30 julho 2008

Agricola: é difícil a vida no campo!

Se passaste o último ano enclausurado num submarino reforçado com titânio, a 4500 metros de profundidade a explorar a vizinhança da fossa das Marianas, então provavelmente nunca ouviste falar do Agricola e esta review é para ti!

Se, num episódio inexplicável de misticismo e espiritualidade, abandonaste tudo e te converteste a um obscuro culto oriental que te obriga a viver num buraco cavado no chão inóspito da estepe mongol, vendado e em meditação permanente, então provavelmente nunca ouviste falar do Agricola e esta review é para ti.

Se, quanto te falam em jogos de tabuleiro, a única coisa de que te lembras são os serões em família nas férias do natal a jogar monopólio e onde a avó passava a vida na cadeia, para gáudio geral, então provavelmente nunca ouviste falar do Agricola e esta review é para ti.

Se achas que Ameritrash é o nome técnico que se dá aos discursos do George W., se não tens posição definida sobre o papel dos dados num jogo de tabuleiro porque pura e simplesmente nunca te ocorreu pensar nisso, ou se não sabes distinguir um abstracto puro de um gateway game de medium weight, então provavelmente nunca ouviste falar do Agricola e esta review é para ti.

Em qualquer outra situação, sabes perfeitamente o que é o Agricola e, por isso, recomendo-te que vás para BGG ler as reviews dos jogos que estás a pensar mandar vir na próxima encomenda, ou então que vás reservar os bilhetes de avião para a viagem de Outubro para Essen, porque de certeza que esta review não te vai dar nenhuma informação nova.




O jogo


Agricola é a última criação de Uwe Rosenberg e o seu primeiro "gamer's game". Está a anos luz de tudo o que ele tinha feito até agora e ombreia, em termos de complexidade, com títulos como Caylus, Puerto Rico, etc. Os jogadores controlam uma família de agricultores do século XXVII, que tem à sua disposição um terreno virgem, com uma cabana de madeira. Ao longo de 14 rondas, os jogadores vão ter de lavrar e semear os campos, construir cercados para guardar animais, expandir e melhorar a cabana e, eventualmente, fazer filhos e pô-los a trabalhar na propriedade da família, que a vida de agricultor não é fácil. No final, ganha a "melhor" quinta, ou seja aquela que apresenta um desenvolvimento mais equilibrado nas várias áreas.

Os mecanismos

Uma ronda é um processo relativamente simples: cada jogador começa com 2 trabalhadores (o pai e a mãe) e, na sua vez, pode colocar um deles numa das acções disponíveis executando imediatamente a sua função. O processo repete-se enquanto houver jogadores com trabalhadores para colocar. Nada de novo aqui, pois já todos vimos isto numa série de outros jogos (Caylus, Pillars of the Earth, Tribune: primus inter pares, Stone Age, entre outros).

No entanto há aqui algumas nuances interessantes. Para começar há acções que vão acumulando recursos caso não sejam escolhidas, um pouco à semelhança do que acontece nos roles não escolhidos no Puerto Rico. Depois, o número de trabalhadores disponíveis para colocar não é fixo, já que quando os pais procriam o que acontece na prática é o jogador ficar com mais um trabalhador à disposição. Por último, é necessário alimentar os trabalhadores em rondas específicas do jogo - as alturas de colheita - e isso tem uma importância determinante no jogo. Posso dizer sem medo de mentir que a necessidade de arranjar comida para alimentar a família vai ser razão de muitos pesadelos.

Outra novidade muito importante são as cartas. No início do jogo cada jogador recebe 14 cartas divididas em 2 grupos, Ocupações e Pequenos Melhoramentos *. Estas cartas permitem obter vantagens importantes em variadíssimas áreas do jogo e podem ser colocadas em jogo, seleccionando a acção adequada. As ocupações representam a aquisição de conhecimento específico numa determinada área, que permite benefícios na execução de uma determinada actividade. Por exemplo, há uma ocupação que permite ganhar uma madeira extra, sempre que se recolhe madeira, ou outra que permite receber um estábulo de borla, sempre que se constrói um cercado para ter animais. As pequenas melhorias representam, tal como o nome indica, uma pequena melhoria que é construída na quinta e que também dá um benefício qualquer. Em termos práticos, as ocupações não custam recursos, mas exigem sempre uma acção dedicada para serem colocadas em jogo, enquanto as pequenas melhorias normalmente custam recursos e, às vezes têm pré-condições, mas podem ser colocadas como parte de outra acção qualquer.

