13 abril 2010

Blue Moon City: Dragões, cartas e cristais

Os jogos de tabuleiro são uma maravilha, isso já toda a gente o sabe ou pelo menos devia saber. Depois do nascimento do Gabriel, agora com 13 meses, a minha vida mudou e a relação que tinha com os jogos também. A maior alteração foi o ter deixado de jogar obras com mais de 60 minutos.
Foi assim que, aproveitando uma Math Trade recente, decidi mandar fora quase todos os jogos que tinha no armário e troquei-os por experiências de jogo duma hora, que é o tempo que disponho para jogar com os meus colegas de trabalho durante o almoço.
Quis a sorte presentear-me com o Blue Moon City do Knizia que muito agradeci e, como bónus, o antigo dono, homem precavido, juntou umas protecções plásticas para defender as cartas de batoteiros como o Zorg que tem o costume de fazer uma pinta azul no canto inferior esquerdo nas cartas mais poderosas dos seus jogos, como vim a descobrir numa partida de Combat Commander depois de vários ataques descabidos às minhas tropas com resultados de 10,11, e 12:
- Isso deve ser dos chineses. Achas que ia fazer isso às cartas?

O objectivo é construir uma cidade. Essa cidade tem vários edifícios que os jogadores vão levantar do chão. O problema é que os edifícios para serem construídos terão de ter a participação de mais do que um jogador (por norma). Apesar do jogo compensar todos os que contribuíram para edificar uma construção, os que mais se destacarem na construção são os receberão mais benesses. Ora vejamos um exemplo. O marcador de cartas Zorg, vai para o teatro. O teatro está dividido em 3 fases de construção. O Zorg assume duas fases deixando a restante para quem lá quiser ir. Eu vou lá e faço a contribuição necessária para a restante fase. O Teatro fica pronto. Fazendo contas ele ganha 5 cristais e eu ganho 3. Portanto, os jogadores andam quase sempre dependentes uns dos outros e claro do que cada edifício dá. Os prémios de construção, à medida que o jogo vai decorrendo, vão sendo mais poderosos porque existe um sistema de vizinhança que sobe a parada. No exemplo acima, os jogadores que construírem o edifício vizinho ao teatro arrecadam o prémio normal do edifício mais duas cartas que é o bónus de vizinhança pelo teatro estar construído.
Cada jogador tem uma mão de cartas. Essas cartas têm cores e várias cartas da mesma cor servem para as fases de construção. As fases de construção variam de edifício para edifício. O teatro vale 5, 4, 3 roxas. Por isso um jogador que tenha cartas no valor de 9 roxos, pode construir a fase de 5 e a de 4, vencendo assim o edifício. No entanto os ganhos só serão distribuídos quando o edifício estiver todo pronto. Deste modo ficará à espera que alguém lá apareça para fazer uma contribuição de 3 roxos, ou então, nessa impossibilidade, faz numa jogada posterior essa oferta.

E basicamente é isso. Depois existem cartas que fazem isto e aquilo, edifícios mais valiosos, outros menos valiosos, há dragões que voam e que dão escamas (outro sistema de pontuação paralelo que serve para quem tiver mais escamas ganhar cristais extra) e muitas conjugações possíveis de mãos. O objectivo é fazer oferendas aos Deuses em cristais. Quem, fizer mais ganha.
Blue Moon City é um Knizia clássico e com todos os ingredientes que fazem deste alemão um designer conceituado. O jogo é abstracto, com vários sistemas de pontuação, todos interligados e que funcionam na perfeição. É um jogo acelerado, que proporciona decisões rápidas mas nem sempre fáceis e que exige ao jogador alguma concentração para maximizar da melhor forma possível a mão de cartas que tem. Os jogos de 60 minutos são sempre complicados porque se por um lado queremos algo rápido e divertido, por outro, nem sempre esse pressuposto consegue juntar alguma complexidade que jogos de 90 minutos ou mais têm. Blue Moon City consegue-o e isso é maravilhoso.

Classificação: ****

1 comentário:

Tânia disse...

Como assim você se livrou dos seus jogo longos?? O Gabriel vai crescer.

Quanto ao Blue Moon City eu joguei duas vezes e não consegui gostar. As duas vezes fora partidas com dois jogadores. Talvez simplesmente o jogo não funcione bem a dois. Achei chato. Tem uma hora que você começa a receber tantos cristais que dá pra fazer duas ou três oferendas de uma só vez. SEi lá, não me convenceu.