04 dezembro 2008

A colheita de Essen

Quais dos jogos de Essen deste ano é que já foram jogados pelo povo superior do JogosDeTabuleiro?

Aposto que essa é a pergunta que invadiu a vossa mente e vos atormenta diariamente, em todas as horas e todos os minutos, que vos provoca pesadelos e vos faz acordar aos gritos, com o suor a escorrer pela cara, a meio da noite! Aposto que essa é a pergunta que, pouco a pouco, vos está a levar à loucura!

Ou então, não!

Mas, seja como for, essa é a pergunta a que eu quero responder com este post.

Os jogos de Essen que fazem parte da minha colecção e/ou das dos criminosos com quem eu costumo jogar são: Powerboats, Space Alert, Confucius, Le Havre, Pandemic, Ghost Stories, Mecanisburgo, Race for the Galaxy: the gathering storm, Leader 1... e creio que é tudo. Destes, jogámos até agora: Space Alert, Powerboats, Confucius, Race for the Galaxy: the gathering storm e Leader 1. Eu joguei um jogo incompleto e solitário de Le Havre, para aprender as regras, mas isso não conta.

Powerboats

Se fizerem um ligeiro scroll para baixo, serão confrontados com uma das piores reviews jamais escritas sobre algum jogo, no período que vai do paleolítico superior ao dia de ontem (que foi quando comecei a escrever a review do Space Alert). No entanto, é uma review sobre este jogo em particular e que resume, de uma forma trapalhona e, a espaços, ridícula, a minha opinião sobre o jogo. Por isso recomendo a sua leitura, nem que seja só para terem mais um argumento para gozar comigo, no caso, altamente improvável, de vos faltar um argumento para gozar comigo. Mas, resumindo a minha opinião sobre o jogo: é rápido, é fácil de explicar, é emocionante, é o meu novo jogo de corridas favorito e, apesar disso, é o jogo de corridas que mais gosto de jogar.

Space Alert

Está a caminho a pior review de sempre (comecei ontem e já escrevi o título), mas posso adiantar que este jogo foi o prato principal de uma das melhores sessões de jogo do período que vai do paleolítico superior até hoje (vamos jogar hoje e eu sou um gajo optimista por natureza)! Jogámos 3 vezes seguidas e jogaríamos mais! Mas, devido ao adiantado da hora quando terminámos o terceiro jogo, optámos por jogar antes Powerboats até às 3 da manhã. E isto num dia de semana! Não vou dar muitos detalhes, para não tirar potência ao verdadeiro murro no estômago - daqueles de fazer caír para trás e ficar no chão agarrado à barriga com convulsões - que eu espero que a review seja, mas posso dizer que este jogo é uma bomba Antónia! É caótico de uma forma positiva, é tenso, de uma forma tensa, por causa da pressão do tempo, é brutalmente temático, por causa do tema, e é extremamente rápido porque uma missão não dura mais de 25 minutos, embora os 10 passados em tempo real, pareçam 2 horas. Uma sessão de Space Alert é uma sessão de gritaria, stress e tentativas patéticas de coordenação, mais ou menos condenadas ao fracasso. É um jogo-experiência e é diferente de tudo o que joguei até hoje. Gostei tanto deste Space Alert que posso revelar que, depois deste e do Through the Ages, estou pronto para me casar com o Vlaada Chvatil, se ele algum dia pedir a minha mão!

Confucius

Este está num campeonato diferente dos anteriores. É um jogo complexo e interessante, mas com aqueles pormenores temáticos a la Wallace no topo da sua forma. Há muitas opções, há muito planeamento a fazer, um pouquinho de sorte... e o mecanismo dos presentes é extraordinário! É um jogo rijo e complicado de dominar, na melhor tradição de coisas como o Struggle of Empires, que é sempre o título que me vem à cabeça quando penso neste Confucius. Dura 2 horas e picos, tem negociação, interacção, conflito, estratégia, tema... é daqueles jogos que faz crescer a barba e faz um gajo arrotar, quando o joga! Muito bom!