Uma vez jogada, uma ocuipação ou uma pequena melhoria, esta fica em jogo até ao final e o jogador não recebe mais. Existem literalmente centenas destas cartas disponíveis, divididas em vários decks com flavours diferentes, e, em cada jogo, só são usadas 14 o que, em termos práticos, significa uma variabilidade de jogo para jogo praticamente infinita.


Por último, outro aspecto que eu acho muito interessante é o sistema de pontuação. Há imensas categorias que podem pontuar, mas cada uma delas, salvo algumas excepções, pode contribuir no máximo com 4 pontos. Por outro lado, o falhanço total em qualquer uma das categorias, significa, na maior parte dos casos, pontos negativos! Assim, não ter cenouras significa 1 ponto a menos, enquanto ter 4 ou mais cenouras, significa 4 pontos. No final somam-se os resultados de todas as categorias. Isto obriga a um desenvolvimento equilibrado e proporciona algumas das tensões mais importantes do jogo, já que é muito difícil conciliar o crescimento nos vários sectores de uma forma eficiente.

O feeling

Agricola é um jogo extremamente temático. As acções não estão abstraídas, como é normal neste tipo de jogos, e para se conseguir fazer qualquer coisa com relevância é preciso normalmente dar vários pequenos passos. Por exemplo, uma forma interessante de arranjar comida é cozinhar animais. Para cozinhar animais é preciso, antes de mais nada, construir um cercado com capacidade suficiente para os ter lá, que é uma das acções disponíveis. Mas, para se poder construir um cercado é preciso ter madeira! E para ter madeira, é preciso ir cortá-la, que é outra acção! Depois de se ter constuído o cercado, é necessário ter os animais para pôr lá dentro e obtê-los é outra acção. Mas para os poder cozinhar, é preciso ter uma lareira ou um forno e para os contruir sáo precisas mais 2 acções: uma para obter o barro e outra para construir efectivamente a lareira (ou o forno). Fazendo a contabilidade, são necessárias 5 acções, só para ter a possibilidade de cozinhar um animal! E fazer pão ainda é pior!

Esta granularidade das acções tem várias consequências positivas. Para já, obriga a que os jogadores passem o jogo a efectuar planos de curto/médio prazo, que lhes permitam ir obtendo os recursos necessários. Depois, as acções têm um valor altíssimo e qualquer uma que seja desperdiçada pode ter consequências muito graves. Se combinarmos isto com a existência simultânea de vários objectivos, às vezes nada conciliáveis entre si, é fácil perceber porque é que é normal ver homens adultos a chorar como meninas, quando jogam Agricola. Para além do mais, tudo isto é extremamente temático e bem integrado no jogo, o que torna toda a experiência muito intuitiva e ajuda muito a "digerir" a complexidade.

Depois temos as cartas, que providenciam a macro-estratégia. Quando pega nas 14 cartas, no início, um jogador experiente de Agricola toma imediatamente uma série de decisões que vão ter consequências ao longo de todo o jogo e vão definir as linhas gerais da estratégia. Depois é preciso encaixar as acções de que se vai dispondo nesse Grande Plano das Coisas... e isto, meus amigos, eu posso garantir que não é nada fácil! É que colocar cartas em jogo custa acções e as acções são muito escassas! Aquela acção que foi usada para pôr o Zé das Vacas só é útil se depois eu conseguir ter vacas, para rentabilizar o Zé. Senão, mais vale usá-la para outra coisa qualquer, como por exemplo ir buscar comida, para não ter de ir mendigar.

O Agricola também é um jogo bastante complexo. Há muitos recursos para gerir (comida, barro, madeira, pedra, colmo, milho e cenouras) e há muitas áreas que é preciso desenvolver. O sistema de pontuação obriga a que sejam "cumpridos os mínimos" em áreas muito distintas e a presença das cartas adiciona uma camada adicional que pode dar cabo da sanidade de um gajo! Mas o recurso mais difícil de gerir de todos são as acções! Não há ronda de Agricola em que eu não pense, com um ar sonhador e uma lágrima no canto do olho "ah, se eu tivesse só mais uma acçãozita, conseguia finalmente expandir a minha casa e dar à minha mulher o filho que ela sempre quis... e com outra, podia cozer o pão e escusávamos de estar aqui a mastigar milho cru".


A conclusão

Tudo isto se conjuga para fazer do Agricola um jogo excepcional! Há tensão a potes, há estratégia, há táctica, há variabilidade, há risos, há lágrimas, há depressões profundas, há mãos no ombro, solidárias e olhares desolados para o resultado final de 14 rondas de tormentos. Ouve-se muitas vezes, no final do jogo, "deixa lá que da próxima vez corre melhor".


Mas o que nunca falta é a vontade de tentar outra vez!


