21 maio 2008

Session Report: Conquest of Paradise

Crónicas da Polinésia

O cheiro a maresia misturava-se com o suor e entrava pelas narinas dos guerreiros que remavam em esforço nas canoas. À frente do comboio de embarcações estava Teixeira Kokilu, o guerreiro cuja família gravou a sangue a honra do seu bom nome. Preparava-se para um ataque à ilha de Hawaiki. Uma terra mística cujo domínio pertencia a Hugo Lulipulu, navegador de grandes atributos que devia a sua fama às ilhas que encontrava e colonizava com grande competência. Em Samoa era tido como um Deus, venerado pelas mulheres, respeitado pelos homens, Lulipulu tinha todas as riquezas que um homem podia ambicionar. Os corpos quentes de mulheres na sua esteira, conchas de todas as cores e peixe sempre fresco à sua mesa. Dizem os murmúrios que tinha um filho em cada ilha que descobriu. A veracidade de tal afirmação é duvidosa, mas deste homem de inteligência suprema se disse sempre muita coisa. Mas uma das histórias vem em todos os registos: sempre que içava as velas encontrava terra rica.
Os seus adversários temiam-no e invejavam-lhe a sagacidade para todos os assuntos marítimos.
A inveja foi, de resto, o motivo que desencadeou a acção de guerra de Teixeira Kolipu. Confidenciou-lhe o oráculo que a vitória pertenceria a quem tivesse maior pénis. Convencido como era, Kokilu construiu a sua marinha de guerra. Três canoas e três guerreiros. Pouca coisa, mas o suficiente para ameaçar. Quiseram os deuses punir a audácia de Teixeira. Um tsunami de proporções nunca vistas afundou os barcos e matou os tripulantes. Os homens de Hugo nunca chegaram a ouvir os rugidos de guerra dos atacantes, apenas vislumbraram os seus corpos inchados quando estes deram à costa de Hawaiki.
Mas Teixeira Koliku não era homem de desistir. Convocou todos os machos dos seus domínios e secretamente preparou uma ofensiva que iria ficar na história. Era de madrugada quando a sua máquina de guerra se fez ao mar. Ainda os colonos de Hugo dormiam, quando despertaram com a dor das lanças espetadas nos corações e gargantas. Era uma matança feita à traição. Diz-se mesmo que Teixeira tivera bebido o sangue das crianças num macabro ritual que lhe restabeleceu a juventude.
Mas o heroísmo de Hugo era conhecido na Polinésia e por algum motivo era respeitado e temido. Numa acção logística sem precedentes, percorreu cada ilha onde tinha influência e um por um foi chamando todos os homens com força para pegar numa lança. Velhos, crianças e doentes não eram poupados à obrigação militar.
Mesmo ouvindo ecoando pelas ondas do oceano o choro das mulheres e mães, Hugo Lulipulu não olhou uma única vez para trás. Mas, existem juramentos, que as lágrimas chegaram a lamber-lhe os olhos por ser responsável por acto tão vil.
Os deuses ficaram do seu lado e a ilha mítica de Hawaiki foi novamente recuperada com muito suor e heroísmo enchendo o mar de sangue e carne humana.
Agora, em todos os dias de lua cheia, um cheiro de putrefacção ergue-se do mar. Os cientistas não conseguem explicar o fenómeno, mas os pescadores, possuidores de toda a sabedoria ancestral, juram que é o cheiro da morte dos homens de Teixeira e Hugo que ali se ficaram.

4 comentários:

Bruno Valério disse...

heheeh muito bom... já vi que foi um sucesso... para mim é random demais :D

soledade disse...

Eu gosto "deste" random. É linda a forma como nós nos despenhamos numa descoberta ao invés de outros que encontram a ilha da Páscoa ou outro paraíso ainda melhor.

O tema como uma experiência singular. não para se jogar muitas vezes, óbvio, mas para deixar entrar o salitre de quando em vez ou eliminar um mosquito chato com uma palmada no pescoço pastoso.

Aconselho, vivamente e mesmo muito, o Republic of Rome. Para quem quer uma experiência maior que o próprio jogo, é isso mesmo.

PS

zorg disse...

#soledade

Estou à espera do reprint da Valley Games, mas foi o primeiro jogo que fiz pre-order. :)

Costa disse...

Este CoP foi um dos bons jogos que joguei este ano. Até tenho jogado bons jogos este ano :P
Acho mesmo que 2007 foi um bom ano para os jogos.

Mas voltando ao CoP, é temático, tem bastante sorte, mas vem com o tema... e é divertido. Vai bater na mesa algumas vezes, ai vai vai...

Boa session report :)