20 março 2006

Gaming sarau

Teve lugar no fim-de-semana que passou um verdadeiro gaming sarau, chez moi.

A casa vazia e o mau tempo levaram-me a lançar o desafio por SMS aos suspeitos do costume. Só compareceram os mais bravos, destemidos e temerários gamers da zona de Oeiras, ou seja, eu, o Sérgio, o Pato, o Luís e o Rui.

Só se baldou o de sempre, o mariquinhas chorão que se está sempre a queixar de nunca jogar, mas depois, quando a altura surge, arranja sempre desculpas ridículas para não ir. Não vou referir o seu nome, por razões deontológicas, mas posso revelar que é uma das pessoas que escreve neste blog e não sou eu. Se ainda não adivinharam (como é possível??), acrescento que é o sobrinho do tio do Hugo que não é primo dele.

Mas voltemos ao que interessa!

A combinação era aparecer pelas 14.30h, no jogódromo. Por volta das 15.00h, chegou o Pato, com a sua lendária pontualidade britânica. Como os outros estavam ainda mais atrasados e éramos só 2, resolvemos jogar um joguito de Roma - uma das últimas aquisições - para fazer tempo.

Só tinha jogado uma vez antes, mas devo dizer que cada vez estou mais entusiasmado! É um jogo bastante estratégico, com imensas opções a cada turn e que tem alguns mecanismos muitíssimo inteligentes. A forma como se usam os dados, por exemplo, é absolutamente brilhante! Agora começo a perceber a razão dos elogios de alguns ilustres, como o Alan "Eu desenhei o Ticket to Ride" Moon, ou o Bruno "Eu tenho um site fixe e desenho jogos" Faidutti. Fiquei cheio de vontade de experimentar outra vez. Fica aqui já solenemente prometido um full review para quando já tiver mais algumas sessões no bucho.

Enquanto jogávamos Roma, chegaram as cervejas, o que provocou manifestações de grande regozijo em mim e no Pato, devidamente acompanhadas por uma dança ritual saami de celebração. O Sérgio e o Luís vinham com elas, pelo que o quorum passou a ser de 4 jogadores. Como o Rui, com a sua lendária pontualidade britânica, já tinha avisado que só ia chegar depois das 16h, decidimos jogar um Fórmula Dé Mini, enquanto esperávamos.

E foi bombástico!

O Sérgio, a quem a idade já vai deixando algumas marcas, não conseguiu "ligar o seu motor" e fraquejou na partida. Ninguém ficou surpreendido. Só com a ajuda de uma boa dose de Viagra é que conseguiu arrancar, mas entretanto já tinha perdido muito tempo e ficado para trás.

Lá na frente, eu, o Pato e o Luís, jovens e jactantes, alternávamos a liderança e íamos gozando com a sua má fortuna ("Vá, é o Tiago Monteiro a jogar o dado", ou "coitadinho do Minardi, tão sozinho lá atrás").

A luta pela liderança, no entanto, provocou algum desgaste e, na última volta, a nítida inferioridade orçamental da minha equipa (que obrigou a que tivéssemos usado pastilha elástica para segurar algumas peças no sítio, em vez dos habituais parafusos) veio ao de cima e fui forçado a abandonar a corrida, com o motor partido, no meio de um aparatoso incêndio.

Na liderança estava agora o Luís e com alguma vantagem, Em segundo vinha o Pato, de penas ao vento, e, lá longe, o pequeno Minardi do pobre Sérgio arrastava-se pela pista, para gargalhada geral.

À medida que a corrida se aproximava do fim, o Luís ia vendo a saúde do seu carro ficar cada vez mais periclitante até que, atormentado pela imagem do meu motor a arder e pelo cheiro nauseabundo a pastilha elástica queimada, tomou uma decisão difícil e resolveu moderar o seu andamento. Confiava que a sua vantagem, aliada ao desgaste que o carro do Pato também já apresentava, seriam suficientes para garantir a vitória.

Enganou-se redondamente!

Reduziu demais e o Pato, sempre de prego a fundo, aproveitou bem a oportunidade e passou por ele como um falcão, deixando um rasto de penas! Venceu a corrida in extremis, no final da última volta! Grande Pato!

Pior, o Sérgio, que entretanto tinha percebido que o carro tinha mais do que uma mudança, viu bem o erro do ex-líder e arriscou tudo, conseguindo arrancar um excelente segundo lugar! O pobre Luís, que tinha tido a vitória na mão até quase a última curva, acabou assim em terceiro e último lugar, uma vez que eu, qual anjo caído, tinha sido forçado a desistir coberto de glória. No final, chorou que nem uma menina de 10 anos a quem tivessem roubado a Barbie!

Entretanto bateram as 16.40h e chegou o Rui, com a sua lendária pontualidade britânica, pelo que, terminado o Fórmula Dé, nos pudemos dedicar ao Conquest of the Empire.

Aberta a caixa pudemos constatar que o mapa é ENORME! A caixa vem cheia até acima de miniaturas em plástico muito jeitosas, representando os vários tipos de tropas (infantarias, cavalarias, catapultas e trirremes) e o mapa é ENORME.