Para mim é um grande jogo, que merece inteiramente toda a histeria que se tem gerado à sua volta! E é um sério candidato ao mais aguardado prémio do ano, o conceituadíssimo Estupendo de Ouro Estupendo 2007!

23 comentários:

Hugo Carvalho disse...

Finalmente experimentei Agrícola. Num ano dominado pelo Brass e por Container, que foram os melhores jogos que passaram pelas mesas em ano de campeonato da Europa e jogos olímpicos, eis que surge Agrícola, jogo aguardado com muito entusiasmo e que merece tudo o que dele se tem dito e não me admirava nada que destronasse Puerto Rico do lugar do melhor jogo de tabuleiro alguma vez fabricado.
A primeira coisa que ressalta à vista são os materiais. Quilos de madeira, cartas e papelão. Tudo muito eficaz e bonito. Não é um esplendor do design, mas as vacas parecem vacas e os porcos parecem porcos. E isso já cria um bom ambiente.
A experiência de jogo é uma coisa extraordinária. Ao jogar percebe-se que Agrícola está muito bem desenvolvido. Muito equilibrado, tudo faz sentido e cria uma dificuldade que vicia. O jogador não acaba a partida feliz. Acaba-a excitado, a falar de tudo e mais alguma coisa e não descansa enquanto não conseguir pôr as ideias em prática. Mas é aí que Agrícola dá um safanão muito importante. Toda a experiência de jogo é diferente de partida para partida. As cartas com que um jogador começa são diferentes da partida anterior e criam outros desafios e outro paradigma na abordagem a Agrícola. Isso é de facto uma coisa monumental. Cada jogador começa o jogo com 14 cartas. Existem para aí umas 500. Agora imaginem.
Um exemplo prático é a comida. Uma das grandes ideias dum jogador é criar condições para alimentar a família. Isso é um problema enorme que precisa de ser resolvido o mais depressa possível ou então o jogo é perdido. Agora a forma que se encontra para a alimentar a gente depende das cartas que o jogador tiver em mãos e da estratégia que utilizar para as por na mesa (é muito difícil põr cartas na mesa porque há, literalmente, muita coisa para fazer ao mesmo tempo).
É um jogo que faz lembrar o Caylus, só que passado no campo e muito mais difícil de jogar. Por outro lado a experiência é melhor porque os jogadores falam mais do que em Caylus e isso torna o ambiente menos pesado.
Quanto á interacção. Bem, Agrícola não tem uma interacção “vou-te matar essa vaca que está aí e lixar-te as cercas”, sendo muito mais subtil. Luta-se imenso por ser o primeiro a jogar e pelas acções que dão mais materiais. Mas o jogo não precisa de muita interacção, o jogador interage consigo próprio e isso já é o suficiente. É que na verdade existe tanta coisa para fazer que não há tempo para pensar nos outros.
Seja como for, a interacção vê-se assim. Em agrícola um jogador consegue jogar sozinho, o chamado “agrisolo”. Mas jogar sozinho não tem piada absolutamente nenhuma. Isso porque faltam os outros parceiros e falta a luta pelas acções disponíveis e falta aquela incerteza de se conseguir ou não seguir o plano sem que alguém o atrase apenas porque colocou um trabalhador no cultivo. Pronto, a interacção em agrícola é isso e acreditem que é o suficiente para se chamar cabrão a quem quer que seja.
O jogo é um “must”. Ponto final.

Cacá disse...

concordo com tudo que foi dito até agora sobre o Agricola, não vejo a hora de comprar um pra mim...

Me arrisco a dizer que ele pode inclusive ameaçar a soberania do Puerto Rico sim... e com méritos...

Palmas ao Uwe Rosenberg, que depois de nos divertir tanto com o Bohnanza agora nos oferece um jogo que vai ficar na mesa de todos por bastante tempo...

Abraços do Brasil...

Cacá disse...

Esqueci de parabenizar ao Zorg pela excelente review, das que eu lí até agora essa é com certeza a melhor...

Alías, não esperaria nada de qualidade menor vindo dos amigos deste blog....

Abraços do Brasil...

Costa disse...

Já venho tarde, mas venho :p
Boa review, como sempre né!
Cada vez que jogo Agricola irrito-me, enfureço-me e esperneio e o pior é que continuo a querer jogar o jogo. deve ser por isso que o sacana do jogo é bom :)

missbutcher disse...

Agora fiquei curiosa para jogar o danado. Alguém tinha me dito que era parecido com o Puerto, o que me assustou, já que não sou tão fã do ex-número 1 do BGG. Mas agora fiquei com vontade. Pena que ele é grande. Nos meus incríveis 32 metros quadrados fica difícil de arrumar espaço pra ele!

