11 julho 2008

Estupendos de Oiro Estupendos: A previsão!

Depois da entrega do conceituado e espampanante prémio do SpielPortugal e numa altura que se fala nos prémios Abreojogo que vão cair como um meteoro sobre a cabeça dos designers e jogadores, chegou a vez de começarmos a falar seriamente do Estupendo de Oiro Estupendo. O Estupendo de Oiro Estupendo é um prémio atribuído aqui neste blog e cujo critério depende apenas e exclusivamente da vontade e juízo do seu criador, o destemido e audaz Zorg. Do juízo, já se constou, não podemos esperar muito, mas agora da vontade, disso não se pode acusar o homem de a ter em falta.

Como se lhe fossem poucos os méritos a apontar, Zorg nunca ganhou o aclamado geek of the week, de maneira que nada o pode credenciar mais para deliberar sobre o vencedor. Mais importante do que tudo isto, a atribuição deste galardão tem ainda a carga emocional de fazer Portugal, neste momento, o País Mundial com mais prémios atribuídos por numero de jogadores, facto que não se pode deixar de assinalar e também saudar com urras e vivas estridentes.
Paralelamente a todas estas contingências que fazem as delícias dos internautas de todo o globo, assinala-se também que o prémio em questão nunca vai ser comunicado ao vencedor, ficando o mesmo na total ignorância quanto aos seus dotes, não se podendo exibir graciosamente aos seus pares nem tão pouco colocar um troféu catita no móvel da sala.
Mediante isto, aqui fica a minha previsão em relação aos nomeados. Estes pequenos apontamentos que vão ler a seguir são baseados em pouca experiência, mas são de boa vontade.

Conquest of Paradise:
A GMT está em grande na mesa do Zorg. Sem se dar conta disso, de repente tornou-se “in” jogar aos jogos desta editora que aposta bastante na forte implementação do tema na experiência de jogo. Este é talvez o seu grande trunfo e, se é verdade que nos deliciamos com o magnífico Twilight Struggle e o nos regozijamos com meu jogo de eleição de todos os tempos Commands and Colors, Conquest of Paradise não consegue chegar a esse nível. É um bom jogo de facto, o tema insere-se muito bem nas mecânicas e conseguimos encarar os problemas que vão aparecendo como se fossemos chefes duma tribo com grandes pilas e carradas de crias espalhadas pelas ilhas da Polinésia. As primeiras tentativas podem-se tornar, contudo, bastante frustrantes uma vez que o jogo presta-se a que cada jogador adopte uma estratégia virada para o seu canto e não se interesse minimamente com aquilo que vai acontecendo nos mares. Uma vez que se desperte para as vantagens das guerras entre clãs e de como estas conseguem atrasar a estrutura económica dum jogador que leva vantagem, Conquest of Paradise ganha uma dimensão bem maior do que aquela que aparenta à primeira vista. Depois tem pormenores interessantes, nomeadamente as batalhas cujo resultado não é catastrófico para o derrotado o que possibilita vinganças memoráveis e um interesse redobrado para os turnos seguintes. Tem sido acusado por possuir um componente de sorte muito vincada. Tratando-se um jogo de exploração dos mares, o que acontece é que os jogadores quando fazem as explorações vão de encontro a ilhas mais ricas e outros a ilhas mais pobres tornando desiguais os argumentos dos participantes. É verdade sim senhor, mas quando os navegadores destas tribos se lançavam às águas certamente não sabiam o que iriam encontrar, podia ser uma viagem em grande ou não. Exactamente o que acontece no jogo. Seja como for, uma coisa já conseguimos perceber, não há nada que uma boa guerra não consiga fazer para equilibrar as coisas.
Conquest Of Paradise tem poucas coisas hipóteses de ganhar o estupendo de oiro estupendo, mas tem um argumento muito forte, a aplicação do acrílico por cima do mapa. Todos sabemos da qualidade dos mapas da GMT (folhas normais de papel) de maneira que Zorg se viu obrigado a comprar uma placa de acrílico para proteger a área de jogo. Isto á primeira vista pouca importância tem, mas Zorg demonstra um orgulho muito grande no seu acrílico.

A minha pontuação: 3
Possibilidade de vitória: Pouca

Race for the Galaxy:
Aqui a história já é outra. Se é verdade que conheci muita gente viciada em muita coisa ao longo da minha vida, desde a drogas, álcool, mulheres, casinos, Benfica, Playstation, etc, pela primeira vi alguém a viciar-se num jogo de cartas aparentemente inofensivo. Esse jogo chama-se Race for the Galaxy e a verdade é que já vi com estes olhos que o fogo há-de comer o Zorg a suar por ter passado 24 horas sem fazer uma partidinha. Confessou-me há dias que já fez mais de 100 jogos e ainda vai descobrindo pormenores que lhe passaram despercebidos na primeira centena de partidas. Verdade ou mentira o que se conhece é que o fenómeno não é exclusivo aqui do Zorg. Muita gente padece do mesmo e todos são unânimes em considerar Race for the Galaxy um dos jogos mais geniais e viciantes que alguma vez foi inventado. Na senda de jogos tipo San Juan e Glory to Rome, Race for the Galaxy parece realmente ser um passo em frente nesta categoria. A mim, sou sincero, parecem-me todos iguais e repetitivos, mas se tiver de jogar a um deles prefiro o Race. Contudo sou frequentemente informado por quem percebe destas coisas que só lhe posso dar o devido valor quando fizer 20 jogos. Mas mais do que a beleza das cartas não há nada mais emocionante e enternecedor do que a alegria do Zorg a matar o vício. Além disso ganha sempre!

