19 outubro 2006

A bomba de Essen?

Aproveitando o último post do Zorg e tendo sempre presente a máxima deste blog, “para os leitores tudo”, dediquei-me à compreensão e leitura das regras do jogo Imperial, título muito esperado por todos aqueles que por aqui andam.
A espera parece-me bastante compreensível e depois de ler as regras as minhas esperanças também são muitas.
Mas afinal o que se pode dizer sobre este Imperial?
Infelizmente tudo o que posso escrever sobre ele baseia-se apenas nas regras e não numa experiência em tabuleiro, o que faz ,como se pode imaginar, toda a diferença.
Uma das coisas que posso afirmar sem receio de falhar, é que todo o ambiente que se espera do jogo está lá todo. Não só porque o mapa é uma maravilha como também todas as particularidades que o autor introduziu no jogo fazem com que os jogadores tenham a sensação de estar em pleno século XIX e que os seus corpos evidenciam uma grande pança e também uma bigodaça capaz de fazer inveja ao Dali.
Por outro lado é usado o mecanismo da roda. Ou seja uma roda dividida em 7 campos mostra as 7 acções que um jogador pode fazer no seu turno. O que acontece é que o marcador do jogador só pode movimentar-se 3 campos de cada vez. Ou seja o jogador só poderá fazer uma de 3 acções, ficando 4 acções inacessíveis. Claro que o jogador pode fazer qualquer acção, mas se quiser uma acção inacessível vai ter de pagar por ela, enquanto se quiser fazer uma acção disponível não pagará nada. Essa mecânica, já usada em Antike é bastante interessante e faz o jogador pensar nas suas jogadas futuras com alguma atenção, para que as suas acções sejam sempre gratuitas.
Por outro lado, o jogador vai construindo fábricas (que rendem dinheiro, exércitos ou navios), vai movimentar exércitos (que podem servir para uma guerra ou para ocupar uma região com fábricas de outros jogadores eliminando a sua produção), aumentar o seu prestígio no governo das potências em jogo, celebrar acordos e tratados com outros jogadores (pactos de não agressão), construir frotas (que permitem o movimento dos exércitos pelo mar para qualquer região do mapa que tenha um porto), recolher impostos das regiões circundantes às grandes potências (depois de ocupar militarmente essas regiões), etc, etc.
Tudo está relacionado. Agora o que é verdadeiramente interessante é que o jogador não representa uma potência. Apenas investe dinheiro nessa potência, ou seja, o jogador que der mais dinheiro para títulos de investimento ganha a possibilidade de governar essa potência, usando para o efeito o exército a seu bel prazer e retirando os benefícios das fábricas, podendo também construir fábricas, etc. O que acontece é que outro jogador pode, a qualquer momento, comprar mais títulos de investimento e ficar ele com o controlo de tudo, renegando o anterior governante para o esquecimento, ou então, para o governo doutra potência. Parece-me que ao longo do jogo os jogadores vão governando os países à vez consoante os seus interesses.
Por isso o dinheiro é bastante importante, porque o dinheiro compra influência política.
Outra coisa gira é que existe o dinheiro do jogador e o tesouro da potência. Cada potência gera o seu próprio tesouro que é acumulado. Este dinheiro não pode ser usado pelo jogador que governar a potência, só irá para a mão deste em determinadas condições.
De referir ainda que os jogadores têm sempre interesses espalhados pelas potências. Normalmente o que poderá acontecer é que os jogadores tenham em cima da mesa titulos de investimento de todas as potências, mas quem controla os destinos dessa potência é o jogador com o título de investimento maior. Mas os jogadores com investimento menor podem a qualquer momento exigir dividendos dos seus investimentos. Se o tesouro da potência em questão tiver esse valor passa para a mão do jogador, senão terá de ser o governante a pagar essa quantia.
Parece confuso e na verdade é. Eu tive alguma dificuldade em perceber algumas mecânicas e as regras não são de todo explicitas em algumas circunstâncias, nomeadamente no que se refere à pontuação, aos investimentos, etc. Mas nada que não se resolva com paciência e uma ida ao BGG.
Agora, no geral, parece-me um jogo muito bem pensado e com mecanismos verdadeiramente interessantes. Por outro lado julgo que é um jogo bem pensado de mais e que se algum mecanismo falha vai tudo por água abaixo. Parece-me um jogo arriscado no sentido que ou é uma obra-prima ou então é uma porcaria. Todas as coisas do jogo estão de tal forma relacionadas que basta haver um desequilíbrio para que o título se espalhe ao comprido.
Infelizmente só quando se jogar é que se pode saber o que aconteceu. Uma coisa é certa, não existe sorte no jogo. Tudo é um xadrez, movimentam-se exércitos, constroem-se fábricas, investe-se dinheiro. As batalhas são decididas á razão do numero de exércitos. 2:1 quer dizer que morre um exército de cada lado e sobrevive um.Vamos ver o que vai acontecer. Esperemos que seja um estoiro e que nos delicie a todos quando sair para as lojas. Seja como for, se tudo correr pelo melhor, esperem um jogo cerebral com 1000 indecisões por minuto.
Como diria a avó do Zorg enquanto cuspia para o chão: "Nunca esperes demasiado dum jogo sem o factor sorte."

3 comentários:

soledade disse...

Este já está debaixo de olho.
A ideia do dinheiro pertencer à potência e não ao jogador é interessante. Ideia, aliás, já usada em outros jogos como o 1830, em que há o dinheiro do jogador e o dinheiro da companhia de comboios, que pode ser tomada por outro jogador.
Interessante.

Boa preview. Apesar do jogo não ter visto a mesa, entende-se razoavelmente a mecânica.

Abraço
Paulo

zorg disse...

Sim, se o Antike já tinha despertado bastante o interesse, este Imperial está definitivamente na minha watch list, também! O rondel é uma mecânica muito interessante e merece um killer game que a explore como deve ser.

Os meus receios prendem-se com a aparente falta de elementos aleatórios... esperemos para ver o que Essen nos tem a dizer sobre o assunto!

Costa disse...

Também li as regras e também eu fiquei com a mesma sensação de que este jogo, ou vai ser tudo ou vai ser nada.

Espero que seja tudo (até porque já o encomendei, LOol) e julgo que vai ser tudo ou pelo menos quase tudo. O jogo é uma melhoria em relação a ANTIKE, em vários aspectos, parece-me.

Seja como fôr, aguardo o jogo com ansiedade!