Ah, aguardo um post-geral dos lançamentos em Essen! Vocês vão?
Bjs

Hugo Carvalho disse...

Olá Bel! :)
Não, novamente não vamos a Essen. Muita gente por todos os lados, ouvi dizer. Na verdade os jogos que lá fizerem sucesso acabarão por vir e aparecer nas mesas. Mais vale gastar o dinheiro da viagem na colecção.
Quanto ao agricola, acho-o muito mais parecido com o Caylus, muito embora haja parecenças óbvias com o puerto Rico. Mas o jogo é diferente quanto baste para que alguém que não goste do PR adore o Agricola.
A caixa do jogo não é propriamente grande, é pesada como o caraças. E não te vou mentir, dá um certo trabalho arrumar aquilo tudo.

missbutcher disse...

oi Hugo. Bom, você o comparou com um dos meus preferidos. Se ele é parecido com o Caylus, ele deve ser bom. E arrumar o jogo é praticamente terapeutico. :-)

Catenaccio disse...

Hugo, Zorg e Spirale,

Descobri o blog por mero acaso, quando navegava na internet à procura de jogos de tabuleiro. Desde já, os meus parabéns pela forma como tratam o tema. Já estive a ler alguns posts e as reviews estão espectaculares. Ler acerca das vossas sessões dá vontade de aplicar a mesma fórmula.

Desde pequeno me habituei, com os meus Pais, Tios e Primos, durante as férias, a longas sessões dedicadas a jogos, como o velhinho Monopoly e um outro da Bolsa, bem antigo. A "febre" ficou sempre e, de tempos a tempos, juntamo-nos, trazemos amigos e jogamos umas partidas de king (cartas), dominó belga, poker de dados, xadrez e trivial pursuit.

Como o Verão está a terminar, estou a pensar adquirir um jogo de tabuleiro para preencher as noites mais frias que se avizinham. Preciso da vossa ajuda nesta matéria.

Não estou por dentro dos últimos títulos e do que o mercado oferece, por isso é melhor explicar as minhas preferências. Assim, procuro um jogo de tabuleiro que permita jogar até 6 jogadores, mas privilegie uma mesa constituída por 4 pessoas. Por ser aficcionado de xadrez (há adversários?), também prefiro uma maior dose de estratégia e menor percentagem de sorte. Por fim, gosto mais da dinâmica de jogar com cartas, do que ficar à mercê da sorte dos dados. Já estive a ler a review do "Agricola" e fiquei com água na boca. O único senão é que talvez preferisse um tema mais ligado à componente militar: medieval ou espacial.

Em tempos, fui jogador acérrimo de jogos de RTS online, como a série Age of Empires (Kings e Conquerors), mas não sei até que ponto títulos desse género resultam bem em tabuleiro.

Para finalizar, uma dúvida: qual o melhor sítio para encontrar jogos de tabuleiro, em qualidade e quantidade? No El Corte Inglés? Agradeço sugestões.

Abraço e continuem como até aqui.

zorg disse...

>Assim, procuro um jogo de tabuleiro que permita jogar até 6 jogadores, mas privilegie uma mesa constituída por 4 pessoas. Por ser aficcionado de xadrez (há adversários?), também prefiro uma maior dose de estratégia e menor percentagem de sorte. Por fim, gosto mais da dinâmica de jogar com cartas, do que ficar à mercê da sorte dos dados.
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Puerto Rico, Agricola, Power Grid, Princes of Florence, entre outros, parece-me que cumprem todos os teus requisitos, excepto o de dar para jogar com 6 jogadores (o Power Grid dá com 6, mas não é muito recomendável).

>Já estive a ler a review do "Agricola" e fiquei com água na boca. O único senão é que talvez preferisse um tema mais ligado à componente militar: medieval ou espacial.
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Jogos com componente militar têm, normalmente, alguns problemas difíceis de resolver. O tempo que demoram a ser jogados e o turtling, que o que acontece quando o jogo beneficia quem joga muito defensivamente e fica à espera que os outros se desgastem a lutar uns contra os outros. Por essa razão, uu não recomendo um desses como ponto de entrada. Mas se quiseres avançar para uma coisa dessas, mesmo assim, acho o Imperial muito bom, apesar de ser um jogo pouco convencional, e o Mare Nostrum também muito interessante, numa perspectiva mais tradicional do jogo de civilização.

