25 outubro 2007

Crítica: Glory to Rome

Pois é meus caros, para todos aqueles que se interrogam anualmente porque Diabo é que estes gajos, que escrevem tão efusivamente sobre jogos de tabuleiro, não vão a Essen e relatam todas as novidades desse certame, a resposta é simples. A mulher não deixa.
Este ano, então, a altura não podia ter sido mais conveniente. Tinha acabado de casar e pensei para comigo que o destino mais acertado para a lua-de-mel seria, como todos já devem ter adivinhado, Essen.
- Porque não vamos a Essen passar a nossa lua-de-mel, minha querida, meu amor?
Não imaginam o que ouvi depois de ter feito esta pergunta tão inocente. Que não sabia onde isso ficava, que nunca tinha ouvido falar e que provavelmente tinha qualquer coisa a ver com jogos por isso, o melhor era esquecer e que além do mais a viagem já estava escolhida, Itália.
E foi por isso que deixei Portugal, não para Essen, com muita tristeza minha, mas para o país das massas e das pizzas, mais concretamente para Roma e Florença.
A viagem acabou por valer a pena. Claro que nada, nem mesmo o colossal coliseu, consegue ser mais importante do que a hipótese de receber um autografo do Martin Wallace em pessoa, mas mesmo assim, não foi nada mal.
Os dias passados em Roma foram, sem dúvida, os mais interessantes. Passear pelo Fórum e pelo monte Palatino é uma coisa que transcende a pessoa e que nos deixa derreados perante tamanha beleza e imponência.
Enquanto passeava pelas ruínas foi tentando perceber, entre carradas de japoneses e americanos, o que sentiria um senador a andar por aqueles caminhos. Em que pensava ele? Quais eram os seus problemas? Que desejos tinha? As respostas não vieram evidentes, e enquanto equacionava possibilidades e hipóteses, chegou-se-me à memória um pequeno jogo reeditado este ano com o nome de Glory to Rome, que me ajudou e de que maneira, a resolver algumas dúvidas.


Ora bem, este pequeno jogo da autoria do desconhecido jovem Carl Chudyk faz parte dos jogos de cartas a que o Zorg muito convenientemente chama “San Juan com esteróides”. A definição não podia ser melhor, uma vez que é isso mesmo que Glory to Rome é. Um San Juan mais atlético, mais vibrante, com mais pujança e também mais difícil de jogar. De tal forma que é um bocado incompreensível o 6,3 no BGG.
A ideia do jogo é dar ao jogador a possibilidade de experimentar, através dum singelo jogo de cartas, a sensação de ser um homem político em Roma. Teremos então de construir criteriosamente a nossa clientela a quem poderemos recorrer a pedir favores, teremos de construir edifícios que nos darão prestígio e, como não podia deixar de ser, teremos também de colocar o máximo de moedas no nosso cofre particular, longe dos olhares públicos de forma a enriquecer ostensivamente. Ganha, quem no fim, conseguir ser mais rico e influente.


Tudo isto gira com um sistema que já nos é já bastante familiar. As cartas são, ao mesmo tempo, edifícios, materiais de construção, clientes (roles) e moedas. Assumem a sua identidade consoante o nosso desejo e a altura em que são jogadas pelo jogador.
Por outro lado existe a escolha criteriosa de roles. Ou seja, à boa maneira de Puerto Rico e San Juan, cada jogador, na sua vez de jogar, vai escolher um role ou personagem e activar assim a sua característica.
Existem 6 personagens ou roles em Glory to Rome, a saber:

