11 dezembro 2007

Lançamentos Portugueses

Estamos em Dezembro e o Natal vai chegar num esfregar de olhos. Muitos dos nossos leitores não sabem, mas começa a existir uma leve movimentação no mercado nacional de jogos de tabuleiro. Nada que se note a olhos vistos, mas se olhar com mais atenção nas estantes da Fnac poderá facilmente dar-se conta disso.
Por isso, fazemos aqui e agora a nossa parte no que toca a divulgação dos ditos lançamentos.

Lista de jogos editados pela www.Morapiaf.com

Lobisomens da Aldeia Velha
Baseado num jogo popular Russo – Máfia, Lobisomens da Aldeia Velha pode ser um divertimento bastante interessante para grupos grandes, especialmente nesta época natalícia onde as mesas costumam estar cheias de gente de todas as idades.
O jogo é bastante simples de aprender e o ambiente de mistério e terror pode-se sentir facilmente na mesa. Para o melhor ou menor funcionamento da sessão, o grupo de jogadores está dependente da capacidade do moderador e da forma como ele consegue desenvolver a partida. A melhor ou pior aceitação do jogo depende muito deste moderador, muito embora se ele tiver em conta que se trata dum jogo que quer incutir algum desconforto e se souber gerir os silêncios das acções, Lobisomens vai certamente divertir todos os que se propuserem a jogá-lo.
O desafio é o seguinte. Numa aldeia vão haver lobisomens e aldeões. Cada jogador interpreta um papel e como está bom de ver os lobisomens querem matar os aldeões e estes querem eliminar os lobisomens.
São distribuídas secretamente cartas pelos jogadores. Uns ficam lobisomens, outros aldeões. Os aldeões, contudo, terão capacidades especiais. Assim de entre os aldeões vão haver as meninas, as bruxas, os ladrões, etc. Todos eles terão capacidades especiais que poderão ser usadas no decorrer da partida e que servirão para desmascararem os lobos.
A premissa é que todas as noites, o moderador mande todos os jogadores fecharem os olhos e, à vez, vai mandando as personagens abrir os olhos. Enquanto uma personagem joga em silêncio, todos os outros continuam de olhos fechados. Este estratagema é bastante interessante porque incute algum desconforto nos jogadores. Isso é particularmente evidente quando os lobisomens são mandados jogar e escolhem a sua vítima. A personagem menina, durante a fase dos lobisomens, pode espreitar ficando a saber, assim, qual a identidade das criaturas do mal. O problema é que não pode ser vista a espreitar porque senão transforma-se na vítima. Mas existem mais papeis. A bruxa pode ressuscitar jogadores mortos pelos lobisomens, a Vidente pode ver algumas cartas ficando a saber mais sobre as identidades dos jogadores, e o Capitão cujo voto vale por dois.
De noite são feitas as jogadas e de dia sabe-se quem foi o jogador escolhido para morrer nas garras dos lobisomens. Após esta informação, todos os jogadores se reúnem e discutem quem vai ser o jogador eliminado do jogo por votação. A ideia é tentar saber quem são os lobisomens para serem eliminados. Aqui o importante é saber negociar e os lobisomens terão de fazer jogo duplo de forma a não serem escolhidos pela assembleia do povo.
Ganha quem sobreviver.
É um jogo barato, de 8 a 18 jogadores, que tem a duração de meia hora. Lobisomens Da Aldeia velha assume-se uma óptima escolha para grupos grandes e para colocar os miúdos e graúdos entretidos numa festa ou mesmo para ser desfrutado numa sala de aula. No meu tempo de petiz jogávamos a coisas deste tipo nas comemorações da aula 100 duma disciplina.