>Em tempos, fui jogador acérrimo de jogos de RTS online, como a série Age of Empires (Kings e Conquerors), mas não sei até que ponto títulos desse género resultam bem em tabuleiro.
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A qualidade das versões de tabuleiro varia muito caso a caso. No entanto, um ponto que quase todas partilham é o terem muito pouco a ver com as versões de computador. Ou seja, se gostavas do Starcraft em computador, não é obrigatório que gostes da versão em tabuleiro e vice-versa.

>Para finalizar, uma dúvida: qual o melhor sítio para encontrar jogos de tabuleiro, em qualidade e quantidade? No El Corte Inglés?
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Para além de FNAC, Corte Inglês e algumas lojas no Colombo, tens a Runedrake, que fica numa perpendicular à avenida de roma.

Eu normalmente compro os jogos online. Este site www.planetongames.com entrega celeridade e, se fizeres compras acima de €100, oferece os portes. É o que eu costumo usar com mais frequência.

Se tiveres mais alguma questão, não hesites em colocar aqui, ou para o email jogosdetabuleiro@gmail.com.

Cumps,

Catenaccio disse...

Zorg,

Agradeço imenso as respostas às minhas dúvidas. Vou procurar ler mais um pouco acerca desses títulos que referiste para ter maior certeza no título que irei adquirir. O ideal seria olhar para o tabuleiro e experimentar jogar um bocado, mas como os amigos mais próximos andam na febre do "Buzz", terei mesmo de arriscar e desafiá-los com a perspectiva de um tinto acima da média.

Se os outros colegas do blog quiserem completar alguma coisa, através da sua própria experiência, agradeço.

Cumprimentos.

P.S. No www.planetongames o manual/regras vem em Inglês? O ideal será encontrar versões em português, mas inglês e espanhol também não oferece problemas.

zorg disse...

>O ideal seria olhar para o tabuleiro e experimentar jogar um bocado, mas como os amigos mais próximos andam na febre do "Buzz", terei mesmo de arriscar e desafiá-los com a perspectiva de um tinto acima da média.
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Isso costuma resultar bem. :)
Se vai ser a primeira vez para todos os envolvidos, recomendo um jogo não muito complicado. Princes of Florence, Settlers of Catan, ou Ticket to ride, por exemplo, parecem-me boas apostas.

>P.S. No www.planetongames o manual/regras vem em Inglês? O ideal será encontrar versões em português, mas inglês e espanhol também não oferece problemas.
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Há poucas edições de jogos em português. No planetongames normalmente arranjas o jogos em inglês, espanhol, ou alemão. Tens de consultar lá a ficha do jogo para veres qual a edição que estás a comprar.

O Settlers of Catan, que é uma excelente introdução, tem uma edição em português da Devir que penso que ainda deves arranjar no Colombo, na FNAC, ou no Corte Inglês.

O site referência para obter informação sobre qualquer jogo é o www.boardgamegeek.com, ou BGG, como nós lhe chamamos carinhosamente. Às vezes é possível encontrar lá regras em português (a tradução de algum jogador que depois resolve disponibiliza-la para a comunidade) para alguns jogos. Recomendo que dês uma olhadela por lá. :)

Catenaccio disse...

Thanks :)

Estive a imprimir uma série de reviews para ler à noitinha, mas ainda subsistem muitas dúvidas. Pelo menos, já vou arranjando parceiros que se coadunam com o espírito que se pretende.

O problema é que não aprecio muito a lógica/dinâmica dos leilões (incluindo bluff) e ponho de parte essa interacção. Resumindo, o ideal seria:

Tema: Militar (medieval), mas o Agricola deixou-me boa impressão.
Players: Possível de ser jogado entre 2-6, mas orientado para 4 pessoas.
Dinâmica: Sem leilões e menosprezando o "poder" dos dados. Privilegia-se a utilização (hábil)de cartas. Mais estratégia e menor ênfase no factor sorte.

Mais ou menos, é isto que pretendo. Já estive a pesquisar no BGG, por categoria e depois venho aqui ler as reviews. Vou seguir o conselho e dedicar especial atenção ao Settlers of Catan e Ticket to Tide.

Abraço.

Hugo Carvalho disse...