O Artesão permite iniciar um edifício ou avançar nas obras dum que esteja incompleto. Todas as cartas têm edifícios. Os edifícios, tal como acontece no San Juan, quando construídos dão benefícios ao seu dono. Existem 40 tipos diferentes, por isso não se preocupe o leitor que, com toda a certeza, vai encontrar algum ao seu gosto. Desta panóplia há os mais poderosos e os menos, e esse poder sente-se no custo de construção. Em Glory to Rome os edifícios são construídos e não comprados. Imaginemos que o jogador quer dar uma de vedeta e inicia-se na construção do Fórum. A carta do Fórum tem a cor roxa e o valor de 3. O jogador, para acabar de construir o Fórum, vai ter de jogar mais 3 cartas roxas. Neste caso, as cartas roxas que o jogador colocar para o seu fórum assumem o papel de materiais de construção. Serão necessárias 3 jogadas, porque o jogador vai ter de colocar 3 cartas roxas (uma de cada vez) no edifício para o tornar activo. Quando o construir, recebe 3 moedas de prestígio.
Os pontos de prestígio permitem ao jogador ampliar o número máximo de clientes e de cartas a colocar no seu tesouro pessoal. Mas já lá vamos.
Seja como for é usual um edifício demorar bastantes rondas para ser construído e é frequente ver os jogadores a mãos com várias obras ao mesmo tempo. Essa dimensão é interessante porque parece que ouvimos as picaretas e sentimos o suor dos escravos a erguer os pilares de mármore.

O Trabalhador ou Trolha permite colocar um material (carta) da pool para a nossa arrecadação. Isso permite que o jogador tenha materiais de construção em stock, evitando assim ter de jogar cartas da mão, alargando as suas hipóteses para as cartas que tem em mão assumirem outros papeis que não o de material. Ter poucas cartas para jogar reduz, como é lógico, drasticamente as opções.

O Legionário permite roubar cartas das mãos dos adversários. O jogador diz que quer as amarelas e os jogadores dão-lhe as amarelas enquanto lhe chamam nomes a ele e à mãe. Quem não tiver cartas amarelas diz “Glory to Rome”. Existem, contudo, edifícios que evitam o roubo do legionário.

O Arquitecto permite que o jogador construa os seus edifícios com material da arrecadação ao contrário da mão como acontece com o Artesão.

O Mercador permite ao jogador colocar um material da sua arrecadação no seu cofre. Se a carta que o jogador passar da sua arrecadação para o cofre for roxa, como o exemplo que dei antes, o jogador consegue assim colocar 3 moedas no cofre e ganhar 3 pontos no fim do jogo. Repare o leitor que para que consiga colocar moedas no seu cofre terá que ter sido escolhido anteriormente o Trabalhador, que é a personagem que permite colocar cartas na arrecadação.

O Patrono permite que os jogadores coloquem cartas que estejam na pool (cartas que ficam à disposição dos jogadores) na sua clientela. A clientela é um estratagema bastante interessante que permite ao jogador duplicar as acções das personagens. Se um jogador jogar por exemplo o trabalhador, isso quer dizer que se vai fazer a acção desta personagem. No entanto, os jogadores que tiverem trabalhadores na sua clientela podem duplicar a acção. Ou seja se um jogador tiver 2 trabalhadores na clientela pode fazer mais 2 vezes a acção desta personagem. Dá jeito! O que é interessante é que os jogadores podem ter opiniões diferentes quanto a este aspecto. Existem várias formas de jogar, eu por exemplo posso dar mais importância aos artesãos e o Zorg aos mercadores.

A regra importante nisto tudo é que o jogador só pode aumentar a sua clientela e o valor no cofre se tiver pontos de prestígio para isso. Para se ganhar pontos de prestígio tem-se de construir edifícios. Se eu conseguir apenas construir um edifício com 2 de prestígio só poderei ter 2 clientes e duas cartas no cofre.
Outro apontamento em falta é fazer uma referência á escolha das personagens ou de roles. O jogador activo joga da sua mão uma carta. Fica então jogado o personagem. Os outros jogadores na mesa terão, para usufruírem do role, de jogarem também de mão uma carta igual. O que acontece muitas vezes, principalmente quando os jogadores ficarem à rasca de cartas, é que apesar do querer, não têm cartas para acompanhar e por isso ficam de fora uma jogada, onde não fazem nada.


