteligentemente o que o André fez foi construir calmamente uma forte armada que conseguiu uma posição vantajosa nos mares do Este. Esses barcos deram então o suporte necessário para a conquista definitiva dos últimos castelos, que por acaso eram meus.

O jogo foi divertido e jogado com bastante agrado. É um jogo militar puro e duro. Traz consigo um bom ambiente medieval e também tem o atractivo de se falar da obra de George R. R. Martin que aliás, para quem não sabe, está a ser adaptada para televisão pela HBO.
Depois tem alguns pormenores interessantes. Existe uma fase política em que se vai leiloar a ordem de jogo, a supremacia em combate e também a utilização de tiles de Bónus. Tudo muito bem afinadinho. Por outro lado os combates são bastante originais. Além de se contar a força total militar dos adversários, cada jogador põe na mesa uma carta de personagem. Essa carta tem um número e normalmente uma habilidade. O número é somado ao poder militar e aplica-se a habilidade. Os jogadores ficam sem as cartas e não as poderão jogar nas próximas batalhas. Muito bom. Até porque essas cartas são personagens do livro e trazem com elas o gosto sabor duma adaptação, que na verdade é aquilo que o jogo pretende.


Gostei imenso deste jogo. As regras são difíceis de perceber e por vezes nota-se que podiam ser simplificadas, até porque existem certos pormenores que poderiam ser resolvidos duma forma mais simples. Depois os portos só complicam e ainda não percebi muito bem o que estão lá a fazer. Mas o maior defeito é o jogador não saber ao certo quando vai conseguir arranjar tropas. Isso depende da altura em que a carta para esse fim sair. Ora, isto acaba por tramar um bocado o desenrolar do jogo, porque o jogador não pode organizar as suas tropas para esse momento. Porque há momentos mais propícios do que outros para a “construção” de exércitos. Se o jogador soubesse o exacto momento em que isso acontecia podia preparar o seu jogo de forma a sair beneficiado com isso. Assim é uma questão de sorte. É que, se o jogador não estiver preparado, pode perder alguns reforços, o que num jogo militar tem alguma influência.

Mas este é um jogo de pancadaria total, da 1ª até à última ronda e com uma boa dose de diplomacia para tentar sobreviver no meio de tantos adversários de espada na mão.
A expansão traz com ela novas unidades de combate e novas cartas que tornam o jogo mais interessante. Além disso é possível jogar com 6 jogadores. Sente-se o cheiro a sangue no ar, o som das espadas a cortar a carne e o gelo de inverno nas montanhas.
Depois do extraordinário Brass é a vez deste Game Of Thrones.
Este é um começo de ano bastante auspicioso.

11 comentários:

zorg disse...

Bom session report.

Acho o jogo engraçado, mas é capaz de ser pancadaria a mais para mim. Para além disso, para o tempo que o jogo demora, acho que há alternativas mais interessantes. E, como dizes, também não gosto muito da ideia do Muster e do Supply ocorrerem em fases determinadas aleatoriamente. Acho que são momentos decisivos do jogo e que seria mais interessante se ocorressem em alturas fixas.

Mas, seja como for, o jogo tem coisas muito positivas (a forma como são dadas as ordens, o sistema de resolução de combates, o ambiente medieval e a forma como o jogo o modela, etc) e é uma boa forma de passar umas horas. E para quem está a ler ou leu os livros, é um must!

Em relação aos portos, acho que têm duas vantagens importantes:
- Se lá tiveres um barco e fizeres um consolidate (a coroazita), recebes um power token.
- Permitem dividir os barcos por 2 localizações no mesmo mar. Isto é provavelmente determinante para permitir que forças navais relevantes possam coexistir com forças terrestres com alguma dimensão, sem violarem as regras de supply.

Cristina disse...

O jogo é inspirado no livro do George R.R. Martin?

Hugo Carvalho disse...

Sim é.
Tens o mapa de jogo que é a ilha de Westeros e tens as personagens quase todas de cada casa que dão poderes ao jogador que controlar essa casa nos combates que vier a travar (e vão ser muitos).
Por outro lado os sítios mais emblemáticos do livro têm um castelo (o objectivo é ganhar 7 castelos)e para além disso existem poderes políticos que poderás conquistar como o trono de ferro, a espada de Valyrian e o corvo mensageiro.
Como se fosse pouco ainda tens os ataques dos selvagens para lá da muralha de gelo.
Existe uma componente diplomática de alianças que poderá ser feita entre os jogadores.
Um must para apreciadores do livro e de jogos de tabuleiro ou então para os apreciadores duma delas.
Deixa-me só acrescentar que existe o jogo base e uma expansão que traz mais componentes e permite a entrada de mais uma casa em jogo.
O jogo só ganha dimensão épica quando jogado a 5 porque torna as coisas mais equilibradas.
para mais informações consulta o link: http://www.boardgamegeek.com/game/6472

Anónimo disse...