Olá Catanaccio!
Obrigado pelos elogios que nos deixas e se tens malta sempre disposta a jogar buzz, bem então estás no bom caminho. Provavelmente daqui a uns dois ou 3 meses já ninguém vai pegar no comando para responder a perguntas e estarás mergulhado nos jogos de tabuleiro. Mas aviso-te que nem sempre é barato, principalmente se comprares nas lojas de centros comerciais. Mas vale cada cêntimo.
O que é interessante é que no espaço de duas semanas já és a segunda pessoa que encontrou o blog que o anda a ler de fio a pavio e que quer comprar jogos, mas não sabe muito bem o quê! A resposta que te dou a ti é a mesma que costumo dar nestas situações, muito embora tu sejas mais específico no que queres.
Em primeiro lugar e isso é a minha regra nº 1 para todos, nunca compres jogos a pensar em ti, mas sim nas pessoas que vais convidar. Repara, há muita gente que não gosta de jogos mais matemáticos, outras pessoas que não gostam de jogos de guerra e há pessoas que não acham piada a leilão (como o teu caso, muito embora era capaz de apostar que mal jogues a um mudes de opinião).
Opções há muitas para começares. Uma vez que se divertem todos com o Buzz, parece-me que o vosso grupo privilegia muito a galhofa e o divertimento. Por isso nada como começarem por um jogo divertido e que promova a galhofa. Assim, existem dois jogos que, com toda a certeza, vão ser um sucesso. O El Grande e o Ticket to Ride versão Europe (para muitos a melhor) ou Marklin (que é a que eu costumo jogar). Ambos dão para 5 e promovem bastante a conversa à mesa e são bastante divertidos. O Ticket to Ride é um jogo muito simples, com uma forte componente visual e que toda a gente gosta. Não é muito exigente, ninguém tem de pensar muito nas opções e flúi bastante bem. É ideal para começar porque não exige ao dono do jogo perder muito tempo a ler as regras, estas são assimiladas e compreendidas numa primeira leitura de 30 minutos. Explicam-se facilmente em 10 minutos e nenhum dos jogadores vai ter dúvidas do que está a fazer. É o cenário perfeito para uma primeira experiência. As mulheres (nem sempre com disposição para este tipo de coisas) adoram o jogo e até crianças com 10 anos podem-se juntar à mesa que se vão divertir como os outros. Além disso o jogo está cheio de peças e é apelativo. Custa á volta de 35 euros e existe em todo o lado (fnac, corte inglês, runadrake).
O El grande dá também para 5 jogadores (só tem piada a 5) e também ele é muito fácil de aprender a jogar e, principalmente ensinar. Toda a gente gosta do jogo também e até tem um ambiente medieval (é passado em Espanha). Ao contrário do Ticket to Ride, exige mais do jogador no que toca a opções. Para além disso é um clássico. Tem uma particularidade bastante interessante, que é os jogadores passarem os 90 minutos a se lixarem mutuamente em frente uns dos outros. Mas o que torna a experiência enriquecedora é que toda a gente se ri com as desgraças dos outros. Fortemente recomendável. Estava no corte inglês a 60 euros, na versão inglesa e com todas as expansões. Sinceramente não sei como funcionam a expansões (não foram muito elogiadas, exceptuando a 1ª), mas o jogo base é muito bom. Ah é verdade, não tem sorte envolvida.
Como estavas a falar de jogos de computador, o jogo de tabuleiro que mais se assemelha é o Railroad Tycoon. Jogo que é um colosso visual, com 7000 peças e todos os componentes são brilhantes. Dá para 6 jogadores (só se joga bem a 5 e a 6) muito fácil de aprender e de ensinar e que toda a gente gosta. Comprei o jogo e o pessoal meu amigo que não costuma jogar passou-se. Dois problemas, é muito caro, creio que o vi à venda em Portugal por 70 euros e o mapa é muito grande. Mas é mesmo muito grande, convém saber se a mesa de jantar dá para aquele cartão todo.
Se optares por um destes 3 ou pelo Catan vais bem servido e as tuas noites de Inverno vão ser bem passadas. Seja como for não penses muito em jogos de guerra nesta fase. Há muita gente que não gosta, não são tão evidentes a nível de regras e o que interessa é teres pessoas para jogares. Deixa-me também dar o conselho para não te preocupares como o factor sorte. Normalmente, e tu vais ver isso, o mero lançar de dados não implica que o resultado tenha uma decisão no desenlace do jogo. Se os jogos forem bons o jogador tem muitas opções de dar a volta. Só para teres um exemplo, o jogo Formula De é um festim de lançamento de dados, tas sempre a lançar dados e no fim ganham sempre os mesmos. Não acredito que eles tenham sempre sorte.
O catan por exemplo estás sempre a lançar dados e se o jogares vais ver que nos jogos posteriores vais arranjar estratégias para alterar a possível falta de sorte. Ao contrário do monopólio e Risco, estás sempre a calcular as tuas probabilidades.
Bem, deixo-te então as minhas preferências para os caloiros e deixa-me apenas dar-te o convite para, caso mores em Lisboa, jogares na Runadrake que é uma loja de jogos perto da Av. De Roma. Normalmente existe sessão às quartas feiras a partir das seis. Para mais informações carrega no link do lado direito, grupo de Lisboa.
Um abraço!