Lobo
Lobo foi o jogo do ano em França no ano de 2002. É um jogo muito simples para 2 a 4 jogadores cujo objectivo é reunir o maior rebanho de ovelhas. Para isso os jogadores vão colocando peças na mesa de forma a aumentar os rebanhos da sua cor e tentar diminuir os rebanhos dos adversários. Os jogadores vão retirando peças do saco e formando as quintas, ou seja vão tentar aumentar a sua e fecharem as dos oponentes. Por outro lado tentaram colocar lobos junto às florestas para que estes comam os rebanhos adversários. A defesa a estes animais selvagens poderá ser feita por caçadores que anulam as suas acções. Portanto vão haver algumas decisões a serem tomadas que nem sempre serão fáceis.
Num misto de dominó e puzzle, Lobo é um jogo muito simples que agradará aos menos familiarizados com os jogos de tabuleiro. No entanto passará ao lado dos jogadores mais experientes e que procuram desafios mais complexos. Seja como for, a vantagem deste Lobo está na facilidade com que se explicam as regras e, por isso, ser bastante acessível, especialmente para crianças a partir dos 12 anos que poderão ter aqui um bom presente de Natal para desfrutar com os pais, ao mesmo tempo que desenvolvem a sua capacidade de raciocínio.


Time’s Up
Este jogo é um chamado party game. Compete directamente com colossos de vendas como Pictionary, Trivial Persuit ou Party & Co. Não traz nada de novo ao mercado, mas consegue atingir os seus objectivos que é entreter um bom punhado de gente que se senta à mesa para passar uma noite divertida.
As regras são simples. O objectivo é as equipas conseguirem descobrir a identidade de 40 personagens (reais ou fictícias). Cada equipa joga á vez e com a ajuda duma ampulheta tenta, através de pistas, saber de que personagem se fala.
Por exemplo: O Jogador encarregue de dar a pista diz que é uma personagem de banda desenhada, criada por Franquin e que a acção das suas histórias se passa num escritório. A resposta seria Gaston Lagaffe. Acertada a personagem, tira-se outra carta e continua-se no mesmo sistema. Quando o tempo acabar, contabiliza-se as personagens adivinhadas e será a vez de outra equipa passar á acção. Isto vai-se repetindo até as 40 personagens serem adivinhadas.
Numa 2ªfase, e com as mesmas 40 figuras (todas elas agora já conhecidas pelos jogadores) a pista será dada apenas com uma palavra. Apenas uma. Para o mesmo Gaston a pista poderia ser Franquin. A escolha da palavra é muito importante porque existem personagens que têm pontos de contacto. Haverá muitos músicos, actores, etc. Se a equipa não acertar, passará a vez á seguinte que beneficiará da palavra da equipa anterior e poderá assim acrescentar mais uma.
A 3ª fase faz-se exactamente a mesma coisa, mas desta vez com mímica. Se calhar seria interessante saber como se iria imitar fisicamente o Gaston.
Pronto e é isso. É um Party Game como qualquer outro, tem as desvantagens e as vantagens dum jogo deste tipo, mas é uma boa opção para quem gosta deste género de desafios. Não será tão divertido como um pictionary, mas será certamente melhor que responder a 50 perguntas de enfiada.


Outra das editoras que se lançou no mercado foi a RunaDrake. Lançou recentemente Wings of War em Português que também pode ser encontrado em qualquer prateleira da Fnac. É um jogo de cartas que simula as batalhas de aviões da 1ª guerra mundial nos céus da Europa e é um divertimento enorme para quem gosta de batalhas aéreas e que não se importe de se sentir criança outra vez. É um jogo com alguma complexidade e que joga tudo no poder de antevisão dos jogadores. Pode saber mais numa critica editada neste blog em Maio deste ano.

11 comentários:

soledade disse...

Eu acho que o futuro dos jogos em Portugal tem de passar pela produção em português. Parabéns à Morapiaf e também à Runadrake que vão fazendo isso, ainda de forma algo tímida e quase ainda sem expressão.

A versão em português dos Lobisomens da Aldeia Velha vale muito a pena. O Lobo tem uma qualidade de produção muito boa. Os outros não comento porque não conheço.

Paulo

zorg disse...

Já joguei Lobo 2 ou 3 vezes e diria que está na mesma classe o Carcassonne base. Tem mais ou menos o mesmo nível de complexidade e duração, é muito fácil de ensinar, tem excelentes componentes e decisões interessantes. Quanto ao lobisomem da aldeia velha, eu joguei-o algumas vezes, mas com o título de Mafia. Se houver o espírito certo e as pessoas certas que lhe injectem a necessária dose de criatividade e humor é o jogo por excelência para grupos grandes.

