21 maio 2007

Spiel des Jahres 2007: a lista dos nomeados

Já é conhecida a lista dos jogos nomeados para o Spiel des Jahres 2007. Para quem não sabe, este é o prémio mais importante, atribuído pela indústria dos jogos de tabuleiro. É o equivalente aos óscares, no que a jogos diz respeito!

Os nomeados:

Thief of Bagdad, Zooloretto, Jenseits von Theben, Arkadia, Yspahan

Os recomendados pelo juri:

Burg Appenzell, Jetzt schlägt's 13, Skybridge, Würfel Bingo, Kunstmarkt, Die Säulen von Venedig, Alchemist, Notre Dame, Wikinger, The Pillars of the Earth, Imperial, Enkounter


Em relação aos nomeados, a grande surpresa é a ausência do Pillars of the Earth da lista. É sabido que o júri gosta de premiar jogos mais familiares e penaliza um pouco aqueles com um maior grau de complexidade. No entanto o Pillars of the Earth aparentava não só estar dentro destes critérios, como era até apontado como um dos principais favoritos à vitória final. Ficou-se pela lista dos jogos recomendados, onde tem por companhia presenças ilustres como o excelente Notre Dame, ou o magnífico Imperial.

Assim sendo, o meu favorito à vitória final não podia deixar de ser o Yspahan, que temos jogado bastante ultimamente e que eu considero excepcional. Chamo a atenção também para o Jenseits von Theben, que é uma reedição "aperfeiçoada" de um jogo que parece extremamente interessante e foi uma das coqueluches de Essen em 2004. Vamos lá ver se os aperfeiçoamentos não estragam o jogo, em vez de o melhorar. De referir, a título de curiosidade, que Reiner Knizia, que nunca ganhou este prémio, fica afastado dos nomeados embora, verdade seja dita, este ano não tivesse publicado nenhum jogo "nomeável" (ao contrário do que aconteceu no ano passado, em que era um dos grandes favoritos com o seu Blue Moon City, que acabou por perder para o vencedor Thurn und Taxis).

Na lista dos recomendados, e para além dos já referidos Notre Dame, Pillars of the Earth e Imperial, chamo a atenção para o Wikinger, do Michael "sidekick do Wolfgang Kramer" Kiesling, que consta que é bastante bom, embora um pouco a dar para o abstracto.

Não é de excluir a hipótese do júri dar um prémio especial para o melhor "jogo complexo do ano", como aconteceu no ano passado (atribuído ao Caylus). Nesse caso, a minha aposta iria para o Imperial, que é excepcional, ou para o Notre Dame, que é agonizante, mas no bom sentido.

7 comentários:

Hugo Carvalho disse...

Ora aí está. Aparentemente o grande favorito é o Yspahan. Também foi o único que joguei de maneira que não posso opinar grande coisa. Seja como for também não achei o jogo nada de especial. É engraçadito mas não me tocou particularmente e não compreendo o alarido todo em redor dele.
Apesar de ser um prémio importante, tal como nos óscares, pouca ou nenhuma importância tem para os jogadores mais experiente e ávidos de desafios. Acho que vale mais como marketing do que como referência. Se um jogador comprar todos os vencedores do prémio passa completamente ao lado da história dos jogos de tabuleiro e das grandes obras primas da industria.
No entanto a lista de jogos recomendados parece-me bem mais interessante de descobrir por todos aqueles que se querem iniciar nestas andanças!

zorg disse...

Olha, pois eu gosto imenso do Yspahan. Gosto tanto, que não posso deixar de fazer aqui a sua defesa apaixonada! :)

É um jogo que aparenta ser muito simples, mas onde há muita margem para evoluir. A minha experiência pessoal, pelo menos, aponta nesse sentido. Inicialmente jogava sem plano de longo prazo, mais ou menos a maximizar a jogada corrente, usando pouco ou nada a caravana, e fazia pontuações na ordem dos 70 e tal pontos (e raramente ganhava). Creio que essa é a forma como tu ainda jogas, ou pelo menos foi isso que fizeste no nosso último jogo. Isso só resulta se toda a gente jogar sem plano de longo prazo e tu fores o mais eficaz na gestão táctica.

Mas os meus fracos resultados fizeram-me começar a pensar imenso no jogo (acontece-me quase sempre: quanto pior jogo um jogo, mais obcecado fico a pensar nele), a planear estratégias e a tentar experimentar coisas diferentes.

Essas horas de meditação resultaram numa mudança de paradigma: agora tenho uma estratégia concertada desde o início do jogo. Faço coisas que só vão ter impacto bastante mais tarde e uso muito a caravana (que é, juntamente com os edifícios, o mecanismo estratégico por excelência do jogo).

Desde que comecei a aplicar esta nova aproximação, nunca fiz menos de 100 pontos e ganhei os últimos 3 ou 4 jogos que fizemos mais ou menos folgadamente.

Isto para mim significa que o Yspahan tem muito mais profundidade do que aparenta à primeira vista. É possível melhorar bastante, principalmente se se começar de um patamar muito baixo, como era o meu caso. E ainda continuo com o bichinho e a pensar imenso no jogo. Tanto, que já tenho uma nova estratégia pensada para experimentar na próxima vez que jogarmos! Suplantou completamente o Mykerinos, que é um jogo muito giro e de que eu gosto bastante, mas que nunca mais joguei, desde que apareceu o Yspahan. Se ganhar o SdJ, acho que é merecido!