Glory to Rome parece, numa primeira abordagem, não ter muita interacção. Parece-se mais com uma corrida onde interessa fazer mais pontos no menor numero de rondas possível. Eu próprio no início da escrita desta crítica tinha essa sensação. Em conversa com jogadores com mais partidas disputadas, como o Zorg, fui alertado para o facto que tal não corresponder à verdade. Existem edifícios que permitem atrasar bastante os adversários e, com a experiência, vai-se lendo o jogo e jogando de forma a poder tramar o parceiro, vedando o acesso a cartas que necessita bem como, numa fase mais avançada, controlando o fim das partidas. Existe mesmo uma corrente de jogadores que afirma que Glory To Rome é até mais complexo que Puerto Rico. Bem, quanto a mim, com apenas dois jogos, pouco posso opiniar a esse respeito, mas tal como em Puerto Rico, existe a real possibilidade de um jogador menos cuidadoso lixar a vida a todos menos ao gajo da esquerda.

Como consideração final, devo dizer que gostei muito de Glory to Rome. E numa primeira análise, parece-me mesmo o melhor jogo de cartas que já joguei, isso se excluirmos o Modern Art.
Por isso, se adora o San Juan, tem aqui uma abordagem parecida mas ao mesmo tempo diferente que vai certamente renovar o seu interesse por este tipo de jogo.
Se não tem o San Juan porque tem o Puerto Rico, então é uma boa ideia adicionar Glory to Rome á sua próxima lista de compras. A temática diferente ajuda a esquecer as parecenças com o Puerto Rico.
Se não gosta do San Juan, então esqueça o assunto, provavelmente também não vai achar piada a Glory To Rome.
Apenas uma nota para os componentes que são decentes, mas o estilo cartoon das cartas não é muito apelativo tendo em conta a complexidade do jogo, mas é uma opinião meramente pessoal, certamente que haverá milhares de jogadores que se estão pura e simplesmente a borrifar para isso.

Pontos Positivos:
Jogo muito movimentado e relativamente rápido
Muitas possibilidades de vitória
Poucos exemplares em circulação pelo que se vai transformar, mais cedo ou mais tarde, numa raridade

Pontos Negativos:
Interacção muito subtil entre os jogadores
Um jogador menos experiente pode tornar a vida do jogador que se senta ao seu lado esquerdo num autêntico sonho

12 comentários:

Chirol disse...

é rapaz...

essa terra chamada Essen é uma destruidora de lares!!

:)

soledade disse...

Espero que essa viagem corra bem. Até que a morte os separe. :)

Este Glory to Rome passou-me ao lado, completamente. Nunca tinha ouvido falar. Vou dedicar-lhe alguma atenção, agora.

zorg disse...

Temos jogado bastante isto ultimamente. Ainda ontem disputámos mais uma partida, desta vez com 3 jogadores.

Em relação à review, tenho algumas discordâncias de fundo, apesar de achar que mais uma vez o estilo de escrita é irrepreensível e a tradução de laborer por Trolha é brilhante.

Para começar, não acho que este jogo tenha muito a ver com o San Juan. Partilha uma ideia, que são as cartas com várias utilizações, ou cartas estaminais, com eu aqui lhes chamei uma vez, mas só isso. O Glory to Rome é um jogo muito mais complexo e que demora um bocado mais de tempo a jogar. Não tenho dúvidas que haverá muita gente que não gosta do San Juan e vai adorar o Glory to Rome (uma visita à secção de comentários do BGG do glory to rome, confirma isso)!

Este é, não tenho a mínima dúvida, um jogo complexo que em termos de profundidade estratégica se bate de igual para igual com alguns dos medium-heavies dos eurogames, como o já citado puerto rico, por exemplo.

Outra discordância que eu tenho com a review é a questão da interacção. Eu acho que o jogo tem interacção q.b. e em várias formas: há interacção directa, in your face, sob a forma do legionário que permite roubar cartas a outros jogadores, de alguns edifícios que permitem, por exemplo, roubar um edifício a outro jogador, ou, combinados com o legionário, matar clientes dos jogadores adversários. Isto é interacção directa, às vezes brutal e o próprio jogo fornece ferramentas de defesa contra ela (a construção de uma paliçada, por exemplo, permite uma defesa contra o legionário).

