Ultimamente temos vindo a conseguir aumentar o ritmo de jogo. Graças a uma política de recrutamento de novos jogadores muito mais agressiva ("raptei a tua mãe e tenho-a escondida num sitio seguro, coberta de explosivos cujo detonador será activado daqui a 3 horas - o tempo exacto para jogar um Thurn und Taxis e um Age of Steam - a não ser que eu o descative"), tem sido possível engrossar as fileiras da falange jogodetabuleirista e, consequentemente, jogar mais vezes!
Jovens talentos como Pedro "O Balão inchado" Pato, Luís "Levo na tromba e gosto" Obelix, ou Marisa "Dou na tromba e gosto" Obelix, têm-se juntado à elite dos velhos tubarões. E, se é verdade que ainda não atingimos o ritmo desejado de mais do que uma sessão de jogo por semana, também não é menos verdade que já não andamos longe!
Outro fenómeno curioso é o processo de selecção natural que tem tido lugar: os consagrados que nunca jogam - leia-se, o Hugo - começam a ser substituídos por estes jovens impetuosos, que compensam a falta de experiência com o sangue na guelra e a vontade inquebrantável. Longe vão os tempos em que um telefonema do Hugo a 5 minutos do início do jogo era motivo de alarme, pois, muito provavelmente, significava que ele já não compareceria, devido a um motivo mais ou menos surreal ("Tenho de ir limpar o pó da estante da sala e tem de ser imperetrívelmente hoje! Sabe-se lá se ainda lá está amanhã." ; "Tenho de garantir que não há uma colónia de baratas gigantes e hispânicas, a viver dentro dentro do cano do lava-loiça! Ontem pareceu-me ouvir castanholas, enquanto lavava a panela de pressão.", "Não posso perder o o telejornal! Sabe-se lá quando é que dão outra vez."), deixando-nos sem quorum suficiente para jogar o que estava planeado. Hoje em dia o Hugo é convidado por razões estritamente históricas e substituído sem dificuldade e até motivo de chacota geral, quando oficializa a sua recusa.
Assim sendo, temos estreado alguns jogos novos que, dado o sucesso que tiveram aliado ao resultado final completamente aberrante e antinatural, no caso do Himalaya, exigem uma segunda sessão urgentemente!
Himalaya
Jogámos Himalaya a 3 e a Marisa trucidou-nos! Sem apelo nem agravo! Venceu nas 3 componentes da pontuação, com facilidade e descaramento. Ainda teve tempo de nos cuspir na sopa, fazer pouco das nossas famílias e urinar-nos nos pés. Não perde pela demora! Quanto ao jogo, deixou uma excelente impressão. Vale muito mais do que a descrição dá a entender e fiquei com a ideia que com 4 jogadores ainda é melhor, porque o sistema de pontuação muda! É daqueles jogos que consegue aliar diversão pura a desafio intelectual. Também deve poder ser usado como gateway game, apesar de ter muito mais substância do que, por exemplo, o Ticket to Ride. Também não demora muito tempo e, por isso, dá para encaixar uma sessão rápida durante um dia de semana.
Elasund
Jogámos Elasund a 2 e a Marisa não nos trucidou! Também não jogou, mas seja como for já foi um progresso em relação ao Himalaya. O jogo é muito giro e em comum com o Catan só tem o sistema de lançar dados para decidir quem recebe que recursos. De resto é um jogo bastante mais confrontacional, mais flexível em termos estratégicos (no Catan 90% da estratégia é definida no posicionamento das primeiras aldeias) e com muito espaço para manobras tácticas interessantes. Não há negociação, o que permite que o jogo também funcione muito bem com 2 jogadores (o tabuleiro escala em função do número de jogadores). Para além disso ainda tem um mecanismo genial (todo o conceito das licenças de construção e a forma como se "combate" com elas). Fiquei muitíssimo bem impressionado com este Elasund e estou ansioso para o jogar com mais gente. É o regresso do Teuber ao seu melhor!
Das Ende des triumvirats
Desta vez jogámos a 3 - que é a única maneira de se jogar isto, tal como a palavra triunvirato no título poderá ter indiciado aos mais perspicazes - e mais uma vez a Marisa nem cheirou... nem jogou! Agora que já conseguimos não perder quando ela não joga, só nos falta o passo seguinte: ganhar quando ela joga. Quanto ao jogo, é um wargame levezinho (para wargame, porque pelos padrões de um eurogame normal, é um jogo de complexidade média/elevada), bastante original e bem pensado. Informação perfeita, sorte reduzida a um mínimo e um motor de jogo muito bem afinado, que obriga os 3 jogadores a andarem constantemente à pancada e a servirem de contrapeso uns aos outros, faz deste um dos jogos mais originais e interessantes que joguei nos últimos tempos. Alguém dizia no BGG, que era uma luta com facas a 3, dentro de uma cabina telefónica. E ainda tem a vantagem de não demorar muito tempo! Os seus grandes defeitos, são também os seus grandes pontos fortes: só dá para 3 jogadores, é um jogo de informação perfeita e é um wargame, apesar de levezinho, o que afasta logo uma fatia considerável dos potenciais jogadores.