O jogo é uma adaptação/aperfeiçoamento do Struggle of the Empires e é, na sua essência, um area majority game disfarçado de jogo de guerra. O mecanismo que o distingue dos outros jogos do mesmo género, é o leilão das alianças que, de uma forma resumida, permite que os jogadores paguem para decidir quem é que fica em que aliança. O jogo está dividido em 4 campanhas e há um destes leilões antes de cada uma, ou seja, os aliados da primeira campanha podem ver-se, subitamente, em alianças opostas, com consequências dramáticas.

Após tirarmos tudo da caixa e montarmos o mapa - que é ENORME - comecei a tentar explicar as regras à plebe, uma vez que já tinha jogado um semi-jogo de Struggle of the Empires e também já tinha dado uma olhadela às regras deste Conquest of the Empire. Não tive grande sucesso e demorámos algum tempo a iniciar o jogo. Quando finalmente já tinhamos o jogo a decorrer em bom ritmo, chegaram as 19h e tivémos de terminar.

Só tivemos tempo de completar uma campanha e parámos logo a seguir ao segundo leilão das alianças... já tinha dito que o mapa é enorme?

Foi pena não termos tido tempo de acabar o jogo, mas, de qualquer das maneiras, o jogo promete bastante e toda a gente ficou cheia de vontade de o jogar outra vez. Fica aqui prometido também um full review, para mais tarde. Ah, e o mapa é de facto ENORME!

Tudo somado, foi uma tarde muito bem passada e toda a gente teve pena de ir embora. À saída, toda a gente ia discutindo as incidências dos jogos e tenho a certeza que não será difícil convencer nenhum dos participantes a comparecer a uma futura sessão. A baldar-se alguém, a minha aposta seria o tio da sobrinha do Hugo... ;-)

7 comentários:

zorg disse...

É verdade, não tinha pensado nisso! À luz dos novos regulamentos, terás uma grande vantagem na próxima corrida... ;)

zorg disse...

Eheheheheh

Estou a ver que já tinhas tudo planeado! :-)

Eu, como passei o tempo praticamente todo a vasculhar o livro de regras, para responder às perguntas dos meninos, andava literalmente a apanhar bonés, no que ao jogo diz respeito. O meu plano para as rondas seguintes era, resumidamente, nenhum. Nem sequer me apercebi dessas tuas movimentações geniais, vê lá tu e por isso é que não as descrevi no post. Mea culpa!

Já agora, não querendo pôr em causa o brilhantismo das tuas movimentações, não era o teu ex-aliado que ia à frente? ;-)

Seja como for, da próxima vez, já com as regras bem digeridas, tudo será diferente e eu reinarei vitorioso e incontestado...MUAHAHAHAHAHAHAAAAAAA! :-)

Hugo Carvalho disse...

Isto é vergonhoso. Então quer dizer que uma aliança de dois gajos deu tareia a uma aliança de três e que a única coisa que fez foi coçar a cabeça? Isto é vergonhoso.
Aliás essa até é uma coisa que me deixa um pouco curioso, como é que o jogo em questão se porta com um nº ímpar de jogadores.
É que eu tenho a versão masculina do jogo de que falam (Struggle of empires) e pareceu-me que seria mais equilibrado jogar sempre com numero par.
O motivo da minha não comparência neste sábado deveu-se a uma palestra que dei, a pedido de alguns catedráticos, cujo tema era grandes estratégias em jogos de tabuleiro. Escusado será dizer que a assistência ouviu a minha sabedoria de boca aberta e no fim da minha prestação recebi um aplauso de pé de cerca de dez minutos.
Quando combinarem outra vez, espero poder aparecer para vos ensinar como se conquista o mundo.

zorg disse...

Tu, ó sobrinho do tio do Hugo, devias era ter vergonha, em vez de vires para aqui mandar bocas e armar ao pingarelho! A realidade é que não apareceste, porque tiveste medinho, como é hábito. Ou será necessário começar a enumerar as vezes em que te baldaste (e as hilariantes desculpas que usaste)?

Olha que seria bastante constrangedor e não abonaria nada em teu favor...por isso, pianinho! Bico calado e deixe os homens falar, se faz favor!

Agora ando com uma vontade inacreditável de partir um ganda Mare Nostrum, com a expansão! Mas tenho a certeza que tu vais ter de ir pintar as unhas, ou à bershka comprar uma saia, e por isso não poderás comparecer... :P

Hugo Carvalho disse...

Mare Nostrum!
Devo lembrar-te que no único jogo que fizemos ninguém ousou atacar-me. Enquanto ouvia as vossas vozes:
- Ao Hugo não! Ao Hugo não!

zorg disse...

Ó meu amigo, devo relembrar-te que no único jogo que TU fizeste de Mare Nostrum, levaste na tromba forte e feio, quando tentaste desembarcar em Cartago.

Quanto ao senhor Rui, se não quer jogar com a expansão que NUNCA EXPERIMENTOU e TODA A GENTE DIZ QUE MELHORA BASTANTE O JOGO (que já era muito bom), tem bom remédio: vai fazer companhia ao Hugo, quando ele fôr pintar as unhas dos pés, ou comprar tops para a Zara. :P

Bruno Valério disse...

AH afinal ainda ha esperança.

Tou a lêr este blog desde o início até aos posts mais recentes e folgo por saber que existem mais boardgamers em Oeiras.

Começava a pensar que seria o único :D

Ando a vêr se consigo desviar alguns dos meus amigos... mas a coisa anda complicada :D