Por outro lado também há interacção indirecta, muito ao estilo do Puerto Rico, na forma de escolher determinadas acções quando é visível que os adversários não vão beneficiar com ela, ou ir buscar cartas à pool que sabemos que dariam jeito aos outros jogadores. Esta interacção indirecta também tem uma influência decisiva no jogo, tal como no puerto rico. Num dos últimos jogos que fiz, o David, que estava a jogar pela primeira vez, foi muitas vezes vítima da atenção com que eu, já muito mais experiente, seleccionava as minhas acções para o prejudicar, ou, pelo menos, para não o beneficiar (ele estava sentado à minha esquerda).

Este jogo tem alguns problemas, no entanto, embora eu ache que são questões menores. Para começar os componentes são amadores. As cartas são razoáveis, mas a caixa em que o jogo vem é de plástico transparente e dá ideia de se poder partir facilmente, para além de ser muito difícil enfiar tudo lá dentro e ainda conseguir fechá-la. Por outro lado, a complexidade e abertura do jogo fazem com que seja muito complicado para um novo jogador acompanhar o que se está a passar. Isto não é muito grave, quando são todos inexperientes, mas pode ser desmotivador, quando há jogadores experientes e inexperientes em jogo, porque os novatos tendencialmente serão trucidados. Este é também um jogo que demora muito, muito tempo a dominar. Há muitos edifícios diferentes, cada um com um poder único e o jogo está feito de maneira a valorizar as combinações de edifícios. Para se conseguir fazer estas combinações é preciso saber que edifícios existem... e isso só lá vai com muita prática! Eu joguei ontem o meu 8º ou 9º jogo e posso dizer que ainda estou muito longe de dominar o jogo.

Hugo Carvalho disse...

O Glory to Rome lembra o San Juan, apesar de ser, de facto, mais complexo.
Exitem aspectos muito semelhantes, como a escolha dos roles ou a quantidade de edificios diferentes que existem nas cartas e que dão poderes aos jogadores, bem como a componente de corrida por fazer o maximo de pontos na menor quantidade de rondas possível. Existe mais interacção entre os jogadores é verdade, mas é um jogo que inevitavelmente é comparado ao San Juan e acho, com alguma justiça.
O que se passa é que os motivos que podem fazer um jogador não gostar do San Juan podem também ser encontrados neste Glory To Rome.
Claro que gostos não se discutem e é perfeitamente natural um jogador nao gostar do San Juan e gostar do Glory To Rome. O contrário é que acho mais difícil.
Eu, por mim, dificilmente vou voltar a jogar San Juan se houver o Glory to Rome por perto.
Como informação extra, em quatro dias a pontuação do jogo no BGG subiu de 6,3 até 7,1. Resultado desta nova edição que permitiu q mais jogadores o jogassem.

zorg disse...

>Exitem aspectos muito semelhantes, como a escolha dos roles
-
A escolha de roles não é semelhante ao San Juan. No San Juan, tal como no PR, alguém escolhe um role e toda a gente executa a acção associada a esse role. Para além disso, todos os roles estão disponíveis no início da ronda, para o primeiro jogador escolher aquele que mais lhe convém. No glory to rome as coisas funcionam de maneira bastante diferente. Para já, quando o líder escolhe o role, nem toda a gente executa o poder associado a esse role, já que é necessário "acompanhar" a jogada para isso acontecer. Quem não quiser ou não puder acompanhar, pensa. Por outro lado, a escolha do role para jogar tem a ver com as cartas que se tem na mão. Nem sempre se pode escolher o role que se quer porque pura e simplesmente pode não se ter essa carta na mão. E muitas vezes, apesar de se ter a carta na mão é melhor não a jogar como role, para que ela não vá parar à pool e ficar disponível para outro jogador a apanhar. Isto cria dinâmicas e questões que estão completamente ausentes do San Juan.