Byzantium
Por último o que mais impressionou. É um Martin Wallace vintage, é um jogo complexo de informação perfeita com uma série de mecanismos extremamente originais e, às vezes, assustadores e deixou uma marca indelével nos 4 audazes que ousaram perturbar a paz e a tranquilidade da lendária Byzantium! É um wargame brutal! É um jogo económico brutal disfarçado de wargame brutal! É um jogo de equilíbrios e desiquilíbrios... é um jogo desconcertante! O sucesso foi tanto, que sonhei com o jogo, depois de me deitar. O sucesso foi tanto, que um dos jogadores não resistiu e comprou a sua cópia 2 ou 3 dias depois da nossa sessão incompleta. Há aqui potencial para igualar, ou talvez superar, o estatuto lendário do Age of Steam e do Princes of the Renaissance. Tem de voltar a ser jogado, o mais rápido possível, para confirmarmos esta estrondosa primeira impressão!
O que ainda falta
Para além dos títulos supracitados, ainda há 2 resistentes da última encomenda que ainda não foram estreados: The Prophecy (Proroctví, para vocês que dominam o checo) e Lost Valley (Lost Valley, para vocês que dominam o checo). O primeiro é um jogo de aventuras - supostamente um remake muito melhorado do lendário Talisman - com muito boa fama no BGG, desenhado por um checo e editado por uma empresa do mesmo país. Já lhe dei uma olhadela e parece engraçado, com algumas ideias muito boas. Mas há que tirar isso a limpo o quanto antes, porque este - o jogo de aventuras - é um género com muito potencial e muito mal representado por estas bandas. Quanto ao Lost Valley, é uma grande aposta minha (o Hugo, com a sua proverbial resistência à inovação, torceu logo o nariz quando lhe falei nisto, como seria de esperar). É um jogo de exploração, com um tema muito envolvente, e que, ao mesmo tempo, também é um pick up and deliver relativamente complexo. É o opus major dos seus criadores e, pela leitura das regras, parece interessantíssimo. Gosto particularmente da forma como o tabuleiro se vai revelando/sendo construído pelos jogadores e da condição de fim de jogo, bastante original e temática. Veremos se corresponde às elevadas expectativas, mas estou confiante que sim.
Jovens talentos como Pedro "O Balão inchado" Pato, Luís "Levo na tromba e gosto" Obelix, ou Marisa "Dou na tromba e gosto" Obelix, têm-se juntado à elite dos velhos tubarões. E, se é verdade que ainda não atingimos o ritmo desejado de mais do que uma sessão de jogo por semana, também não é menos verdade que já não andamos longe!
Outro fenómeno curioso é o processo de selecção natural que tem tido lugar: os consagrados que nunca jogam - leia-se, o Hugo - começam a ser substituídos por estes jovens impetuosos, que compensam a falta de experiência com o sangue na guelra e a vontade inquebrantável. Longe vão os tempos em que um telefonema do Hugo a 5 minutos do início do jogo era motivo de alarme, pois, muito provavelmente, significava que ele já não compareceria, devido a um motivo mais ou menos surreal ("Tenho de ir limpar o pó da estante da sala e tem de ser imperetrívelmente hoje! Sabe-se lá se ainda lá está amanhã." ; "Tenho de garantir que não há uma colónia de baratas gigantes e hispânicas, a viver dentro dentro do cano do lava-loiça! Ontem pareceu-me ouvir castanholas, enquanto lavava a panela de pressão.", "Não posso perder o o telejornal! Sabe-se lá quando é que dão outra vez."), deixando-nos sem quorum suficiente para jogar o que estava planeado. Hoje em dia o Hugo é convidado por razões estritamente históricas e substituído sem dificuldade e até motivo de chacota geral, quando oficializa a sua recusa.
Assim sendo, temos estreado alguns jogos novos que, dado o sucesso que tiveram aliado ao resultado final completamente aberrante e antinatural, no caso do Himalaya, exigem uma segunda sessão urgentemente!