A minha pontuação: 2
Possibilidade de vitória: O grande favorito.

Brass:
Martin Wallace em grande. Como sempre este designer inglês brindou os seus fãs com um jogo brilhante. De tal forma que teve o mérito de fazer com que aqui a malta repetisse várias vezes seguidas a experiência de o jogar. Note-se que chegam por semana em média dois novos jogos da Alemanha a casa do Zorg, por isso é de enaltecer o feito deste diamante do mestre Martin.
Mas esta boa notícia acabou por se revelar fatal. Brass não aguentou às constantes repetições e foi mostrando as suas fraquezas, nomeadamente na parte final do jogo onde foi sugerido, com alguma razão, que os jogadores ficam sem rumo e começam a construir ligações entre as cidades apenas para fazer pontos e não para construir algo proveitoso ao seu score porque já não têm tempo.
A verdade é que nunca mais se jogou ao Brass e neste momento, passado o encantamento inicial a caixa está abandonada no móvel à espera de comprador. Eu como só fiz 2 jogos continuo seduzido, mas quem o já jogou várias vezes perdeu o interesse.
Mas a bem da verdade, e nestas coisas há que ser justo, jogar um jogo que nos faça pensar nele e nas formas de poder ganhar, as vantagens e desvantagens das estratégias utilizáveis é uma coisa grandiosa. Brass foi isso tudo durante 2 ou 3 meses. Estudou-se até ao ínfimo pormenor as jogadas e as possibilidades, colocaram-se as mesmas em prática e com toda esta obsessão o jogo esgotou-se. É pena, mas para mim, se tivesse algum voto na matéria, era o grande candidato.

A minha pontuação: 4
Possibilidade de vitória: Nenhuma

Container:
Outro! Tal como o Brass já foi alvo de grandes teorias e de grandes conversas. Cada cabeça sua sentença e ainda bem porque cada vez que se escreve ou se fala nele aprende-se sempre qualquer coisa. Um jogo económico por excelência, na sua vertente mais primitiva e simples, Container é um colosso do divertimento. É um jogo que me parece que se vai esgotar também, quando chegar a um ponto em que se já se percebeu como funciona as regras da oferta e da procura, mas contrariamente ao Brass, Container tem a vantagem de ter sido jogado poucas vezes e sempre com jogadores diferentes o que cria um empatia mais forte que o que aconteceu com o jogo de Wallace. Mas o sentimento dos jogadores é igual. Vão para a casa a pensar naquilo! Depois é um jogo bonito e atraente à vista, além de ser ideal para todo o tipo de jogadores. Sim, também é um pouco melhor que o Brass.

A minha pontuação: 4
Possibilidade de Vitória: Grande

In The Year of the Dragon:
Jogo abstracto de Stefan Feld, bem ao estilo Euro que tem cativado todos. Um melhoramento em relação ao anterior Notre Dame, mas a mesma experiência de jogo. Difícil como o caraças, In the Year Of the Dragon coloca o jogador constantemente a suar e em dificuldades com várias decisões difíceis e também em grande interacção com os colegas (uma novidade em relação a Notre Dame). Tem a grande vantagem de demorar uma hora e é sempre a abrir.
Não gosto muito de jogos abstractos em que o tema é posto ali à martelada. Aos poucos desenvolvi um gosto por jogos em que o tema envolva toda a experiência do jogador. Gosto também de ir a pensar no jogo para casa. O que fiz mal, o que deveria ter feito ou como posso melhorar a minha performance.
In the Year of The Dragon não tem nada disso. Mas o que sei é que é muito bom e teve um grande sucesso, havendo inclusivamente muitas cópias a serem compradas após a primeira partida.