> ou a quantidade de edificios diferentes que existem nas cartas e que dão poderes aos jogadores,
-
Isto sim, é parecido. Mas, mesmo assim, no GtR existem combinações poderosas de edifícios que podem ter uma influência muito mais determinante no jogo do que no San Juan (e isto é desejado pelo autor). Para além disso, construir um edifício no GtR é um processo moroso, que pode durar várias jogadas e exige planeamento de médio prazo, enquanto no San Juan basta pagar o preço do edifício e já está. Esta característica estratégica do GtR também lhe dá um "sabor" bastante diferente do San Juan e da maioria dos jogos económicos que eu conheço.

>bem como a componente de corrida por fazer o maximo de pontos na menor quantidade de rondas possível.
-
Esta componente de corrida para fazer o máximo de pontos na menor quantidade de rondas possível é uma característica de todos os jogos em que se fazem pontos e não uma característica do San Juan, ou do GtR. Ainda ontem estive a jogar Thurn und Taxis e também tive de fazer o máximo de pontos no menor tempo possível e creio que concordas que esse jogo não tem nada a ver com o GtR, ou com o San Juan. Mas o GtR tem outra característica pouco comum: várias formas substancialmente diferentes de ganhar, que obrigam a que os jogadores estejam sempre atentos. Ontem perdi o jogo, porque o Nuno construiu as catacumbas e acabou com o jogo antes que eu tivesse tempo de capitalizar em pontos a vantagem que tinha naquela altura, em termos de infraestrutura. Foi bem jogado da parte dele e mal jogado da minha parte (porque podia ter-me defendido melhor). Mas serve como ilustração daquilo que estou a dizer.

>O que se passa é que os motivos que podem fazer um jogador não gostar do San Juan podem também ser encontrados neste Glory To Rome.
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Isto é que eu não consigo perceber. O San Juan é um jogo simples, rápido e limpinho em termos de regras. Quem gosta do San Juan provavelmente aprecia características como, sei lá, simplicidade, rapidez de jogo e um conjunto de regras polido.

O GtR é um jogo complexo, difícil de aprender a jogar bem e que não demora tão pouco tempo como isso (mais ou menos 1h por jogo, talvez um pouco menos, se forem só 2 jogadores). Não me parece que seja apelativo ao mesmo público, nem muito menos que gostar de um implique gostar do outro, ou vice versa.

Claro que pode haver gajos que gostem do San Juan e do GtR (eu sou um deles), mas dificilmente será pelas semelhanças entre os jogos, ou por transmitirem a mesma sensação.

Hugo Carvalho disse...

Apesar dos roles poderem funcionar de forma diferente existe uma semelhança inequívoca que é executar a característica do personagem que se escolhe. E durante a ronda toda a gente executa essa acção ou então espera pela próxima ronda. A questão é que uma vez jogada uma personagem os outros jogadores têm duas opções, ou fazem a acção que outro jogador escolheu ou passam, não podem, sob forma alguma, executar um role diferente. Claro que existem diferenças sobre a forma como as coisas se processam que criam questões diferentes ao jogador, mas o princípio básico é o mesmo. O que eu acredito é que um jogador que não gosta do sistema de escolha de roles como sucede no Puerto Rico ou no San Juan, ou que está farto de escolher roles, poderá também não cair de amores pelo Glory to Rome, apesar das diferenças que existem. Mas claro que os gostos são relativos.

Por outro lado a corrida pelos pontos. Deste o exemplo do Thurn und Taxis. Sim, de facto os jogos não têm nada a ver, mas considero que existe uma similaridade nesse aspecto. Tanto um como outro são jogos em que existe uma corrida pelos pontos, onde a interacção não se assume duma forma directa nem de cortar o ambiente á faca, no entanto todas as outras características são diferentes, o que faz deles jogos de famílias distintas. Mas lá está, se um jogador não gostar de jogos com componente de corrida, é muito natural que não goste nem de um nem de outro.