Himalaya
Jogámos Himalaya a 3 e a Marisa trucidou-nos! Sem apelo nem agravo! Venceu nas 3 componentes da pontuação, com facilidade e descaramento. Ainda teve tempo de nos cuspir na sopa, fazer pouco das nossas famílias e urinar-nos nos pés. Não perde pela demora! Quanto ao jogo, deixou uma excelente impressão. Vale muito mais do que a descrição dá a entender e fiquei com a ideia que com 4 jogadores ainda é melhor, porque o sistema de pontuação muda! É daqueles jogos que consegue aliar diversão pura a desafio intelectual. Também deve poder ser usado como gateway game, apesar de ter muito mais substância do que, por exemplo, o Ticket to Ride. Também não demora muito tempo e, por isso, dá para encaixar uma sessão rápida durante um dia de semana.
Elasund
Jogámos Elasund a 2 e a Marisa não nos trucidou! Também não jogou, mas seja como for já foi um progresso em relação ao Himalaya. O jogo é muito giro e em comum com o Catan só tem o sistema de lançar dados para decidir quem recebe que recursos. De resto é um jogo bastante mais confrontacional, mais flexível em termos estratégicos (no Catan 90% da estratégia é definida no posicionamento das primeiras aldeias) e com muito espaço para manobras tácticas interessantes. Não há negociação, o que permite que o jogo também funcione muito bem com 2 jogadores (o tabuleiro escala em função do número de jogadores). Para além disso ainda tem um mecanismo genial (todo o conceito das licenças de construção e a forma como se "combate" com elas). Fiquei muitíssimo bem impressionado com este Elasund e estou ansioso para o jogar com mais gente. É o regresso do Teuber ao seu melhor!
Das Ende des triumvirats
Desta vez jogámos a 3 - que é a única maneira de se jogar isto, tal como a palavra triunvirato no título poderá ter indiciado aos mais perspicazes - e mais uma vez a Marisa nem cheirou... nem jogou! Agora que já conseguimos não perder quando ela não joga, só nos falta o passo seguinte: ganhar quando ela joga. Quanto ao jogo, é um wargame levezinho (para wargame, porque pelos padrões de um eurogame normal, é um jogo de complexidade média/elevada), bastante original e bem pensado. Informação perfeita, sorte reduzida a um mínimo e um motor de jogo muito bem afinado, que obriga os 3 jogadores a andarem constantemente à pancada e a servirem de contrapeso uns aos outros, faz deste um dos jogos mais originais e interessantes que joguei nos últimos tempos. Alguém dizia no BGG, que era uma luta com facas a 3, dentro de uma cabina telefónica. E ainda tem a vantagem de não demorar muito tempo! Os seus grandes defeitos, são também os seus grandes pontos fortes: só dá para 3 jogadores, é um jogo de informação perfeita e é um wargame, apesar de levezinho, o que afasta logo uma fatia considerável dos potenciais jogadores.
Byzantium
Por último o que mais impressionou. É um Martin Wallace vintage, é um jogo complexo de informação perfeita com uma série de mecanismos extremamente originais e, às vezes, assustadores e deixou uma marca indelével nos 4 audazes que ousaram perturbar a paz e a tranquilidade da lendária Byzantium! É um wargame brutal! É um jogo económico brutal disfarçado de wargame brutal! É um jogo de equilíbrios e desiquilíbrios... é um jogo desconcertante! O sucesso foi tanto, que sonhei com o jogo, depois de me deitar. O sucesso foi tanto, que um dos jogadores não resistiu e comprou a sua cópia 2 ou 3 dias depois da nossa sessão incompleta. Há aqui potencial para igualar, ou talvez superar, o estatuto lendário do Age of Steam e do Princes of the Renaissance. Tem de voltar a ser jogado, o mais rápido possível, para confirmarmos esta estrondosa primeira impressão!
O que ainda falta
Para além dos títulos supracitados, ainda há 2 resistentes da última encomenda que ainda não foram estreados: The Prophecy (Proroctví, para vocês que dominam o checo) e Lost Valley (Lost Valley, para vocês que dominam o checo). O primeiro é um jogo de aventuras - supostamente um remake muito melhorado do lendário Talisman - com muito boa fama no BGG, desenhado por um checo e editado por uma empresa do mesmo país. Já lhe dei uma olhadela e parece engraçado, com algumas ideias muito boas. Mas há que tirar isso a limpo o quanto antes, porque este - o jogo de aventuras - é um género com muito potencial e muito mal representado por estas bandas. Quanto ao Lost Valley, é uma grande aposta minha (o Hugo, com a sua proverbial resistência à inovação, torceu logo o nariz quando lhe falei nisto, como seria de esperar). É um jogo de exploração, com um tema muito envolvente, e que, ao mesmo tempo, também é um pick up and deliver relativamente complexo. É o opus major dos seus criadores e, pela leitura das regras, parece interessantíssimo. Gosto particularmente da forma como o tabuleiro se vai revelando/sendo construído pelos jogadores e da condição de fim de jogo, bastante original e temática. Veremos se corresponde às elevadas expectativas, mas estou confiante que sim.