Nao vi muito problema no Muster, mas se quiserem resolver isso eh so usar uma variante prevista na expansao Clash of Kings. Ela fala para revelar quais serao as proximas tres cartas de cada um dos montes (I, II e III). Assim, melhora o planejamento.

Nao acho que as regras sejam torturantes desse jeito como falou. Da ultima vez que expliquei o jogo, todo mundo entendeu perfeitamente desde o inicio. Alguem nao deve ter explicado direito.... tsc tsc

E a vantagem dos portos eh que ele nao pode ser atacado, somente conquistado por terra. Assim, fica impossivel alguem travar o porto e deixar algum jogador sem recrutar navios.

O que aconteceu na nossa partida estah resumidamene aqui: http://www.ilhadotabuleiro.com.br/?pag=clubes&acao=forum/topico&id=20&topico=24

Azulantas disse...

Ja tive este jogo mas troquei-o sem o ter chegado a jogar.

Entretanto arranjei o Warrior Knights que me parece mais adequado ao meu gosto pessoal. Experimentámos (Eu e Carlos "Musashi") e ficámos fãs, mesmo sem jogar um jogo completo.

Cacá disse...

Aqui no Rio gosta-se muito do GoT, mas ele tem visto pouca mesa de uns tempos para cá...

É um grande jogos, e a expansão (Clash of Kings) traz umas variantes bem interessantes, além da adição do 6º jogador...

Aconselho várias outras jogadas dele para se pegar todo o "feeling"...

Mas, não sei como foi o jogo de vocês, o vermelho SEMPRE se fode por aqui... heheheheheheheh

zorg disse...

Eu era o vermelho e fiquei em segundo (tinha 5 castelos, quando o branco ganhou). :)

Eu gostei do jogo, mas acho que para o tempo que demora, há outras opções que a mim pessoalmente me dão mais gozo. Por exemplo, durante esta semana jogámos um Mare Nostrum que demorou mais ou menos o mesmo tempo (o que também não é normal, mas enfim) e deu-me muito mais gozo. Acho que tem a ver com o facto do AGoT ser um jogo exclusivamente de guerra, enquanto no MN há guerra, mas também há outras coisas.

Mas, seja como for, eu dou 8 ao AGoT, se jogado com a expansão, o que não é nada mau, antes pelo contrário e vice-versa. :)

Hugo Carvalho disse...

Olha que não. O GoT demorou 3 horas e o MN 4 e nao acabámos.
Em todo o caso sao do mesmo género.
Ambos muito bons.

zorg disse...

3 horas, o Game of Thrones? Só se estiveste a dormir durante 2, porque o jogo demorou muito perto de 5 horas.

A gente começou às 16.30h e acabámos às 22.30h. Houve explicação de regras pelo meio, é verdade, e uma pausa de 20/30 minutos para ir levantar dinheiro. Mas mesmo assim o jogo demorou praticamente 5 horas.

O Mare Nostrum demorou 4 horas, mas também usámos a "versão longa" do jogo (5 heróis, em vez de 4, ou pirâmides com 13 recursos, em vez de 12) e estava quase a acabar, quando a gente resolveu fechar a loja.

Seja como for, mesmo que o AGoT tivesse demorado o mesmo tempo que o MN (e demorou praticamente 1 hora a mais), para mim a experiência de jogar MN foi incomparavelmente melhor.

Eu acho o AGoT um jogo interessante e com muitas coisas muito engraçadas, mas falta-lhe qualquer coisa... que o MN tem para dar e vender!

Hugo Carvalho disse...

Agora que comecei a pensar, foi realmente mais tempo do que aquele que pensava.
mas a questão do tempo não é muito relevante. Os jogos são muito bons tanto um como o outro e eu tenho algumas duvidas se prefiro um ou outro, mas com a ultima sessão de mare Nostrum feita ainda durante a semana (21:30 às 2:00) fiquei com a sensação que prefiro o Mare Nostrum.

Anónimo disse...

e que jogo aconselham em ambiente de idade média que não inclua exclusivamente a componente bélica?