Race for the Galaxy: the gathering storm

Quando se joga um jogo quase 100 vezes, isso quer dizer alguma coisa. Normalmente quer dizer que o se é doente e, provavelmente, se tem demasiado tempo livre, por falta de competências sociais que permitam, entre outras coisas, engatar gajas. Outras vezes quer dizer que o jogo é a puta da loucura, como costuma dizer o pároco da minha igreja. E, do alto dos meus quase 100 jogos de Race, posso afirmar peremptoriamente que, de facto, o sexo feminino permanece um mistério insondável para mim. Para além disso, também posso dizer que, no jogo base, as estratégias de produce/consume são um pouco beneficiadas em relação ao resto. Esta expansão resolve admiravelmente a segunda questão embora, lamentavelmente, não faça qualquer contributo para resolver a primeira. Talvez a próxima expansão inclua um "Guia de conversação para encantar senhoras"?

Leader 1

É injusto talvez referir o Leader 1 nesta lista, porque só o jogámos uma vez e, mesmo aí, com apenas 2 jogadores. Seja como for, gostei muito do que vi! Este é o jogo ideal para os cromos da volta à França! Aqueles mariquinhas que gostam de ver homens que rapam os pêlos das pernas, vestidos de licra e suados, montados em bicicletas e a dar ao pedal durante horas! Se pertences a essa estirpe, então veste a tua melhor roupa de licra, monta-te na tua bicicleta e pedala à velocidade máxima para comprar este jogo, porque isto é a simulação perfeita do ciclismo! Se, por outro lado, jogas na equipa dos machos, pelo que preferes ver os jogos de voleibol feminino e não sentes nenhum tipo de entusiasmo quando vês um homem de roupa justa, então vai comprar este jogo na mesma, porque para além de uma excelente simulação, é um excelente jogo de corridas!

9 comentários:

Cacá disse...

Grande Zorg.. Por aqui o que chegou às nossas mesas brasileiras até agora foi o Cavum e o Dominion... e olhe lá...

Um amigo nosso esteve na BGG.Con e jogou alguma coisa vinda da Essen (como o Snow Trails e o Powerboats), mas não conta pois foi ele só.... hehehehhe

Dos dois que eu citei, gosto muito de ambos, embora o Cavum pareça muito um 18xx light (e com produção caprichada), mas sem dúvida um jogão...

O Dominion vai ver mesa por um bom tempo, até ficar saturado e virar ítem para o eBay...

Tenho muita vontade de jogar o Space Alert, tenho ouvido coisas maravilhosas sobre ele (relatos de mais de 10 partidas seguidas), e sei de gente aqui no Brasil que vai disputar a mão do Vlaada a tapa com o amigo (eu não, já sou casado)... hehhehhehhe...

É isso.... Abraços daqui...

Carlos Abrunhosa disse...

Boa Zorg!

Este Space Alert parece muito interessante, aliás o checo é dano para inventar jogos bons! O Gonçalo, cá de Aveiro, vai comprar o Galaxy Trucker este natal.

Abraço

Bruno Valério disse...

Joguei ontem o Space Alert e o Confucius... dois bons jogos.

Preferi claramente o Confucius mas o Space Alert é bastante agradável de jogar. Como os outros jogos dos checos, vem muito bem produzido e trás sempre algo inovador.

Hugo Carvalho disse...