Costa disse...

Eu estive na FNAC do Colombo na 2ª feira e fiquei surpreendido porque vi lá muitos jogos à venda. Os preços s-ao exorbitantes, mas os jogos estão lá e com alguma variedade. Para além das versões portuguesas de LOBO, CARCASSONNE, LOST CITIES, SETTLERS OF CATAN, TIME'S UP, WINGS OF WAR e WEREWOLF, vi dezenas de jogos, entre os quais POWER GRID, CHINA, RAILROAD TYCOON, ALHAMBRA, BATTLELORE, WARCRAFT, THURN & TAXIS: POWER & GLORY, TSURO, EMIRA entre muitos outros que agora não me lembro.

É como o Paulo diz, é preciso apoiar quem faz um esforço em lançar produtos em português. A Morapiaf e a Runadrake estão a trabalhar neste sentido e isso é importante. Vamos ver como vai ser o ano de 2008.

FELIZ NATAL ao Jogos de Tabuleiro
costa

Hugo Carvalho disse...

Eu acho que o que falta mesmo é a divulgação dos jogos. Mas isso é um papel que tem de ser feito pelas distribuidoras.
Se fizessem sessões em escolas poderiam ter algum êxito. Olhem, eu e o resto da malta na minha altura de secundário, se tivesse um wings of war estava sempre a jogar aquilo cada vez que tivesse um furo.
O Jogo Lobisomens também pode ser jogado por uma turma inteira na boa.
Os jogos t~em é de ser divulgados como deve de ser.

Unknown disse...

Os jogos que estão na FNAC e tb no El Corte Inglês, reflete o bom trabalho que está a ser desenvolvido pela netsurf, e julgo, pela Rune.

Finalmente os revendedores estão a ser convencidos que existe vida para além do monopoly e o risco.

O maior problema está nas grandes superficies, que até poderiam encomendar uns quantos jogos decentes, mas os pequenos distribuidores cá do burgo não se aguentam a pagamentos a 180 dias e muitas vezes à consignação contra o pronto pagamento exigido pelas editoras.

Não sei se já repararam nas torres de caixas de risco, monopoly, pictionary e afins, que existem nos hipers, e pior a preços exorbitantes. Um monopoly chega a custar 55 euros.

O mundo está virado e por falta de conhecimento, as pessoas vão comprando o que lhes é impingido.

Hugo Carvalho disse...

O que acontece é que as pessoas compram o que conhecem. Toda a gente conhece o Monopoly.
Só para teres um exemplo. No Natal passado estava no Corte Inglês a ver o que eles lá tinham e apareceu um senhor a querer comprar um jogo para oferecer ao filho. Ficou a olhar os jogos de tabuleiro e perguntou à Sra. que lá estava como eram os jogos. Claro que ela não fazia a menor ideia do que lhe responder, optando por pegar nas caixas e olhar para as fotografias e dizendo que este tem bonecos (heroscape).
Claro que o Homem não levou nenhum.
E talvez aí esteja um dos problemas das distribuidoras em Portugal. Não dão a conhecer os jogos que distribuem.
Por mim é-me indiferente, afinal o negocio é deles. Eu tenho o meu grupo, que felizmente é suficientemente grande para arranjar sempre jogadores para jogar. Também sei onde comprar, e estou minimamente informado sobre o que se passa.
Agora não vou negar que me dói o coração quando vejo alguém a comprar o monopólio para oferecer aos filhos.
Então esta época natalícia fico mais sensível a estas imagens.

Unknown disse...

No outro dia aconteceu algo com a minha mulher que infelizmente e pela tua descrição não é lá muito inédito, mas no mínimo bastante bizarro.
à procura do Hey thats my fish para oferecer à nossa filha mais nova, a Sandra passou na loja da fnac do Cascais shopping que tinha a montra da entrada carregadinha de jogos de tabuleiro (AoE3, o tide of iron e outros jogos da Fantasy Flight Games, etc..) Já dentro da loja perguntou a uma das meninas que lá estava a atender onde podia encontrar jogos de tabuleiro. A resposta foi imediata:
- Não temos...
e numa tentativa de ser delicada e mostrar-se atenciosa continuou,
- mas se for aqui ao continente certamente encontrará o monopólio ou outros jogos desse tipo.

