13 agosto 2007

Session Report: She's got a Ticket to Ride

Pode parecer um pouco estranho para a maior parte dos frequentadores deste blog a afirmação, mas se me perguntassem que jogo gostava de encontrar num avião despenhado caso fosse uma personagem do Lost, diria sem pensar duas vezes: Ticket to Ride – Marklin Edition. E sou até capaz de jurar a pés juntos que conseguiria que o Sawyer o jogasse.
É impressionante o que este jogo consegue fazer numa mesa. Cada vez fico mais impressionado com o trabalho de Alan Moon e tenho realmente de lhe tirar o chapéu pela criação.
O jogo é simplesmente perfeito para servir como apresentação e além disso, tem um aspecto visual apelativo que seduz e desperta a curiosidade da presa que queremos converter. Basta aquela quantidade de carruagens coloridas sair dos sacos para o interesse aumentar.
Afirmo que de entre a minha colecção, o Ticket to Ride é o mais valioso. Como sou uma pessoa que ando sempre a tentar dar a conhecer, ao maior numero de pessoas possível os jogos de tabuleiro, socorro-me sempre do Ticket to Ride para o efeito e tenho uma taxa de sucesso de 99%. Só não consegui o pleno porque a minha noiva simplesmente odeia jogos de tabuleiro, mas o único jogo que gostou e que até é capaz de repetir foi, vá lá adivinhem, o Ticket to Ride.
Além disto tudo consegue que os jogadores mais experientes consigam estar numa mesa com os novatos e que estes até consigam ganhar. Como é um jogo que não exige muita concentração, permite o regabofe e a comunicação entre os adversários, havendo sempre boa disposição para dar e vender.

Ainda este Sábado convidei malta minha amiga para uma joga e como havia um elemento que nunca tinha jogado a um jogo de tabuleiro, o grande Maia, optei por um Ticket. Além disso era o dia da entrega dos convites do casamento e por isso o clima era de festa. Nada melhor, portanto, que um desafio de Marklin.
A partida foi renhida, toda a gente se divertiu bastante e, claro, todos querem voltar a jogar. Para a próxima já posso puxar sem problemas dum El Grande ou do colosso Railroad Tycoon que a malta não se assusta, isto porque o Ticket to Ride fez o seu trabalho e mostrou que jogar um jogo não é nada difícil e que a ideia de que um jogo de tabuleiro se transforma num concurso de inteligência onde existe uma disputa de QI não tem razão de ser. É isso mesmo, já todos podem deitar o horripilante Trivial Persuit no lixo, que os tempos são outros e ninguém tem pachorra para testes de cultura geral.
A Grande vencedora foi a Sara que consegue finalmente vencer no grande palco nacional de jogos de tabuleiro que é a casa do Hugo. A vitória foi sentida com grande alegria pois já se esperava um resultado destes após 3 segundos lugares em jogos anteriores.
O que se pretende é divertimento e quanto mais melhor.
O que mais se pode pedir?
Viva o Ticket to Ride!

12 comentários:

Unknown disse...

Oi Hugo, concordo contigo que o TtR é sem dúvida o melhor jogo para iniciar alguém nestas andanças. A taxa de sucesso que obtive é de 100%.
Este verão, optei por levar um Setlers para iniciar alguns amigos que estavam de férias comigo e fiquei arrependido, gostaram do jogo mas foi um pouco difícil de se integrarem e acharam muito longo. Da próxima vez passarei a joga-lo apenas até aos 8 pontos.

É mesmo verdade que nesta coisa de iniciados TtR Rules.

Chirol disse...

Desculpem-me, mas vou falar ainda sobre o post da Luderia!
Muito grato pela lembrança Hugo, apesar de (infelizmente) não ter conhecido a Luderia pessoalmente. Mas prestando atenção, na última foto estão dois notórios obatijoleiros: Mantovani, game designer e ícone paulistano, e Alfredo Corsário, nosso representante em Essen no ano passado!

grandes abraços!!

Bruno Valério disse...

Pode até ser muito bom para iniciados... e até engraçado de se jogar... mas please...

O xôr Hugo deve andar a tomar calmantes... :D

Hugo Carvalho disse...

O que está em causa é o objectivo do jogo. O Ticket to Ride é um jogo brilhante para o objectivo a que se propõe. Que é só e apenas juntar qualquer pessoa à mesa, independente da idade, credo e classe e no fim do jogo toda a gente ter gostado da experiência.
Não existe nenhum jogo, tirando talves o Modern Art, que consiga esse feito.
Claro que existem jogos mais exigentes e também muito melhores, mas nem todos conseguem ser tão transversais que o Ticket to Ride.
Por esta razão o Ticket to Ride é um clássico e fez mais pelo hobby do que qualquer outro jogo, tirando o Catan.
É isso que está em causa, o mérito que alan moon tem em ter conseguido isso.

soledade disse...

O Ticket tem esse mérito. É um jogo que resulta muito bem para newbies mas também para jogadores regulares. Eu, a maior parte das vezes, prefiro jogos mais exigentes e não sou grande fã de jogos que obrigam a fazer "carreirinhas" mas admito o brilhantismo do seu autor.

2 dedos disse...

Nunca joguei o TTR, mas o jogo q uso como "isco" é o Catan.
Não precisa de grande QI, não precisa de grande atenção e as trocas permitem sempre grande galhofada e risada.
Agora o meu "quest" é encontrar um bom jogo para jogar a dois.
Estou tentado a comprar o "Thurn and Taxis".
Alguma outra sugestão?