Hugo Carvalho disse...

é verdade, se quiseres/poderes aparecer amanhã (dia 3 setembro), eu terei todo o gosto em lá ir ter contigo para jogarmos alguma coisa. Só posso aparecer a partir das 18.

Catenaccio disse...

Hugo,

Obrigado pelas dicas. Como disseste, e bem, tenho andado pelo BGG e navegado pelo blog, mês a mês.

A dúvida quanto à categoria subsiste, porque há um grupo (potencial) de 5/6 jogadores com gostos ligeiramente diferentes. Alguns amigos preferem jogos centrados na vertente militar, outros aceitariam bem um tema histórico/aventura, os meus primos jogam tudo (até o 4 em linha) e a minha mulher prefere jogos mais matemáticos. O melhor mesmo é procurar chegar ao gosto pessoal do maior número de pessoas.

Quanto ao Buzz, há que dizer que a minha galhofa resume-se a uma ou outra piada subtil ou sarcástica porque em 90% das vezes estou é concentrado em tocar na maldita campainha. Confesso que sou um bocado competitivo e aborrece-me estar a jogar com demasiado falatório. O que mais me irrita é estar concentrado (a viver o jogo) e alguém começar a discutir um filme que viu no cinema ou uma partida de futebol (que adoro e, já agora, sou do Benfica). Para compensar, tenho o chamado bom feitio, dignidade na hora da derrota e grandeza na hora da vitória (lol).
Para mim, como noutro jogo qualquer, eu divido o tempo em 2 momentos: aquele em que se está a jogar e o outro (after) em que se discutem estratégias e debate-se o resultado final. Para mim, tanto um como outro satisfazem o meu apetite e acabar um jogo e arrumar tudo, logo a seguir, não me faz sentido. Aprecio a envolvência de um bom jogo, mas nada como conversar a seguir e entender o que foi feito de bom e de mau. Gosto de uma curva de aprendizagem demorada e de ter várias estratégias/combinações. Também acredito que os momentos iniciais, de preparar o tabuleiro e observar as miniaturas, seja um ritual engraçado.

A minha mulher vai ter aqui um papel fundamental, porque tenho de convencê-la acerca de um serão passado à frente de tabuleiro, com vinho de qualidade e salgados à mistura. Eu aprecio imenso o convívio, a adrenalina de um bom jogo e o acompanhamento de iguarias de qualidade. Assim, não posso falhar. A vida de um homem casado não é fácil (lol).

Posto isto, não coloco nada de parte. Também não tenho preconceitos especiais e até posso ser adepto da dinâmica proporcionada pelos leilões. Em relação aos dados, não me posso queixar acerca dos imponderáveis das probabilidades (leia-se sorte), mas preferia mesmo algo mais estratégico e que nos leve à exaustão mental. Sou um tipo mais racional que emotivo e costumo guardar o hemisfério direito para quando me desloco à Luz.

Por fim, agradeço o convite e um dia destes sou mesmo capaz de aparecer, quer para conhecer alguns de vocês pessoalmente, quer para me inteirar dos jogos in loco. Não prometo nada porque trabalho até às 18h00 (em Lisboa) e estou um pouco limitado em termos de tempos porque o casamento traz aquelas obrigações super interessantes como ir às compras ou ter qualquer coisa para tratar. Já agora, moro em Odivelas, mas conheço bem a zona e, quem sabe, um dia apareço mesmo.

Obrigado, mais uma vez, e votos de boas jogatanas.

Catenaccio disse...

Through the Ages: A Story of Civilization...anyone??

Hugo Carvalho disse...