Por outro lado, existe outra característica muito semelhante entre Glory To Rome e San Juan. Interferes mais no jogo do gajo do teu lado esquerdo do que no dos outros jogadores.

Eu acho que tanto Glory to Rome como San Juan são da mesma família. Poderão até ser parentes afastados, mas têm bastantes semelhanças. Não é por acaso no BGG que nos comentários do jogo logo a seguir a Glory To Rome, a palavra que aparece mais vezes é San Juan.

O que eu aconselho a todos os que não gostam do San Juan é a experimentar Glory To Rome antes de o comprarem. Depois digam que não os avisei.

Seja como for gostei de saber que o Nuno te ganhou :)

zorg disse...

>Apesar dos roles poderem funcionar de forma diferente existe uma semelhança inequívoca que é executar a característica do personagem que se escolhe.
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Então estás a dizer que o GtR e o San Juan são jogos semelhantes ao Puerto Rico, ao Citadels, ao Maharaja, porque estes jogos também envolvem escolher roles? Ou que o Yspahan e o Perikles são jogos parecidos, porque ambos envolvem lançar dados? Ou que o Princes of the rennaissance e o modern art são comparáveis, porque ambos envolvem muitos leilões? Eu acho que isso não faz qualquer sentido, mas pronto, tudo bem.

> mas o princípio básico é o mesmo.
-
Não, o princípio básico não é o mesmo. O princípio básico do SJ é escolher roles de um número fixo, que se encontra em cima da mesa, e depois todos os jogadores executam o role e o que o escolheu executa com uma bonificação. Esse é o princípio básico do San Juan e é semelhante ao Puerto Rico, por exemplo. O princípio básico do GtR é substancialmente diferente: não há roles fixos na mesa, não há bonificação para quem escolhe o role e os jogadores têm a opção de executar o role ou então biscar cartas (que é uma acção potencialmente muito poderosa e muito diferente de passar). Insisto que é muito diferente do PR e do SJ.

>Sim, de facto os jogos não têm nada a ver, mas considero que existe uma similaridade nesse aspecto.
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Todos os jogos cuja vitória se determine por pontos são "uma corrida pelos pontos"! Isso não quer dizer que tenham alguma semelhança entre si! Se consideras que isso faz com que os jogos sejam parecidos, então achas que coisas tão diferentes como o Tigris e Euphrates, o Princes of the Renaissance, o Imperial, ou o Lost Cities são de alguma forma semelhantes, porque todos são "corridas pelos pontos", em que é preciso fazer o máximo de pontos no menor número de rondas, para poder ganhar.

>Mas lá está, se um jogador não gostar de jogos com componente de corrida, é muito natural que não goste nem de um nem de outro.
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Então também não gostará de nenhum dos outros que referi acima? É que têm todos "componente de corrida"...

>Por outro lado, existe outra característica muito semelhante entre Glory To Rome e San Juan. Interferes mais no jogo do gajo do teu lado esquerdo do que no dos outros jogadores.
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Isso é uma característica que existe em todos os jogos em que há uma disputa por recursos comuns e não há mecanismo de manipulação de turn order. Do Puerto Rico ao Catan, isso acontece sempre que estão reunidas as 2 condições acima.

>oderão até ser parentes afastados, mas têm bastantes semelhanças. Não é por acaso no BGG que nos comentários do jogo logo a seguir a Glory To Rome, a palavra que aparece mais vezes é San Juan.
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Não, não é por acaso, mas isso não quer dizer nada. São ambos jogos de cartas em que se escolhem roles, por isso é natural que quem que se fique por uma análise superficial, como é comum acontecer no geek, possa pensar que são parecidos. O Cuba foi muito comparado ao Puerto Rico, por exemplo, e o Antike ao Imperial e parece-me que os jogos têm pouco a ver.

Para além disso, o designer do GtR disse várias vezes que o que o motivou a desenhar o jogo foi o ter achado piada à ideia de usar as cartas para várias funções, mas achar que o San Juan como jogo não era complexo e interessante o suficiente para tirar partido dessa boa ideia.