Este site é mesmo uma pérola, tive uns meses sem cá passar, mas é o melhor do que se escreve na nossa língua...

Hugo Carvalho disse...

2 dedos, ainda bem que gostas do site e esperamos que apareças sempre que possas.
Para jogar a dois não acho que o Thurn Und Taxis funcione muito bem.
Eu para jogar a dois gosto muito do Carcassonne the Castle do mestre Knizia. É um jogo só para dois, com todo o ambiente Carcassonne e que funciona muito bem. E olha que nem acho muita piada aos jogos carcassonne, mas este joga-se com agrado.
Tens também o Roma. Que é um jogo de cartas muito interessante e dá para puxar pela cabeça e está muito giro.
Agora, ultimamente a grande sensação é o Hive. É um jogo tipo Xadrez ou Damas mas que tem funcionado muito bem e consegue viciar. Além disso pode ser levado para a praia sem qq problema das peças voarem!

soledade disse...

Esqueci-me de falar no título. Belíssima escolha. Não sei se foi propositado ou não mas, a ideia de ter um título Beatles por aqui, sublinha o facto de ser um jogo para as massas e quase um b-a-ba. Não é que eu não goste dos Beatles, pelo contrário, é só porque é mais básico (no bom sentido :)) que outros da época. Digamos que o TTR é um Beatles, TTR Europe seria os Roling Stones, o TTR Marklin os Led Zeppelin. :)

zorg disse...

Não sou grande fã deste jogo. Acho-o chato. Não partilho nada deste entusiasmo do Hugo, nem concordo com grande parte do que ele escreve neste post (talvez motivado por esse mesmo entusiasmo). Gosto muito, mas mesmo muito mais do Settlers, do Thurn und Taxis (que é um excelente jogo para 2 jogadores, também), do Yspahan, ou do recém estreado Thebes, por exemplo, do que de qualquer das iterações do ticket to ride. Mas cada um é como cada qual e gostos são gostos. :)

E ainda bem que a sessão correu bem e as pessoas se divertiram, porque isso é que é o mais importante.

Hugo Carvalho disse...

Sim, o Thurn und Taxis é melhor que o Ticket, mas é mais complexo e a explicação das regras demora mais tempo o que é uma desvantagem quando a ideia é começar a jogar o mais depressa possível.
O catan é sempre um bom jogo, mas prefiro o Ticket como primeiro jogo. Aliás tenho os dois e nunca mais joguei Catan. Claro que o Catan é mais exigente mas não ha hipotese de um iniciado ganhar quando joga com alguem mais experiente e isso é uma desvantagem muito grande.
Por isso é que adoro o ticket nessa função. É rápido de ensinar, rapido de aprender, é visualmente estimulante e qualquer um pode ganhar. Os jogadores estão sempre muito proximos o que envolve o jogador.
Não me interessa minimamente se é mais ou menos exigente que o Catan ou o Thurn, nem gosto de fazer comparações quando o que me interessa é que toda a gmalta se divirta no primeiro contacto com os jogos. E ás vezes é dificil que isso aconteça, principalmente quando o pessoal tem orgasmos com o pictionary e o uno.
Isto porquê? Porque existe sempre presente a ideia de que qualquer um pode ganhar.
Costumo jogar Ticket com a variante em que o jogador é obrigado a escolher como 1ªcarta uma das 5 disponiveis. O jogo fica mais interessante.
O thebes nunca joguei isso é bom?

soledade disse...

Joga o Thebes. É muito giro, o tema está muito bem amarrado no jogo e pode ser muito divertido. Tem uma componente de sorte que pode ser muito "pesada" para gamers mais sérios mas, se fores pela diversão, tudo no jogo resulta: tema, produção, tempo de jogo, interacção, facilidade para empurrar newbies...

Spirale disse...

Pois eu discordo (e há muito) do Zorg. Tenho o TTR Märklin. Nunca joguei as outras versões, mas tenho a sensação que esta é a mais equilibrada no sentido em que agrada a iniciados mas não exclui veteranos. O jogo pode ser tenso e excitante. Não é um "gamer's game" mas também nunca quis ser. É um jogo divertido. Eu gosto de gamer's games, de euros mais complexos, etc... Mas também gosto de jogos com o gozo que este pode transmitir. Nesse e noutros sentidos o jogo continua a ter mérito. No BGG dou-lhe um 8.5, e parece-me que dificilmente conseguirei dar-lhe menos que um 8...

Quanto a bons jogos para 2, sugiro os seguintes:

Hive
Goa
Tigris & Euphrates
San Juan
Mykerinos
Memoir '44
Twilight Struggle
Lost Cities
Roma
Thurn und Taxis
Odin's Ravens
Jambo
Carcassonne
Schotten Totten
Mr. Jack
Lord of the Rings: The Confrontation

O Jenseits von Theben (Thebes) joguei-o pela primeira vez há umas semanas e gostei muito. Tem um mecanismo inovador - o jogador que está "mais atrás", joga primeiro, e é "rebocado" para a dianteira de uma forma interessante. Estar em último neste jogo por vezes pode ser estratégico e bom.
Na minha colecção, fica encaixado nos jogos acessíveis e divertidos tipo Settlers of Catan, Ticket to Ride ou Thurn und Taxis...