Quanto à colheita de Essen pouco posso dizer porque realmente não joguei a quase nada. Do que joguei, parece-me que o Powerboats é o melhor de todos. É um bom jogo de corrida que demora apenas 60 minutos a ser resolvido e que tem uma curva de aprendizagem que não é rápida, fazendo que o jogadores estejam sempre a aprender com os erros que vão cometendo. Duma forma simplista, a experiência de Poerboats tem, digamos, 80% inspiração, 20% sorte. O que é notável. Por outro lado não é preciso ser um fanático de barcos de corrida para gostar do jogo, algo que duma forma ou de outra acabava por ajudar em jogos como o Formula Dá, por exemplo.
O Leader 1 só joguei uma vez, não com todas as regras e apenas com mais um elemento. Ou seja não joguei Leader 1, foi mais ou menos aquelas demos que dão para os jogos de computador. Mas senti que estava perante um jogo de ciclismo à séria. Com todos os ingredientes que se espera que uma simulação deste tipo tenha. Aqui, provavelmente, os apreciadores do desporto das bicicletas poderão suportar melhor as quase 4 horas que um tour demora a ser resolvido. É um jogo muito estratégico em que 90% são inspiração e 10% sorte.
Confucious, penso que é um jogo que tem uma boa ideia. A oferta das prendas que é algo novo e por isso faz as delícias dos jogadores. Mas a concretização dessa ideia parece-me não funcionar. Todos os elementos do jogo são muito dispersos em que a ligação é ténue e a ideia que fiquei foi que esses elemento foram postos no tabuleiro à pancada. Depois é um jogo com maiorias mas não é evidente. Primeiro a se chegar a uma maioria o jogador tem de dar muitas voltas. Mas foi uma ideia que fiquei depois dum jogo muito conturbado, com várias paragens e que não chegou ao fim. O jogo faz tanto lembrar o Struggle os Empires como a Madonna o Cristiano Ronaldo.
Dominion, este título que está a fazer furor não me encheu de amores. Mas eu não gosto muito de jogos de cartinhas com instruções lá escritas. O Glory to Rome é talvez o mais conseguido deles. Embora noutro registo, Dominion arranca bem e envolveu-me bem nos primeiros 5 ou 6 jogos. Depois torna-se chato, aborrecido e se me convidarem a jogar aquilo outra vez sou bem capaz de cortar os pulsos. Mas joga-se em 25 minutos mais 5 ou 6 a arrumar e montar a loja. Joga-se!

zorg disse...

>O jogo faz tanto lembrar o Struggle os Empires como a Madonna o Cristiano Ronaldo.
-
:-)
Talvez seja assim para ti, mas para mim, uma comparação melhor seria "o jogo faz tanto lembrar o struggle of empires, como Figo faz lembrar o Zé Manel, do Leixões, que também é extremo. Porque, para mim, o Confucius é uma espécie de versão mais sofisticada e subtil do Struggle, que é um jogo com boas ideias, mas pouco polido.

Se não, repara: ambos são jogos de area majority altamente temáticos e Ambos têm um mecanismo extremamente original e interessante: o leilão das alianças, no struggle, e o mecanismo dos presentes, no confucius, que a mim parece uma espécie de refinamento do leilão das alianças do struggle. Depois o confucius tem a enorme vantagem de ter uma duração muito mais razoável que o struggle, de ter um sistema de acções muito interessante e de ter 3 teatros com características diferentes onde investir e que são fundamentais para conseguires ganhar o jogo.

Hugo Carvalho disse...

Não concordo em nada com isso.
Começo logo por não achar o confucius mais sofisticado que o struggle, antes pelo contrário. Nem sequer acho as mecanicas dos presentes e alianças do struggle compraveis.
É pá, os jogos não têm nada a ver!

zorg disse...

Pois, para ti não têm, mas para mim têm.

Eu acho que o mecanismo das alianças no Confucius o que consegue, na prática, é estabelecer uma rede de alianças localizadas com os outros jogadores, pagando um custo. O leilão das alianças do Struggle também te permite estabelecer alianças com os outros, embora não permita que estas sejam localizadas a certas coisas e seja muito mais rígido nos tempos de formação e dissolução destas alianças. Por isso é que acho o mecanismo dos presentes um refinamento do leilão das alianças.

Mas, como dizia o Herman, as opiniões são como as vaginas: cada um tem a sua e quando quer dá-la, dá-la! :)

soledade disse...

Agora que já joguei o Confucius posso dizer que, na minha opinião e até agora, será o melhor de Essen deste ano. Até agora.

Mas também estou com o Hugo. A não ser que a comparação com o Struggle tenha que ver com as influências sobre os jogadores (mesmo assim, neste caso do Confucius é muito mais original e "bonito") não vejo quaisquer semelhanças.

SoE é, acima de tudo, um jogo de conflitos.

Supertatas disse...

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