>O que eu aconselho a todos os que não gostam do San Juan é a experimentar Glory To Rome antes de o comprarem. Depois digam que não os avisei.
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Eu acho que deve experimentar sempre os jogos se houver essa oportunidade. Mas acho mais provável que uma pessoa que não goste do SJ por o achar demasiado simples e limitado estrategicamente, goste do GtR, do que o contrário. São jogos de complexidades muito diferentes, acho perfeitamente natural que sejam apreciados por tipos diferentes de jogadores.

>Seja como for gostei de saber que o Nuno te ganhou :)
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Ya, ganhou e ganhou bem! E ontem foi uma desgraça: perdi o Thurn und taxis para o luís na última jogada ; perdi o GtR para o Nuno, quando até achava que aquilo estava bem encaminhado ; levei uma coça no Street Soccer e só ganhei o To Court the King. :)

Hugo Carvalho disse...

Antes de tudo deixa-me apenas dizer que eu gosto muito do jogo e acho o jogo muito bom e que toda a gente o deveria ter. Apenas discordo totalmente na tua análise ao tipo de jogo que temos em mãos.

1 - Não! O Citadels não funciona nos moldes do GtR ou Puerto Rico ou San Juan. No Citadels o jogador que escolhe a acção só ele é que faz essa acção. Nos outros títulos os jogadores fazem todos a mesma acção. É um princípio básico. Conheço muitos jogadores que não acham piada a jogos de leilão e tanto não gostam do Modern Art como por exemplo do Ra pela simples razão de que não gostam de leilões.
Por outro lado, se quiseres levares as coisas até às últimas consequencias e comparar jogos apenas porque se lançam dados, conheço jogadores que não gostam de jogos precisamente por esse motivo. Não gostam do factor sorte.

2 - Acho q não me expressei bem em relacção à corrida pelos pontos. Eu defino assim os jogos quando a interacção não é muita. Eu bem sei que em GtR existe interacção, mas não é uma interacção completa. Porque a interacção directa vem do Legionário e esse Role permite apenas uma interacção apenas com os jogadores que estão ao teu lado esquerdo e Direito. Por outro lado quando queres prejudicar alguém, especialmente o gajo que está à tua esquerda, podes ser obrigado a jogar duma forma que também não te beneficia, dando vantagem aos outros jogadores.
Por outro lado o edifício que permitem lixar o jogo a outro jogador é apenas um, de maneira que não é um recurso muito activo no jogo.

3 - Perdeste assim tanto ontem? Já tou arrependido de não ter ido. Assim vale a pena jogar!

zorg disse...

>1 - Não! O Citadels não funciona nos moldes do GtR ou Puerto Rico ou San Juan. No Citadels o jogador que escolhe a acção só ele é que faz essa acção.
-
É uma ligeira diferença. Não estou a ver é como é que isso é assim tão mais diferente, do que no caso do GtR, em que nem todos os roles estão disponíveis para os jogadores escolherem (ao contrário do que acontece em PR, SJ e Citadels) e onde alguns podem fazer o role e outros não (ao contrário do que acontece em PR e SJ). No fundo o que eu estou a tentar dizer é que só porque em dois jogos se escolhem roles, as diferenças entre a forma como isso acontece podem dar origem a experiências muito diferentes. No SJ e no Citadels esclhem-se roles e as experiências são completamente diferentes... tal como no caso de SJ e GtR, acho eu.

>Conheço muitos jogadores que não acham piada a jogos de leilão e tanto não gostam do Modern Art como por exemplo do Ra pela simples razão de que não gostam de leilões.
-
Mas isso não quer dizer que Modern Art e Ra sejam jogos parecidos. Não são, nem têm nada a ver um com o outro. Aliás, há imensa gente que abomina um e adora o outro.