Outro jogo que me despertou bastante a curiosidade é o Jenseits von Theben. O mecanismo de utilização do tempo parece muito engraçado e todo o conceito parece giro. Só tenho medo que a nova edição que simplifica algumas coisas, estrague um bocado a coisa... fica na pilha do "esperar para ver". Se o buzz à nova edição for positivo... :)

soledade disse...

Eu acho que vai ganhar o Arkadia. Não é um jogo complexo, é area control, uma produção muito boa, e com regras familiares, intuitivas e pouco agressivas. E é de uma editora poderosa.

A Ystari ganhará para o ano que vem, quem sabe, embora para mim, o yspahan seja melhor que o Arkadia.

Nenhum deles me enche as medidas. Acho que o Yspahan, se nós nos quisermos perder com ele, pode ser muito mais apetitoso e estimulante que aquilo que parece (como diz o Zorg) mas também não acho coisa para perder muito tempo nele. Ou seja, o que eu gosto em Yspahan é o facto de o poder jogar e até poder ganhar sem me preocupar muito com o que estou a fazer. Para mim, explorá-lo como o Zorg diz que pode ser explorado, faz dele um jogo com pretensões a ser mais que aquilo que ele deve ser - um family game simples, com sorte aos dados e com um tema engraçado. Mas isso sou eu. Acredito na força da caravana e no poder dos edifícios e das estratégias óptimas que nos levam acima dos 100 pontos, mas quando jogo Yspahan não é isso que procuro. Procuro uma coisa para descontrair, jogo dois ou três seguidos (o que para a minha idade - 31 - não está nada mau :)) mas não procuro mais que isso.

Abraços
PS

zorg disse...

#soledade

Pois, eu nunca joguei o Arkadia, por isso não posso tecer uma opinião avalizada... mas acredito em ti. :)

Em relação ao Yspahan, acho que o jogo pode ser divertido quer jogues sem grande estratégia e a maximizar as oportunidades tácticas, quer jogues de uma forma mais consistente. A minha única discordância contigo aqui, que se calhar nem sequer é discordância, é quando dizes que jogando de uma forma táctica se consegue ir ganhando de vez em quando. Eu acho que isso só é verdade se toda a gente estiver a jogar dessa forma, porque caso contrário, e correndo o risco de parecer pretensioso, acho que é praticamente impossível ganhar contra alguém que tenha uma estratégia consistente sem se ter também uma estratégia consistente. Mais, até acho que quando há mais do que um jogador a jogar com uma estratégia definida, o jogo ainda se valoriza mais e ganha outra dimensão, porque há elementos que só têm utilidade nessa situação, como por exemplo o edifício que permite mexer o peão de borla, que de outra forma é praticamente inútil.

Uma questão para ti: já experimentaste o Jenseits von theben? Se sim, qual das versões jogaste e o que achaste do jogo?

soledade disse...

@zorg
Ainda não experimentei. está na wishlist há algum tempo mas ainda não calhou. Agora, com mais atenção, acho que o jogo pode ter demasiada sorte. Segundo as críticas...

Costa disse...

Já o disse noutros sitios, mas vou repeti-lo aqui - eu não acho piada nenhuma ao YSPAHAN.

E também já escrevi noutros sitios que gosto bastante do ARKADIA.

Os outros nunca os joguei. Comparando os dois anteriores e tentando abstrair-me dos meus gostos pessoais, consigo ver em ambos características que os elevam e os candidatam ao prémio maior desta indústria que tanto amamos. São relativamente simples, deambulando ali num limbo entre o light euro-game e o family game. Ambos têm bons componentes e estão razoavelmente bem enquadrados no tema proposto. Pessoalmente acho que ARKADIA tem mais tema, mais qualidade nos componentes e mais originalidade na combinação das suas mecânicas de jogo. Mas YSPAHAN é mais simples e mais rápido de jogar. Daí ser um duelo difícil de ajuízar. Eu voto no ARKADIA. Por muitos motivos, mas principalmente porque para mim é melhor, mas não podemos esquecer que tem por trás uma máquina editorial muito forte e tem a assinatura de um reconhecido designer (Stefan Dorra). A combinação das mecânicas usadas são para mim a sua mais valia. ARKADIA não inventa nada de novo, mas ao combinar tile placement com um inteligente sistema de pontuação em forma de mercado e todos os outros sub-mecanismos existentes no jogo, Dorra re-inventou a forma de jogar um jogo de construção.

Por tudo isto e mais alguma coisa, eu voto DIE BAUMEISTER VON ARKADIA.

Hugo Carvalho disse...

Grande Costa!
Pensava que não encontrava ninguém que partilhasse comigo a ideia de que o Yspahan não é nada de especial.
Volto a dizer que não é um mau jogo. De facto não é. Diverte e
tem escolhas para serem feitas etc. Mas é tão aborrecido...

Seja como for vou fartar-me de jogar porque o meu grupo adora aquilo!