A minha pontuação: 3
Possibilidade de Vitória: Alguma

Tribune:
Entramos aqui nas últimas aquisições e que beneficiam do factor novidade. Estão naquela fase em que se pensa nelas com carinho e ternura. Tribune teve também bastante sucesso entre o grupo. Joga-se numa hora e é um jogo bastante limpinho em relação a mecânicas que funcionam como um relógio suíço. Se olharmos para o trabalho do seu designer, Karl-Heinz Schimel o mesmo que Die macher, conseguimos perceber que o jogo foi muitas vezes testados e seria impossível fazer melhor. Tecnicamente é perfeito.
Apesar de bem disfarçado, com um tabuleiro magnífico, Tribune é um jogo abstracto que parece oferecer muito mas que, depois de exprimido, oferece realmente muito pouco. Exemplo disso é o sistema de acções ao estilo Caylus e Pillars. Na verdade existem muitas acções que podem ser escolhidas mas que mais não são do que a mesma, escolher cartas. Seja como for, Tribune tem consistência e demora mais ou menos uma hora para jogar o que joga a favor dele. Ninguém pensa muito naquilo e alguns leilões ajudam a aquecer as coisas. Mas não evitei uma certa frustração. Zorg gostou bastante e todos os outros companheiros também. Houve mesmo um que depois de jurar a pés juntos que não comprava mais jogo nenhum, mal jogou Tribune deu o dito por não dito e resolveu-se pela compra.
Para mim, dentro do seu estilo, fica muito atrás de Taj Mahal de Knizia. Nada de novo.

A minha pontuação: 2
Possibilidade de Vitória: Pouca

Wabash Connonball:
É o jogo xunga do ano. Produzido com componentes tão pobres tão pobres que até dão pena, a única coisa que levaria um lunático como Zorg a comprar tamanha mediocridade seria a qualidade do jogo em si, ou então a possibilidade de usar mais uma vez a sua querida placa de acrílico para proteger a folha de papel do mapa.
Inesperadamente, o jogo é um espanto e consegue sintetizar em apenas uma hora mecânicas já conhecidas de Imperial ou principalmente Indonésia. Ao mesmo tempo introduz um sistema económico mais ou menos complexo de compra de acções onde se alia a novidade do jogador fazer a jogada e gastá-la na companhia que bem entender. Ou seja, isso faz os jogadores colaborarem uns com os outros temporariamente para os lixarem depois. As acções são vendidas em leilão e há muita coisa interessante a acontecer.
Ora isso introduz muitas contas, previsões de custo benefício e acesa troca de ideias após as partidas. Mais do que isso é um jogo que demora uma hora a ser concluído.
É uma revelação por conseguir dar uma experiência de jogo intensa em tão pouco tempo.
Além disso é o jogo mais fácil de piratear de todo o Boardgamegeek e existem fortes possibilidades do resultado da pirataria ter melhores componentes que o original. A única dificuldade é arranjar as regras, que não estão disponíveis nos locais habituais.

A minha pontuação: 4
Possibilidade de Vitória: Grande

Agrícola:
Não me posso presenciar porque nunca tive a oportunidade de o jogar. Seja como for Zorg telefonou-me após o seu “agrisolo” a dizer que estava fascinado. Em primeiro lugar porque foi a primeira vez que jogou um jogo sozinho e depois porque o raio do jogo oferece milhões de possibilidades. E quando digo milhões são mesmo milhões. Nem consigo imaginar esse numero aplicado a um jogo de tabuleiro. Nem na vida tenho milhões de opções...

Possibilidade de vitória: Forte candidato

4 comentários:

soledade disse...

O Wabash é, provavelmente, um dos jogos mais bem desenhados dos últimos anos. Não fora aquela produção merdosa e a coisa era bem melhor. O problema, para mim, é competir com o Brass, o melhor de todos. O Agricola é entretido e bem feito mas também não me apaixonou.

O Race for the Galaxy e Container estam num patamar bem abaixo. Sobretudo o Race for The Galaxy, ó coizinha chata.

O Conquest of Paradise dá gozo mas tem desequilíbrios de sorte importantes que o fazem um não candidato na mesma categoria dos outros.

O Tribun é porreiro pá. Lá está, um médio médio bem oleadinho, e mesmo muito bem afinado. pode não ser arrebatador, que não é, mas não se consegue dizer muito mal dele. O problema é que é só bom mais em tudo, não chega ao soberbo e brilhante em nada.

PS

soledade disse...

Quando eu escrevi estam era para escrever estão mas, como já são 3 da manhã, acho que estou desculpado. :)

soledade disse...

Não estão?

zorg disse...

Pois, eu não tenho, de todo a mesma opinião que tu. :)

Acho que o Brass é o mais fraco do lote dos nomeados e o único que foi perdendo gás a cada nova sessão. Para mim, qualquer um dos outros o bate aos pontos. E, ao contrário do que o hugo diz no texto, isto não tem nada a ver com desgaste porque há outros candidatos que foram mais jogados que o Brass e de que eu gosto mais. :) Uma coisa boa que o Brass trouxe foi a redescoberta do Age of Steam, jogo que eu considero cada vez mais a obra-prima do Wallace. E até já comprei uma expansão e tudo, embora ainda não tenha tido tempo de a jogar.

Sem querer revelar demasiado, os jogos que têm maior probabilidade de ganhar este prémio absolutamente gratuito e sem critério são, sem nenhuma ordem particular: Container, Race for the galaxy, Agricola, Conquest of Paradise, In the year of the dragon, Wabash Canonball, Through the ages e Tribune. ;)