Eu só joguei uma vez e não terminei o jogo. O potencial do jogo é incrível e parece-me um jogo muito bem desenvolvido e muito bom.
Mas lá está, é uma experiência com características muito próprias e é bastante pesada. Demora muito tempo (cerca de 3 horas ou mais se forem 4) e exige bastante do jogador a nível de concentração e disponibilidade.
O jogo é, como te digo, muito bom mas não sei se as pessoas vão gostar da experiência, uma vez que é a primeira vez que jogam a um jogo de tabuleiro. Além disso as regras têm muitas vicissitudes que encaixam e podem não ser tão evidentes numa primeira abordagem. Isso em princípio não constitui problema, o grande desafio é explicar as regras sem que os teus amigos "caloiros" desanimem. Repara que as regras têm 56 páginas. Digo isto porque existe uma certa resistência inicial das pessoas a jogos de tabuleiro, uma vez que, na minha opinião, são vistos como uma guerra de QI. O que não é verdade, mas existe esse trauma e o trivial Persuit contribuiu em muito para isso. Pela experiência que tenho, normalmente quando se convida alguém a experimentar um jogo de tabuleiro essa pessoa pode não estar disposta a estar concentrada.
Mas pelo que tu disseste de ti próprio e do que gostas, sem dúvida que vais gostar muito do jogo, mas a pergunta é: e os teus amigos? irão gostar?
Seja como for é muito parecido com aqueles jogos de desenvolvimento do PC. Vais desenvolvendo a tua cidade ou vila, constróis o teu exército e andas ali à porrada. O que é engraçado é que vais passando mesmo pelas épocas todas da humanidade.
Mas podes sempre fazer download das regras no BGG e experimentar ler aquilo. Uma coisa importante, é que os jogadores precisam de saber algum inglês, nada de extraordinário, mas as cartas têm as suas funcionalidades nesse idioma.
Se eu fosse a ti não me preocupava muito. Se optares por um jogo mais fácil para começares nestas lides dou-te a minha palavra que vai resultar e vais vibrar de felicidade. Experimenta o El Grande, o Ticket ou o Catan.
Se queres mesmo um jogo de guerra, mais pesado e de ambiente medieval, podes ir para o Shogun que é um jogão do catano. É uma versão do walleinstein, mas o jogo é o mesmo.
Se quiseres ler mais tens aqui a minha critica:
http://jogosdetabuleiro.blogspot.com/2005_08_01_archive.html
Este é um jogo fácil, de explicação simples e também com regras fáceis de ler e perceber logo. Além disso tens as regras em espanhol e inglês. Se quiseres mesmo algo mais pesado, com uma parte militar e ambiente medieval (neste caso medievalidade japonesa) tas garantido com shogun.
Pronto estou para aqui a escrever e deu-me vontade de voltar a jogar El Grande, Shogun e Through the Ages.
Mas pela troca de comentários que temos estado a ter, apostava a minha unha do apontador que o El Grande iria ter grande sucesso.

Catenaccio disse...

Vou ler as reviews do Walleinstein e do Shogun, para além de pesquisar no BGG mais um bom bocado. O mais tardar até à próxima semana quero ter um tabuleiro bonitinho, pronto a estrear num fim-de-semana breve.

Agricola, Settlers of Catan, Ticket to Ride, Railroad Tycoon...a escolha é vastíssima. El Grande, também não me parece nada mal, até porque posso sempre fazer analogias com a minha pessoa e, logo desde o início, mostrar quem manda!

Depois conto qual foi a decisão e como correu a estreia. Abraço.

Hugo Carvalho disse...

Relembro que se quiseres passar pela Runa (agora têm a loja na qta do lambert no campo grande) basta deixares aqui o comentario que eu vou la ter contigo e podemos jogar qq coisa ou falar sobre as regras etc.
Tas mesmo à vontade!

Catenaccio disse...

Eu sei. Prometo mesmo que apareço, mas as próximas 2/3 semanas também vão ser muito complicadas em termos de disponibilidade. É que tenho a minha casa à venda e para a semana já vou ter a escritura da nova. Assim, os próximos dias vão ser dedicados às burocracias habituais relacionadas com créditos à habitação, impostos, escrituras e o diabo a sete. A juntar a isso tudo, tenho a mudança e no dia 20 vou para fora, em mais uma semana de férias. Em resumo, a altura não é a ideal, porque até a jogar o jogo do galo me desconcentro. Mas, quando tudo acalmar, dedico-me com mais afinco ao universo dos board games.

missbutcher disse...

Hugo, Zorg, vocês realmente são ótimos. Dar idéias aos novatos é sempre um (bom) desafio.

Catenaccio, você está em ótimas mãos e, realmente, as dicas aqui são perfeitas para cativar o grupo com personalidades mais variadas. Digo isso porque o meu grupo (ok, ultimamente dividido entre Rio e Paris, com alguns em São Paulo), o Oba, Tijolo!, tem alguns citados (El Grande, Ticket to Ride, Settlers of Catan, por exemplo) e não cansamos de jogá-los. Boas descobertas!

Unknown disse...

eu queria ter um desses como eu faço?
gostei muito pois faço um curso de tecnico e m agro pecuaria.

Anónimo disse...

http://markonzo.edu pleaded deepening http://blog.bakililar.az/airpurifiers/ http://www.piedmont.edu/idt/wiki/index.php?title=User:Delta_Faucets http://forum.fscp.org/members/allegiant-air-airlines.aspx http://www.livevideo.com/airpurifiers reportthese runny