Fiquei parvo quando me contou. Mas a coisa ainda piora.

Como a minha mulher não gosta muito de se ficar quando vê que as coisas estão mal, alertou a tal menina que como profissional deveria saber pelo menos o que se encontra na montra da loja onde trabalha.

Depois de se desfazer em desculpas lá apareceu um dos mais informados da loja que fez logo um discurso sobre o funcionamento da fnac e que iste tipo de jogos são procurados por adultos e coleccionadores, muito complexos (esqueci-me de referir que estava lá um ticket to ride e o munshkin), que são jogos importados directamente do estados unidos, bastante raros e que não eram muito procurados, por isso é normal que mandem as pessoas para o continente, que o costume era procurar o monopólio e o risco.

Daahh

Ou seja quanto mais falava mais se entalava e mostrava a falta de conhecimento sobre o que estava ali a vender. Especialmente quando todos eles tinham o selo da NetSurf.

Enfim é a sim que vai o país.

Cacá disse...

O mais triste é saber que isso acontece com vocês, achei que esse tipo de situação só acontecia aqui no Brasil (onde a nossa Fnac nem tem jogos nenhum)...

Spirale disse...

Eu limito-me a acrescentar, que entre as inúmeras histórias a que assisti, aconteceu uma em que tive de intervir. Estava no El Corte Inglès, na dita secção de jogos de tabuleiro, e vejo uma senhora que queria comprar um jogo de tabuleiro para o marido e explicou isso à vendedora que disse o seguinte: "O Monopólio e o Cluedo estão ali. Agora estes jogos que aqui estão, além de não perceber nada deles, não gosto deles." A compradora faz um sorriso amarelo e insiste que queria mesmo levar um jogo daqueles (apontando para os Euro/Designer Board Games). A vendedora pega numa expansão do Carcassonne e diz: "Então leve este que parece giro." A senhora não se mostrou completamente convencida. Aí a vendedora sugere uma expansão do Settlers of Catan - cada tiro cada melro. Eu que já estava algures entre o constrangido e o incomodado, achei que tinha de salvar aquela senhora de comprar uma expansão de um jogo que não tinha. Assim fiz. Tendo em conta as opções disponíveis e os critérios da senhora, que queria um jogo que também desse para jogar a 2 - o que deixou o Settlers de fora - acabou por levar um Thurn und Taxis com um ar satisfeito, até porque tinha sido recomendado. A vendedora além de uma descasca, levou uma ensaboadela. :-) Passado umas semanas, na FNAC, assisti a um episódio semelhante, desta feita uma senhora que estava com uma expansão na mão a afirmar: "... este parece giro, levo este!" Imagino a cara dela quando se aperceber que ofereceu uma expansão de um jogo que a pessoa não deve ter. Enfim... Que fazer? Substituir-me aos vendedores da FNAC e do El Corte Inglès? Ensinar a malta da Netsurf e da Runadrake a identificar, informar e fazer marketing dos produtos de forma adequada?
Como conheço suficientemente as duas, e o grau de profissionalismo envolvido, acho que ia perder tempo. Têm boa vontade e alguma carolice, o que já não é mau, mas falta-lhes o resto. E quanto ao resto, eu sei por onde anda. ;-)

Cacá disse...

Queria aproveitar o espaço para divulgar mais um blog sobre os nossos amados jogos... Chama-se "E aí, tem jogo?" e é escrito por esse que vos fala... Espero que vocês gostem... =)

http://eaitemjogo.blogspot.com/

Carla Lopes disse...

Gostaria muito de adquirir jogos para o ensino de língua inglesa em minha escola. Na escola que trabalho com alunos do ensino fundamental tem uma péssima estrutura de espaço para os alunos. A quadra é depredada e existe apenas uma sala de vídeo que é concorridíssima. Então, para motivá-los e inovar minhas aulas de inglês gostaria de adquirir jogos de tabuleiro. Onde consigo? Em quais sites posso comprar?

Grata,

Carla Lopes