07 janeiro 2010

Os grandes jogos da década: Caylus

Caylus é um jogo que acabou por cair no esquecimento. Teve uma entrada rompante no Top insuspeito do BGG em 2005 chegando mesmo ao 2º lugar e até se pensou que iria destronar Puerto Rico da posição cimeira. Conseguiu facilmente ganhar todos os prémios que havia para ganhar e foi bastante jogado e apreciado por todos os fãs de jogos de tabuleiro.
O jogo era e é bastante exigente a nível de concentração. É preciso ter tudo planeado ao milímetro para que não aconteça uma catástrofe nacional comparável apenas à deslocação duma pateta prova de acrobacias aéreas dum rio para outro.
O objectivo do jogo é construir um castelo. Mas para o fazer é preciso edificar também uma cidade. É através dessa cidade que se vão arranjar pousadas para os trabalhadores, carpintarias para os carpinteiros, bancos para o Armando Vara, mercados para os mercadores, igrejas para os fieis, etc. Estes edifícios dão pontos e para além disso são necessários para a obtenção de matérias-primas imprescindíveis a novas construções. Como está bom de ver, ou não fosse Caylus um dos jogos da época, tudo está impecavelmente alinhado e desenhado.
No entanto o seu maior defeito é acabar literalmente com os miolos dum tipo. Tem de se calcular tudo. Quais as matérias-primas necessárias, quando é que vão estar disponíveis e em que quantidade. Qualquer falha é a morte do artista. Tudo não passa de gestão de matérias-primas (cubos de muitas cores) mas as contas são muitas e no meio de tanto cálculo por vezes esquece-se dum cubo colorido e pronto, já não se pode construir o que se pretendia.
O que mais impressionou na altura foi a forma cuidada como tudo estava ligado. Além disso Caylus trazia a frescura da escolha das acções e a forma como essa escolha tornava a mesma acção indisponível para os outros jogadores. Tudo isto servido com uma grande dose de complexidade que levava os jogadores a pensar no jogo, em estratégias e a maravilharem-se com um mundo novo que se abria e nem sequer era necessário óculos de 3D para o ver na perfeição.
Caylus entretanto passou a não ser jogado, não que tenha perdido o seu valor, mas porque foram postos no mercado produtos similares que trouxeram consigo um design mais apelativo tornando esses sucedâneos mais aprazíveis ao público em geral e não tão violentos para os miolos. Daí se compreender o sucesso de Agrícola, Le Havre ou Stone Age. Mas Caylus é e continuará a ser o pai deles todos.

6 comentários:

Duarte disse...

Caylus é o que se pode chamar uma Grande Malha! Juntamente com o Keythedral do Breese são os pais desta nova vaga de jogos como os que referes (Agricola, Le Havre).

E na minha opinião vai à mesa com qualquer número de jogadores :)

Cacá disse...

Engraçado, eu joguei o Caylus duas vezes, mas não me saltou aos olhos, o que acabou acontecendo com seus "filhotes"...

Coisas do board-game... =D

zorg disse...

O Caylus é um jogo excepcional!
O único problema que tem é o de demorar muito, se se jogar com muitos jogadores. Mas com 2 e 3 jogadores, é um jogo fora de série.

Acho que é um bocadinho exagerado dizer que caiu no esquecimento: ainda é o número 10 do BGG e há muito boa gente a jogá-lo regularmente. Lá em casa, está na calha para voltar à mesa, juntamente com o Puerto Rico.

Hugo Carvalho disse...

Só disse que deixou de ser jogado porque não o vejo logado pelos habituais frequentadores dos foruns. A par disso não oiço a palavra Caylus há uns 2 anos:)
Para ser sincero nem sequer sei como me lembrei dele para este post.
Mas o que interessa é que é um belo jogo.

zorg disse...

A gente jogou-o durante o ano que acabou agora... e mais do que uma vez. E, com tantas opções que temos, isso já não é dizer pouco. :)

Em termos de BGG, acho que perdeu um bocado de gás, após aquela entrada de rompante. Curiosamente, o facto do Uwe Rosenberg ter assumido a influência do Caylus no Agricola e no Le Havre, fez com que o jogo recuperasse um bocado de elan.

Bel Boucher disse...

Amo Caylus.
Caylus é para mim o que chamamos de divisor de águas. Sabe, às vezes, um casse tête é bom e muito divertido, em especial se jogado ente bons amigos.
Infelizmente, ele ficou no Brasil. Até tentamos o Caylus Magna Carta, mas não funcionou.

Tentamos também o Le Havre, mas, sinceramente, não morri de amores. Até porque ele me deu um gostinho amargo de Puerto Rico.

Tenho que tentar os outros citados aqui, como o Agricola e o Keythedral. Veremos.