>Por outro lado, se quiseres levares as coisas até às últimas consequências e comparar jogos apenas porque se lançam dados, conheço jogadores que não gostam de jogos precisamente por esse motivo. Não gostam do factor sorte.
-
Gostar do factor sorte é diferente de gostar de dados. Mas não era esse o cerne da minha argumentação. O que eu estava a defender é que pelo facto de, após uma análise superficial, dois jogos partilharem mecanismos, não quer dizer que uma análise mais aprofundada não permita distinguir bem as diferenças entre eles. Por outras palavras: pelo facto de Perikles e To Court the king, por exemplo, envolverem lamçamento de dados, não quer dizer que sejam jogos semelhantes! O mesmo se aplica ao GtR e ao SJ. Eu até acho o GtR muito mais próximo do Puerto Rico do que do San Juan.

>2 - Acho q não me expressei bem em relacção à corrida pelos pontos. Eu defino assim os jogos quando a interacção não é muita. Eu bem sei que em GtR existe interacção, mas não é uma interacção completa.
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Eu sinceramente falho em compreender o que é "interacção completa". O que eu sei é que é absolutamente impossível jogar GtR de uma forma minimamente competente sem estar constantemente a olhar para o jogo dos outros, a ver os recursos que eles têm, os edificios que construíram ou estão a construir e a planear formas de os lixar. Não há um momento morto num jogo de GtR. Isto para mim é interacção ao mais alto nível! Se me disseres que o Notre Dame, por exemplo, tem pouca interacção eu concordo (embora goste muito do jogo). Agora o GtR, não!

>Porque a interacção directa vem do Legionário e esse Role permite apenas uma interacção apenas com os jogadores que estão ao teu lado esquerdo e Direito.
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Do legionário, da competição pelos recursos que estão na pool, de alguns edifícios, como por exemplo a prisão que te permite litaralmente roubar um edifício cque esteja completo a outro gajo...

>Por outro lado quando queres prejudicar alguém, especialmente o gajo que está à tua esquerda, podes ser obrigado a jogar duma forma que também não te beneficia, dando vantagem aos outros jogadores.
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Isto não é verdade, de todo. Quando metes cartas da pool no teu stockpile, estás a prejudicar os outros porque lhes estás a roubar material e estás a beneficiar-te a ti, porque estás a garantir materiais para futuras construções, ou para entrarem no vault. Quando jogas um merchant quando vês que os adversários não têm nada no stockpile para meter no vault, estás a beneficiar-te a ti, porque és o único a colocar lá coisas. Quando optas por tirar o último jack, estás a prejudicar os outros, porque lhes retiras opções fuutras. E isto para não falar no matar clientes dos outros para os meteres no teu vault, por exemplo...

>Por outro lado o edifício que permitem lixar o jogo a outro jogador é apenas um, de maneira que não é um recurso muito activo no jogo.
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Não, não é apenas um. Há um que é a prisão e que permite roubar edifícios aos outros. Há outro que permite matar a clientela adversária. Há outro que permite defenderes-te contra legionários dos outros. Há outro que permite ultrapassar as defesas contra legionários que os outros possam ter. E provavelmente há mais que eu não conheço ainda...

>3 - Perdeste assim tanto ontem? Já tou arrependido de não ter ido. Assim vale a pena jogar!
-
Ya, fartei-me de perder. E, ainda pior, estava convencido que ia ganhar no TuT e no GtR e acabei por perder nos dois. :)

Anónimo disse...

O Zorg não joga nada, o Zorg não joga nada!!!!

Obelix

zorg disse...

A culpa foi do árbitro! Foi uma cabala para me lixar! :)

Unknown disse...

Pois é meu caro!
Itália deve ser mesmo fixe!
Sobre o Glory to Rome só tenho uma coisa a opinar!
Aquele manfias de barba que aparece na fotografia, que mais parece um TALIBAN, tambem sabe jogar? HMMMMM.
Bem, Essen deve ser ainda mais fabulosa, devido ao facto de não ser apenas a terra do famoso jogador, como tambem da juventude feminina daquelas redondezas!
Ah pois é!
Desejo-te as maiores felicidades com a tua cara metade!
Um grande abraço